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Paciente perde testículo por falta de atendimento médico e será indenizado em R$ 38 mil

Homem procurou unidade de saúde com dor intensa, inchaço no testículo e vômitos

Imagem ilustrativa

Um paciente será indenizado pelo governo do Distrito Federal (DF) após perder um dos testículos por falta de atendimento médico em uma unidade de saúde da rede pública. O caso aconteceu há 2 anos e, na época, o homem tinha 24 anos e procurou o serviço de pronto atendimento hospitalar sentindo dor intensa, inchaço no testículo e vômitos. O governo do DF foi condenado a pagar R$ 38.550 mil em indenização.

A decisão é da 7ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) desta segunda-feira (18) que condenou o DF a indenizar o paciente por danos morais, materiais e estéticos. De acordo com o prontuário médico juntado ao processo, em 2021, o paciente procurou o Pronto Atendimento público, alegando dor intensa e inchaço no testículo e vômitos. Relata que recebeu da triagem classificação de risco “amarela”, mas não recebeu atendimento médico.

Na manhã seguinte, fez exames médicos em clínica particular onde foi diagnosticado com torção testicular tardia e recebeu classificação de risco “muito urgente”. Dois dias depois, passou por cirurgia de “orquiectomia”, o que provocou a perda do testículo direito.

Durante o processo, o governo do DF alegou que os profissionais desempenharam as atribuições de forma responsável e que “não houve erro da equipe médica.” Sobre as dores do paciente, o DF afirmou que elas teriam começado há dois meses e, portanto, “não teriam sido as 24h que se passaram para realização dos exames necessários para cirurgia que causou a perda do órgão.”

Na decisão, a desembargadora destacou que, conforme o Manual de Acolhimento e Classificação de Risco da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), a queixa de dor intensa em testículo, por indivíduos com menos de 25 anos de idade, amolda-se ao critério de urgência, com classificação de risco “laranja.” Além disso, de acordo com as informações prestadas pela perita judicial, em caso de torção testicular, o atraso do tratamento aumenta a probabilidade de perda do órgão e, em regra, há dano irreversível após oito horas de isquemia decorrente da torção.

Na decisão a Justiça ressaltou, ainda, que houve ofensa à integridade psicológica, uma vez que o homem é jovem e há possibilidade de prejuízo à fertilidade.

Jornalista graduada pelo Centro Universitário Newton Paiva em 2005. Atua como repórter de cidades na Rádio Itatiaia desde 2022