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Herpes-Zóster: médico explica por que doença é cada vez mais comum em jovens

Doença é acusada pelo mesmo vírus da catapora; estresse é a causa mais comum para a manifestação da Herpes-Zóster em jovens

A Herpes-Zóster é uma doença causada pelo vírus Varicela-Zóster

A Herpes-Zóster é uma doença causada pelo vírus Varicela-Zóster (VVZ), o mesmo que causa a Catapora. De acordo com o Ministério da Saúde, após uma pessoa contrair o vírus pela primeira vez, ele permanece “adormecido” pelo resto da vida no corpo. Mas, a queda da imunidade pode fazer com que ele seja reativado. Médicos alertam que cada vez mais jovens sofrem com a doença ativada pelo estresse do dia a dia.

De acordo com coordenador da Clínica de Infectologia da Rede Mater Dei de Saúde, Rodrigo Farnetano, o número de pessoas acometidas pela Herpes-Zóster aumentou drasticamente nos últimos anos. “Há 15 anos, eu atendia um caso a cada três ou seis meses. Hoje eu vejo quase um caso por semana”, disse o médico.

Stress é principal causa da doença em jovens

Apesar de o Herpes-Zóster se manifestar em pessoas com o sistema imune fragilizado, como em quem passa por um transplante de órgãos ou faz tratamento de câncer, o estresse é cada vez mais a causa da reativação do vírus, principalmente em pessoas mais jovens.

“A herpes-Zóster é mais comum em pessoas acima de 50 anos, mas estamos vendo cada vez mais pessoas jovens com a doença. O principal fator é o estresse, seja ele de ordem física - ou seja, quando o corpo passa por uma situação de sobrecarga muito forte, como em um treino, competição ou até um acidente - ou de ordem mental e emocional”, explica o infectologista.

Sintomas

Segundo o Ministério da Saúde, os principais sintomas da Herpes-Zóster são clínicos. Na maioria das vezes, eles antecedem às lesões cutâneas típicas da doença. São eles:

  • Dores nevrálgicas (nos nervos);

  • Parestesias (formigamento, agulhadas, adormecimento, pressão etc);

  • Ardor e coceira locais;

  • Febre;

  • Dor de cabeça;

  • Mal-estar.

A Herpes-Zóster ainda se apresenta no formato de lesões na pele do paciente. Normalmente há a formação de bolhas sobre a vermelhidão da pele. A erupção acontece unilateralmente e segue o trajeto de um nervo. As lesões surgem de modo gradual e levam de 2 a 4 dias para desaparecer. Caso não haja nenhuma infecção secundária, as bolhas secam e formam-se crostas. A cura completa acontece em até quatro semanas.

De acordo com o ministério, as lesões aparecem principalmente na região torácica, em 53% dos casos; cervical (20%); no rosto, no trajeto do nervo trigêmeo (15%); e na região lombossacra (11%).

Elas ainda podem surgir em lugares atípicos ou se disseminar pelo corpo. Isso acontece principalmente em pessoas que já fizeram transplantes e tomam imunossupressores.

A doença ainda pode evoluir e causar:

  • Paralisia facial periférica

  • Síndrome de Hawsay-Hurt - infecção por herpes-zóster no ouvido e pode provocar paralisia facial e perda de audição

  • Paralisia de Bell - fraqueza muscular de apenas um lado do rosto

  • Comprometimento ocular

Tratamento

Segundo Farnetano, a cura acontece de forma espontânea, independentemente de tratamento. Mas, o uso de antivirais pode acelerar a recuperação e reduzir os sintomas. “O uso de antivirais reduz a chance do paciente ter a principal, e mais temida, complicação: a neuralgia pós-herpética”, afirma.

O médico explica que a infecção por Herpes-Zóster acontece no nervo em que o vírus estava adormecido. Então, aparecem lesões avermelhadas em todo o trajeto do nervo acometido. Mas, apesar das feridas se curarem sozinhas, as dores podem durar anos. “A dor pode ficar por tantos anos que ela afeta a saúde emocional dos pacientes. A dor pode nem ser tão forte, mas é incômoda, o que causa irritação”, diz.

Prevenção

De acordo com o Ministério da Saúde, as principais formas de prevenção são:

  • Vacinação;

  • Lavar as mãos após tocar nas lesões;

  • Isolamento: crianças com varicela não complicada só devem retornar à escola após todas as lesões terem evoluído para crostas. Crianças imunodeprimidas ou que apresentam curso clínico prolongado só deverão retornar às atividades após o término da erupção vesicular;

  • Pacientes internados: isolamento de contato e respiratório até a fase de crosta;

  • Desinfecção: concorrente dos objetos contaminados com secreções nasofaríngeas;

  • Imunoprofilaxia em surtos de ambiente hospitalar.

Fernanda Rodrigues é repórter da Itatiaia. Graduada em Jornalismo e Relações Internacionais, cobre principalmente Brasil e Mundo.