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Justiça determina bloqueio de redes sociais de influenciadoras acusadas de racismo

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) registrou 690 denúncias contra as duas em razão dos conteúdos expondo os menores a situações vexatórias e degradantes

Um processo investigativo foi aberto pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância

A Justiça do Rio de Janeiro, por meio da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Comarca de São Gonçalo, determinou o bloqueio de contas nas redes sociais e a produção de conteúdos das influenciadoras Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves, acusadas de racismo após gravarem vídeos dando uma banana e macaco de pelúcia para duas crianças negras.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) registrou 690 denúncias contra as duas em razão dos conteúdos expondo os menores a situações vexatórias e degradantes.

“Posto isso, tendo como escopo o princípio da proteção integral a crianças e adolescentes, consagrado na Constituição da República, também constante da Lei 8069/90, ACOLHO o pleito liminarmente requerido para: 1) Determinar o bloqueio, pelo prazo de seis meses, dos perfis e conteúdos que seguem: YouTube: www.youtube.com/@kerollenenancy; Instagram: @kerollenenancy; e TikTok: @/kerollengabriele. 2) Determinar que as referidas redes sociais, bem como de se apresentar de qualquer forma em outros perfis, sob pena de multa diária de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). 3) Determinar ainda a remoção dos vídeos nos perfis informados que tenham conteúdo que violem os direitos infanto-juvenis. Oficie-se ao YouTube, Instagram e TikTok para cumprimento”, salientou em decisão a juíza Juliana Cardoso Monteiro.

A magistrada destacou que os vídeos tiveram grande alcance em função do número de seguidores que as influenciadoras somavam em todas as redes sociais, com cerca de 14 milhões de seguidores.

Um processo investigativo foi aberto pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) após a repercussão, e os vídeos foram analisados e que diligências estão em andamento para identificar todos os envolvidos e apurar os fatos.

Posicionamento das influenciadoras

Em comunicado à imprensa, as influenciadoras afirmaram estar consternadas com as alegações que foram feitas e repudiam veementemente qualquer forma de discriminação racial. Elas também alegaram que não tinham a intenção de fazer qualquer referência a temáticas raciais ou a discriminações de minorias.Confira a íntegra da nota:

“Em relação às acusações de racismo feitas contra as influenciadoras Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves, а assessoria jurídica, reconhece a seriedade e a importância de tratar o assunto com responsabilidade e diligência.

A assessoria jurídica ressalta que as influenciadoras, estão consternadas com as alegações que foram feitas e repudiam veementemente qualquer forma de discriminação racial.Reforçam ainda, o compromisso em promover a inclusão, diversidade e igualdade em suas plataformas.

Ressaltam que naquele contexto não havia intenção de fazer qualquer referência a temáticas raciais ou a discriminações de minorias. Nada disso estava em pauta.

Sendo assim, gostariam de se dirigir às pessoas que se sentiram diretamente atingidas, para dizer que não tiveram intenção de as ofender individualmente, nem como gênero, etnia, classe ou categoria a que elas pertençam.

É essencial analisar os fatos de forma justa e imparcial antes de tirar qualquer conclusão. As publicações em questão foram retiradas de contexto e interpretadas de maneira distorcida. As influenciadoras não tiveram a intenção de promover o racismo ou ofender qualquer indivíduo ou grupo étnico.

Importante considerar também a reputação e a trajetória profissional das influenciadoras. Elas têm sido defensoras ativas da igualdade racial e vem trabalhando para aumentar a conscientização sobre questões relacionadas à discriminação e inclusão. Ao longo de suas carreiras, Kérollen e Nancy têm colaborado com organizações que promovem a diversidade e se envolvido em projetos sociais voltados para a inclusão de minorias.

A dupla reforça que em uma sociedade democrática, todos têm o direito à liberdade de expressão. No entanto, esse direito não deve ser utilizado como um escudo para o discurso de ódio ou promover a discriminação. As influenciadoras, estão cientes dessa responsabilidade e se comprometem a aprender com esse episódio, aprofundar o aprendizado em questões raciais e a refletir sobre o impacto de suas afirmações.

Diante desses pontos, pedimos que a justiça seja feita e que todas as partes envolvidas tenham a oportunidade de apresentar seus argumentos de maneira igual. A dupla vai cooperar plenamente com qualquer investigação conduzida pelas autoridades competentes, fornecendo todas as informações necessárias para esclarecer os fatos e preservar o direito das pessoas que se sentiram atingidas.

Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves estão à disposição para dialogar com as partes afetadas, organizações de defesa dos direitos humanos e demais envolvidos.”

Formado em Jornalismo pelo UniBH, em 2022, foi repórter de cidades na Itatiaia e atualmente é editor dos canais de YouTube da empresa.