É comemorado, nesta quinta-feira (25), o Dia Nacional da Adoção no Brasil. Atualmente, em Minas Gerais, há 573 crianças aptas à adoção e 4.551 pretendentes habilitados para adotarem, conforme dados do Tribunal de Justiça do estado. Ainda assim, a fila de espera para receber uma criança pode durar cerca de seis anos.
Segundo o juiz José Honório de Rezende, responsável pela Vara Cível da Infância e Juventude de Belo Horizonte, a demora na fila para a adoção e o número superior de pretendes a crianças aptas à adoção se dá devido ao perfil procurado pelos futuros pais. Normalmente, as pessoas procuram adotar crianças de até três anos. Entretanto, grande parte das crianças aptas à adoção são mais velhas e, muitas vezes, possuem irmãos.
“Crianças de 0 a 3 anos leva uma média de 5 a 6 anos para que, uma vez habilitado, a adoção possa ser concretizada. Então, é um tempo longo de espera, e nesse tempo é muito importante que os habilitados os pretendentes sejam orientados acompanhados também pela sociedade civil, pelos grupos de apoio adoção, que fazem um trabalho muito importante nessa matéria”, explica o juiz.
Este foi o caso do casal Fabiana das Dores Silva Estevão, de 42 anos, e Washington Estevão Alves, de 44, que ficaram sete anos na fila esperando por um bebê, uma vez que desejavam uma criança de até três anos. No fim de 2022, eles finalmente receberam a ligação tão esperada da assistente social afirmando ter um menino com o perfil do casal.
Rafael chegou na casa de Fabiana e Washington quando ainda tinha apenas 15 dias, em julho de 2022, e com seis meses a família conseguiu a guarda definitiva. Apesar de o início do processo ter sido fácil, Fabiana relata que a espera de 7 anos por um bebê foi desafiadora.
“O início do processo foi fácil, a gente foi na Vara da Infância de Contagem e levamos documento falando que queríamos adotar. Lá tinha uma dinâmica, uma psicóloga e um advogado. A gente passou por essa dinâmica que era trazer um boneco de bebê para cuidar dele como se ele fosse o nosso bebê por uma semana. Passando por um atendimento de psicólogo e o advogado explicou termos de leis. Fizemos uma entrevista nós dois juntos, depois fez outra de nós dois separados, a assistente social veio aqui em casa, avaliou, colocou algumas recomendações e aí a gente já tava apto a adoção”, explicou.
A partir daí, restava a Fabiana e Washington esperar, e a espera durou sete anos. Fabiana define esse período como “complexo e difícil” e afirma que, apesar de ter um grupo de apoio, o casal precisa lidar com o momento sozinho.
“A maior dificuldade é esperar, tem que ter muita paciência e fé que vai dar certo, e a pessoa tem que querer realmente, porque o menino é para sempre. Não é fácil, mas é um amor que é maior do que tudo. Quando eu vejo ele sorrindo, ele rindo, ele falando mamãe, pronto já pagou tudo. Tem que saber que é difícil, dá muito trabalho, é cansativo, mas é muito amor”.
Chegada de Rafael
Em julho de 2022, o casal recebeu uma ligação do fórum e foi conhecer Rafael. A partir deste momento, Fabiana não desgrudou mais do menino e foi visitá-lo todos os dias durante uma semana. No fim deste período, foi concedida a guarda temporária do bebê ao casal.
“Assim que a gente conseguiu adotar, as próprias assistentes sociais do fórum já indicaram advogada e a advogada já deu entrada no papel para alteração do registro, pedindo a guarda definitiva. E tudo foi de graça, a gente não pagou nem um real e fomos muito bem tratados. Seis meses depois, em janeiro, saiu a guarda definitiva do Rafael”, relata a mãe.
Fabiana conta, ainda, que os três primeiros meses foram de adaptação. Durante os sete anos de espera a vida do casal mudou muito e a chegada do Rafael foi uma surpresa, então eles precisaram dar início a uma reforma na casa. Nesta época, uma assistente social visitava frequentemente a casa da família para verificar se tudo estava dando certo e prestar apoio.
“O Rafael chegou do nada e aí nós ficamos doidos, e a vida mudou. Os três primeiros meses foram os mais difíceis, mas já está melhor. Ele já está mais um pouco independente com 11 meses e o processo está ficando mais fácil. Nos primeiros meses, a assistente social vinha aqui ver ele, mas depois que a gente teve a guarda definitiva, nunca mais ninguém veio ninguém”.
À Itatiaia, o casal conta ainda uma coincidência que tocou seus corações: há sete anos, enquanto participava da dinâmica com um boneco, Washington decidiu nomeá-lo de Rafael, por brincadeira. Anos depois, conheceram o filho, que já tinha sido nomeado pelo juiz como Rafael.