Duas delegadas que atuaram em casos envolvendo Thiago Brennand, preso na semana passada por crimes sexuais no Brasil, são investigadas por suspeita de terem favorecido o empresário. As informações foram reveladas pelo O Globo nesta quinta-feira (27).
As unidades policiais são alvo de processos administrativos na Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo e uma delas responde também a uma ação que tramita em segredo no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).
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Segundo a reportagem, uma delegadade Porto Feliz (SP) atuou nas investigações a respeito de uma mulher que denunciou ter sido mantida em cárcere privado na casa do empresário em agosto de 2021.
O inquérito foi concluído em junho do ano passado, quando a delegada recomendou o arquivamento do caso e a instaurou uma nova investigação contra a mulher por crime de denunciação caluniosa.
A delegada considerou que a mulher que acusou Brennand “tem conduta recorrente no sentido de acusar seus namorados e affairs de toda sorte de impropérios, sobretudo de crimes sexuais”.
Já o empresário, era um “indivíduo sem antecedentes” e que, apesar de manter “vasta coleção de armas de fogo de toda sorte de calibres”, jamais “respondeu a um só processo na vida contendo uso de arma de fogo”.
Em dezembro do ano, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) moveu ação contra a delegada passado para ser investigada possível crime de corrupção durante a condução do caso Brennand. O processo corre em sigilo.
Em Campo Belo
A outra delegada suspeita de favorecer o empresário é do 27° Distrito Policial (DP) do Campo Belo. Ela foi responsável por dois inquéritos em que Thiago Brennand aparece como suposta vítima.
“No primeiro, registrado pelo empresário em 4 de maio do ano passado, Brennand disse ser alvo de difamação por parte de uma prostituta e de um ex-amigo que teriam se aliado para espalhar informações falsas a seu respeito — dentre elas, a de que ele teria estuprado a mulher que o denunciou em Pernambuco”, informou a reportagem.
A promotora que atuou no caso recomendou o arquivamento do inquérito, considerando que Brennand apresentou uma “situação totalmente forçada” e que tentou, com as mensagens, “demonstrar eventual extorsão, sem, contudo, ter êxito”.
Entretanto, em 14 de junho, a delegada enviou à Justiça uma representação pelo desarquivamento do inquérito. Disse que tinha “indícios suficientes a sustentar um inquérito policial para investigar crimes contra a honra de Thiago, ao serem violadas tanto a honra objetiva quanto a subjetiva”.
Em nota, a Polícia Civil de São Paulo informou ao Globo confirmou a existência dos processos administrativos contra as delegadas e declarou que os procedimentos tramitam sob sigilo na corregedoria do órgão. A Polícia Civil de Pernambuco informou que não foi notificada oficialmente sobre a necessidade de instaurar inquérito contra a atriz que denunciou Brennand.
Linha do tempo
4 de setembro de 2022: Brennand é denunciado pelo Ministério Público de São Paulo. Horas antes, ele viaja para Dubai;
14 de outubro de 2022: Brennand, considerado foragido internacional, é
preso em Abu Dhabi ;15 de outubro de 2022: Brennand pega fiança e é solto após passar 14 horas detido. Ele aguarda julgamento do processo de extradição em liberdade;
19 de outubro de 2022: Thiago Brennand é denunciado pelo Ministério Público por
agressão a garçom ;8 de novembro de 2022:
Justiça de São Paulo envia ao Ministério da Justiça a documentação necessária para que o empresário Thiago Brennand seja extraditado ao Brasil;7 de março de 2023:
Justiça emite quarto pedido de prisão para Thiago Brennand, suspeito de estuprar Stefanie Cohen, miss e estudante de Medicina, em 2021;16 de abril de 2023: Secretaria Nacional de Justiça
confirma a concessão , pelos Emirados Árabes, da extradição do empresário, apósLula viajar aos Emirados Árabes e declarar que Thiago Brennand será extraditado;17 de abril de 2023:
Thiago Brennand é preso em Abu Dhabi; 26 de abril de 2023: Autoridades brasileiras se organizam para extradição do empresário nas próximas horas.
(com informações de Mariana Cavalcanti)
