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Infância, drogas e mania de perseguição: saiba quem é o autor do massacre em creche de Blumenau

Assassino de Blumenau não demonstrou arrependimento e alegou à polícia que repetiria o massacre na creche se necessário fosse

Um histórico de internações e surtos psicóticos precedeu o ataque à creche Cantinho Bom Pastor em Blumenau, em Santa Catarina, no último 5 de abril. Nesta tarde de segunda-feira (17), as forças de segurança catarinenses detalharam a história do homem de 25 anos indiciado por matar quatro crianças com idades entre 4 e 7 anos e pelas tentativas de homicídio de outras cinco pessoas na ocasião. Dependente químico de cocaína, o assassino não demonstrou arrependimento durante os depoimentos prestados e alegou à polícia que até repetiria o massacre na creche. Ele ainda classificou o crime como “um ato de coragem”.

Durante a investigação, a mãe do suspeito prestou depoimento à polícia e declarou que o filho sempre foi um rapaz calmo e tranquilo, personalidade que mudou após o início do uso de cocaína. Segundo o delegado Ronnie Esteves, a mãe relatou uma sucessão de episódios de surtos do filho – e que culminaram em internações. Ele chegou a golpear o padrasto com um canivete e por pouco não o matou. “Em uma das situações, ele correu até o quarto da mãe alucinado e disse que estava sendo perseguido. Em outra, ele disse para a mãe que o padrasto invadiu o quarto dele e implantou um chip em seu olho para monitorá-lo”, detalhou o delegado.

À polícia, dois amigos do suspeito relataram que o rapaz declarava com frequência que sofria perseguição de um militar e do próprio padrasto – que, àquela altura, já tinha se separado da mãe do criminoso. “Duas semanas antes do ataque à creche, ele se encontrou com um desses amigos e disse que faria ‘algo grande’, mas, não disse o quê. Como ele repetia muitas coisas, o amigo não se importou”, cita o delegado.

Homem atacou crianças em creche de Blumenau porque ‘era mais fácil’

Na manhã de 5 de abril, o suspeito acordou e seguiu em direção a uma rua de Blumenau onde estão duas escolas. Em uma motocicleta, ele passeou pela rua, mas, logo saiu de lá e seguiu para uma academia de musculação, onde realizou exercícios físicos por 21 minutos. Logo depois, ele montou outra vez na motocicleta e seguiu para a creche Cantinho Bom Pastor.

À polícia, ele disse ter desistido de atacar as duas escolas inicialmente visitadas porque os muros eram altos.

Ainda sobre o ataque, o autor do massacre disse que escolheu matar crianças porque ‘era mais fácil’. “Eu questionei o porquê dele ter escolhido crianças. Ele disse que as crianças eram mais fáceis porque elas correm devagar e ele teria condições, se acontecesse, de alcançá-las”, detalha o delegado.

Criança morta achou que ataque era brincadeira

Ainda em depoimento colhido sete dias após o crime – o segundo prestado pelo suspeito na série de oitivas, o homem relatou que uma das crianças mortas achou que o massacre era uma brincadeira. “Ele (criminosos) narra, inclusive, uma situação em que uma das crianças corre dele e ri para ele achando que era uma brincadeira. Aí ele acaba atingindo essa criança facilmente”, pontua. “Ele não tem condições de viver em sociedade. Nenhuma punição será suficiente para reparar o que ele fez”.

Autor de massacre não se arrepende

Transcorrida uma semana após o ataque, o suspeito confirmou à polícia que não se arrepende e cravou que o ataque foi “um ato de coragem”. “Na cabeça dele foi um ato de coragem. Ele disse que o que ele fez, poucas pessoas fariam. Ele, muito frio, disse que não se arrependia e que faria de novo”, conclui o delegado Ronnie Esteves.

Repórter de política em Brasília. Na Itatiaia desde 2021, foi chefe de reportagem do portal e produziu série especial sobre alimentação escolar financiada pela Jeduca. Antes, repórter de Cidades em O Tempo. Formada em jornalismo pela Universidade Federal de Minas Gerais.
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