O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral recuou de acusações que fez em delação premiada contra o ministro José Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo entrevista publicada neste domingo (5) por Guilherme Amado no portal Metrópoles. Em vídeo, Cabral pede desculpas a Toffoli e diz que distorceu seu depoimento sobre o ministro, “imbuído” por policiais federais.
Cabral relatara o pagamento de R$ 4 milhões ao escritório da advogada Roberta Rangel, casada com Toffoli, por favores em decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Eu quero pedir desculpas ao ministro Toffoli. Quero pedir desculpas. Eu fiquei com raiva do Judiciário, eu achei que o mundo inteiro conspirava contra mim, e distorci uma história”, diz ao Metrópoles.
Questionado se tinha inventado, Cabral negou, acrescentando que a história “foi completamente distorcida”. Segundo ele, não houve pagamento de R$ 4 milhões, mas o julgamento existiu e foi tratado no TSE como qualquer outro. “Foi tudo distorcido por mim, imbuído por um grupo da Polícia Federal. Eu peço desculpas”, declara.
A reportagem traz, ainda, um pedido de desculpas a Bruno Dantas, atual presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), e Vital do Rêgo, vice-presidente do TCU, após ter delatado um suposto esquema de recebimento de mesadas de R$ 100 mil. "É mentira isso”, diz o ex-governador. Ele informa que o relato foi distorcido por indução de agentes da Polícia Federal envolvidos no acordo de colaboração dele.
Segundo Cabral, a força tarefa da Lava-Jato no Rio de Janeiro desejava que ele falasse do TCU. “Isso era um desejo do Ministério Público Federal desde o início”, completa. Durante a entrevista, ele acrescenta que foi vítima de “chantagem” dos agentes públicos na delação.
Cabral foi o último político preso pela Operação Lava Jato a deixar o regime fechado, após decisão da Justiça Federal revogar a última ordem de prisão domiciliar contra ele, em 9 de fevereiro. A decisão foi tomada pela 1ª Seção Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), no Rio de Janeiro, na ação penal da Operação Calicute. Ele é acusado de desviar recursos federais em obras públicas.