O governo brasileiro vai repatriar 17 cidadãos brasileiros e seus familiares que foram afetados pelo terremoto que ocorreu na Turquia no último dia 6. Os repatriados chegaram nesse sábado (11) à Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, informou o Ministério das Relações Exteriores.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, as vítimas brasileiras dos sismos procuraram auxílio junto à embaixada do Brasil em Ancara. O retorno ao País aconteceu em aeronave da Força Aérea Brasileira, a mesma que levou missão humanitária do governo federal à Turquia na última quinta-feira (9).
Neste domingo (12), os repatriados desembarcaram na capital fluminense e seguirão para as cidades desejadas com passagens compradas pelo Itamaraty.
Aminah Nahan, que vivia há quase quatro anos em Gaziantep, é uma das brasileiras que voltou da Turquia. “A minha vontade, meu coração, era de ficar para fazer trabalhos humanitários e ajudar também. Mas não me sinto bem. Eu não tenho para onde ir. É uma situação delicada”, disse à CNN.
Ela contou à reportagem que, na madrugada do terremoto, foi acordada pela gata, que estava agitada e não parava de miar.
“Eu falei ‘tá bom, eu vou acordar’ e fui olhar meu relógio. Eu falei: ‘tá na hora da oração’. Quando eu fui me levantar, já estava o prédio em um tremor horrível. Primeiro ele balançou de um lado para outro. Eu tentei me levantar e não consegui. Depois começou um tremor mesmo de terra e um som muito alto”, lembrou. Ela seguiu para uma praça até que os tremores cessaram.
“Agora estou voltando para o Brasil. Vamos ficar e ver o que nos aguarda. Mas Deus nos livrou disso. Esse horário da oração junto com a minha gata e o livramento de Deus”, falou à CNN.
“Seis dias que eu não durmo. E os tremores. Eu estou sentindo algo dentro de mim como se eu estivesse no momento do tremor. Estou sentindo tonturas, não sei se por ansiedade, mas é terrível, é muito forte”, completou.
Mihdat Giçi, turco e casado com uma brasileira, também desembarcou no Brasil e disse que demorou para entender a dimensão da gravidade do que tinha ocorrido.
“No segundo dia eu entendi que eram muitos. Fui ao cemitério e estava pensando que uma pessoa morreu, duas pessoas. A gente enterrou uma. A gente faz uma rezazinha em cima do morto. Eu falei ‘Allahu Akbar’ [Deus é grande] e comecei a rezar de novo. Quando eu vi já eram sete. Sete pessoas naquele dia! Não tinha ambulância, não tinha carro de funerária”, contou.
O terremoto de magnitude 7,8 deixou mais de 28.000 mortos, milhares de feridos e milhões de desabrigados.