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Pessoas que moram sozinhas em Belo Horizonte aumentaram 66% em 9 anos

Em Minas Gerais esse aumento chegou a 42%, conforme dados do IBGE

Pessoas que moram sozinhas em Belo Horizonte aumentaram 66% em 9 anos

O número de lares com apenas um morador aumentou nos últimos 9 anos, conforme relatório divulgado nesta sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Belo Horizonte, esse aumento representa 66% o que, em números, significa que em 2012, 106 mil pessoas moravam sozinhas e em 2021 esse número deu um salto e passou para 176 mil pessoas.

Os dados também separam o número de homens e mulheres que moram sozinhos na capital. Em 2012 eram 48 mil homens solitários e em 2021 esse número praticamente dobrou passando para 88 mil. Com as mulheres não foi diferente e em 2012 eram 58 mil, passando para 88 mil.

Quando a pesquisa é ampliada para Minas Gerais, o aumento foi menor do que o registrado na capital mineira e representa 42%, ou seja, em 9 anos o Estado tinha 855 mil de lares unipessoais - onde só mora uma pessoa - passando para 1.220 milhão em 2021. Quando separa homens e mulheres o resultado é crescente, passando de 478 mil homens morando sozinhos em 2012 para 688 mil em 2021; com as mulheres a situação é similar passando de 377 mil em 2012 para 532 mil em 2021.

Segundo o IBGE, a tendência de longo prazo de crescimento nos domicílios chamados “unipessoais” pode estar relacionada ao envelhecimento da população, movimento demográfico estrutural verificado nas ultimas décadas no País. Tanto que Rio e Rio Grande do Sul, Estados que detêm a maior proporção de pessoas com 60 anos ou mais, são também aqueles com maior proporção de lares com apenas uma pessoa, acima da média nacional - 18,4% do total de domicílios fluminenses e 18,3% entre os gaúchos.

Nacional

Embora tenha se mantido estável nos últimos anos, incluindo o período da pandemia, o número de lares com apenas um morador cresceu em uma década. Na comparação de 2021 com 2012, o crescimento foi de 43,7%, com 3,281 milhões de domicílios a mais.

Em 2012, haviam no Brasil 7,5 milhões domicílios com um único morador. Em 2021, esse número subiu 43,7%, chegando a quase 10,8 milhões. O dado aparece na nova Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada hoje (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O levantamento também registra o aumento proporcional de residências no país onde vivem apenas uma pessoa. Em 2012, elas eram 12,2% do total de domicílios no país. Nove anos depois, passaram a representar 14,9%.

A Pnad Contínua reúne informações relacionadas a características gerais dos domicílios e moradores de todas as regiões do Brasil. A nova edição traz os resultados referentes ao ano de 2021, permitindo a comparação com anos anteriores. Há dados referentes à composição da população residente no país em termos de sexo, idade e raça. Eles possibilitam análises a partir de enquadramentos sociais e demográficos.

A maioria das pessoas que moram sozinhas são homens. Na média nacional, eles representam 56,6% desses residentes. No recorte regional, eles ultrapassam os 60% no Norte e no Nordeste. De outro lado, 43,4% dos residentes no país são do sexo feminino: no Sudeste e no Sul esse percentual está acima dos 45%.

“Quase 60% das mulheres que moram sozinhas tem 60 anos ou mais. Enquanto entre os homens, isso está mais bem distribuído. Mas o envelhecimento populacional pode contribuir com o aumento desses domicílios unipessoais”, observa o analista do IBGE, Gustavo Fontes. Ele acrescenta que os dados também podem refletir outras questões culturais e a evolução da urbanização.

Segundo a Pnad Contínua, a forma mais frequente de arranjo domiciliar envolve um núcleo formado por casal com ou sem filhos ou enteados. Essa é a realidade de 68,2% das residências do país. Unidades onde moram juntos dois ou mais parentes representam 15,9% do total.

Os números populacionais foram estimados de forma amostral. Com a realização do censo demográfico neste ano, que oferecerá uma base de dados mais precisa e incorporará efeitos da pandemia de covid-19, os resultados da Pnad Contínua poderão passar por ajustes. O IBGE, porém, avalia que possivelmente não haverá grandes diferenças levando em conta o universo populacional do país.

Sexo

Na estimativa do IBGE, foram contabilizados 212,7 milhões de residentes em 2021, sendo 108,7 milhões de mulheres (51,1%) e 103,9 milhões de homens (48,9%). A pesquisa aponta que não houve alteração relevante dessas participações desde 2012. A relação de 95,62 homens para cada 100 mulheres no Brasil representa um valor próximo aos 95,99 apurados há nove anos.

No recorte etário, o levantamento mostra que a população masculina possui um padrão mais jovem. Nas faixas de 0 a 4 anos e de 5 a 9 anos, há respectivamente 104,8 e 104,7 homens para cada 100 mulheres. Segundo o IBGE, essa razão se inverte com o aumento da idade uma vez que a mortalidade dos homens é maior em todas os grupos etários.

Entre os idosos, a diferença se torna significativa. “A razão de sexo calculada para a população com 60 anos ou mais de idade indicou que existem aproximadamente 78,8 homens para cada 100 mulheres”, aponta a pesquisa.

Gustavo Fontes observa que a região Norte é a única onde há um maior número de homens do que de mulheres. “Entre os fatores que podem contribuir para as diferenças regionais, estão os fluxos migratórios, a mortalidade de cada sexo e a estrutura etária. No Norte, por exemplo, a estrutura produtiva e o tipo de imigrante que a região atrai podem influenciar”, analisa.

Raça

O recorte de raça aponta um avanço no número de residentes que se declaram pretos ou pardos. Eles saltaram respectivamente de 7,4% e 45,6% em 2012 para 9,1% e 47% em 2021. Em consequência, a participação da população declarada de cor branca caiu em todas regiões ao longo desses nove anos.

O Nordeste registrou, entre 2012 e 2021, a mais relevante expansão de participação das pessoas declaradas pretas, com um aumento de 2,7 pontos percentuais. Já a região Sul responde pelo maior aumento proporcional dos residentes declarados de cor parda: a alta foi de 3,2 pontos percentuais.

“De acordo com outros estudos do IBGE, as mulheres pretas e pardas têm em média mais filhos que as mulheres brancas. O próximo censo demográfico será muito importante para observar melhor essa questão. Mas possivelmente essa diferença na taxa de fecundidade também não explica tudo. A maior conscientização da questão racial possivelmente também é um fator. A pesquisa não traz uma resposta específica para esse dado. O que podemos é levantar fatores que podem explicar”, avalia Gustavo Fontes.

Com informações da Agência Brasil.

Jornalista graduada pelo Centro Universitário Newton Paiva em 2005. Atua como repórter de cidades na Rádio Itatiaia desde 2022