O crescimento das forrageiras — plantas cultivadas ou naturais utilizadas para alimentar animais — anuais de inverno e a realização das adubações nitrogenadas de cobertura no Rio Grande do Sul foram retomados, após os dias ensolarados e o tempo seco.
Segundo o Informativo Conjuntural divulgado pela Emater/RS-Ascar nesta quinta-feira (10), o pastejo foi liberado apenas em parte das áreas cultivadas, devido à umidade do solo, sendo necessária a suplementação alimentar dos rebanhos. Houve uma redução da produção e qualidade nos campos nativos, em quase todas as regiões do Estado.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a qualidade das pastagens está satisfatória, mas o excesso de umidade e as geadas comprometeram o crescimento das forrageiras, especialmente de aveia e azevém. O campo nativo também foi afetado e houve redução significativa na oferta e na qualidade do alimento disponível aos rebanhos. Na região de Erechim, as áreas com forragens nativas e de verão cultivadas que ainda permaneciam verdes foram afetadas pela chegada da massa de ar frio e pelas geadas, que reduziram a oferta de massa verde para pastoreios. Nos pastos sobressemeados, a condição de pastejo está adequada.
Na região de Passo Fundo, em função da redução da umidade do solo, os pastoreios foram retomados nas áreas com maior oferta de forragem. As áreas de trigo de duplo propósito, cevada e triticale destinadas à alimentação animal se encontram em fase de germinação e crescimento inicial. No campo nativo, a queda das temperaturas e as geadas comprometeram a qualidade e a oferta de forragem. Já na região de Santa Rosa, em razão do tempo mais seco, as pastagens se recuperaram e estão em condições de pastejo. Contudo, o atraso no plantio e na germinação em diversas localidades tem reduzido a disponibilidade de forragem.
Bovinocultura
Apesar do pastejo ter sido liberado, as forragens não atingiram seu potencial produtivo, e a suplementação ainda é necessária para minimizar perdas. O tempo seco permitiu a realização de cuidados essenciais e ações sanitárias, como desvermifugação e vacinação contra clostridioses. As
Já para a pecuária de leite, o clima mais seco favoreceu o conforto animal, o manejo nas áreas de alimentação e de ordenha e a melhoria das condições de piso em diversas regiões. No entanto, a escassez de forragem ainda compromete o desempenho dos rebanhos em sistemas mais extensivos. Em relação ao manejo sanitário, os produtores seguiram com a realização de vacinações contra clostridioses e brucelose, mas ainda foram registrados casos pontuais de mastite, favorecidos por umidade remanescente, barro e queda de imunidade.
Safra de Grãos
O predomínio de tempo seco e a melhoria das condições de solo possibilitaram grande avanço no plantio do trigo, que chegou a 82% da área prevista para esta safra. As lavouras estão em desenvolvimento vegetativo e as áreas afetadas por estresse hídrico apresentam sinais de recuperação. As temperaturas negativas e as geadas impactaram as lavouras localizadas em partes mais baixas do terreno, onde havia maior teor de umidade. Em razão do tempo mais seco, há probabilidade de a finalização da semeadura ocorrer dentro do período estabelecido pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). A previsão de área cultivada no Estado, conforme a Emater/RS-Ascar, é de 1.198.276 hectares. A estimativa inicial de produtividade é de 2.997 kg/ha.
Já a semeadura da aveia-branca avançou após a sequência de dias ensolarados e a gradual redução do excesso de umidade no solo. Estima-se que 92% da área prevista tenha sido implantada. As lavouras encontram-se em fase vegetativa (88%), seguidas por floração (9%) e em enchimento de grãos (3%), estas últimas concentradas na Região Noroeste do Estado. As geadas intensas provocaram danos foliares pontuais, bem como lesões mais severas em estruturas reprodutivas, o que deve impactar de forma negativa o potencial produtivo das áreas mais adiantadas. O plantio projetado é de 401.273 hectares e a estimativa de produtividade está em 2.254 kg/ha.
Para a canola, estima-se que 98% da área prevista para o cultivo tenha sido semeada. As condições climáticas foram favoráveis ao desenvolvimento da cultura. No entanto, cerca de 15% das lavouras encontram-se em fase de floração e podem ter sido impactadas pelas geadas recentes. Os danos ainda não foram plenamente quantificados, sendo necessário o monitoramento contínuo. São projetados o cultivo de 203.206 hectares e produtividade de 1.737 kg/ha.
A semeadura da cevada está em finalização. O período de estabilidade climática permitiu a operação em regiões em atraso. No Extremo Norte do Estado, os trabalhos foram finalizados. As lavouras apresentam estande e desenvolvimento adequados, mantendo o potencial produtivo inicial. Para a Safra 2025, a Emater/RS-Ascar projeta 27.337 hectares cultivados e produtividade de 3.198 kg/ha.