O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta terça-feira (3) que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro avançou 1,4% no segundo trimestre em comparação com o primeiro. Na comparação com o segundo trimestre de 2023, a expansão foi de 3,3%.
No entanto, o agro teve queda de 2,3% no segundo trimestre, na comparação com o primeiro. A coordenadora de Contas Nacionais do instituto, Rebeca Palis, disse que a tragédia climática do Rio Grande do Sul teve um impacto importante nesse recuo, mas disse que “de qualquer forma, 2024 já não vinha sendo um bom ano para o setor”, em função de outras adversidades climáticas no país, como a estiagem prolongada.
A alta de 1,4% no segundo trimestre é a maior da série com ajuste sazonal, desde o quarto trimestre de 2020, quando o crescimento foi de 3,7%, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE. O grande aumento foi explicado - na ocasião - por ter tido três quedas intensas no primeiro e segundo trimestres, em pandemia da Covid19. De 2021 até agora, a maior alta para um trimestre havia sido de 1,2%, no segundo trimestre de 2022.
O novo resultado ficou acima da média das projeções do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg esperavam taxa de 0,9%.
O PIB atingiu o maior nível da série histórica do IBGE, iniciada em 1996. “O crescimento do segundo trimestre está totalmente concentrado na demanda interna, especialmente em consumo e investimentos”, disse Rebeca.
O relatório do IBGE informa ainda que tanto o consumo das famílias quanto o do governo cresceram 1,3% ante o primeiro trimestre.
No caso do segundo componente, Palis lembrou que a proximidade das eleições municipais costuma impulsionar gastos públicos.
Recuo do agro já era esperado devido às dificuldades climáticas
Enquanto o PIB nacional subiu, o do setor agropecuário teve queda de 2,3% no segundo trimestre, na comparação com o primeiro trimestre. Já havia uma expectativa de recuo, entre os especialistas, em função da tragédia do Rio Grande do Sul.
Em comparação ao segundo trimestre de 2023, o PIB agro caiu 2,9%. Ao comentar o desempenho da agropecuária, a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, falou sobre o fim do protagonismo do setor para o resultado do PIB no segundo trimestre do ano.
“Com o fim do protagonismo da agropecuária, a indústria se destacou nesse trimestre, em especial na eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e na construção”, afirmou Palis.
Plantações de soja e milho foram as mais afetadas
O Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE apontou que as condições climáticas adversas ocasionaram um recuo na produção esperada de soja e milho, apesar do bom desempenho da pecuária e de outras culturas importantes, como o café e o algodão.
De acordo com Rebeca, os problemas climáticos no Rio Grande do Sul, de fato, ajudaram a derrubar o desenvolvimento da agropecuária no segundo trimestre de 2024. No entanto, segundo ela,, a atividade já não enfrentava um bom ano. Um exemplo, segundo ela, foi a soja, cuja produção já sinalizava recuos em estimativas de produção no início do ano. “Houve um “aumento da queda” [recuo mais forte] de produção”, lembrou.
Crescimento da Indústria, serviços e consumo das famílias
Houve crescimento nos setores de indústria, serviços e investimentos e dos consumos das famílias e do governo. A indústria cresceu 1,8% no segundo trimestre deste ano, em comparação com o primeiro trimestre. Frente ao segundo trimestre de 2023, a indústria avançou 3,9%.