Com a proximidade do anúncio do Plano Safra 2022/2023 - que deve acontecer no Palácio do Planalto na próxima quarta-feira (29) - cresce a expectativa do setor. O diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi, disse que – diante do cenário de inflação galopante, alta dos custos dos insumos e fertilizantes e perdas na safra passada - os produtores rurais esperam um maior volume de recursos com taxas de juros mais acessíveis.
Para quem não sabe, o Plano Safra é a mais importante política pública voltada para os produtores rurais. Trata-se de um programa de financiamento rural, com equalização de juros (*), que contempla especialmente os pequenos e médios profissionais do campo, fomentando investimentos em tecnologias sustentáveis, que promovam as boas práticas de produção, como a reforma de pastagens, o plantio direto e a integração lavoura-pecuária-floresta ou ainda amenizando gargalos como a questão dos armazéns para estoque de grãos. “O Brasil, hoje, produz muito mais grãos do que sua capacidade de armazenar,” explicou Lucchi.
A CNA entregou ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) um documento com uma série de reivindicações relacionadas ao Plano. Lucchi disse que “mais do que nunca” o setor precisa de uma política robusta para que os produtores sigam garantindo a segurança alimentar. “As cadeias de suprimentos foram desestabilizadas com a pandemia, elevando de forma significativa os custos dos insumos, como fertilizantes, defensivos e combustíveis. Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, alguns fertilizantes tiveram aumento de mais de 200%, e os defensivos chegam a custar 400% a mais em algumas praças. Sem falar nos aumentos do diesel e da energia elétrica. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), em abril desse ano, tivemos o pior índice de inflação mundial dos últimos 32 anos,” disse o executivo.
Sem dinheiro em plena colheita
O presidente da Federação da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Antônio Pitangui de Salvo, disse que Minas precisará de uma suplementação orçamentária do Plano Safra do ano passado porque o dinheiro acabou num momento delicado no qual muitos produtores ainda colhendo as safras, principalmente a safra de café. “E, claro, sem dúvida, um maior aporte para o setor no Plano desse ano, em função dos aumentos de custos dos insumos e da inflação em geral”.
Três linhas de financiamento
O Plano Safra contempla todos os perfis de produtores. A maior parte dos recursos para equalização (*) são destinados à agricultura familiar, com as taxas de juros mais baixas. É o Pronaf; os médios produtores são atendidos pelo Pronamp, com taxas médias, e a chamada ‘agricultura empresarial’ fica com as taxas maiores. “Essas são definidas de acordo com o porte do produtor rural”, explicou o diretor.
(*) Equalização dos Juros - É um subsídio governamental dado aos produtores brasileiros. Por meio dela, o governo cobre a diferença entre a taxa de juros praticada no mercado financeiro e a taxa efetivamente paga pelo produtor.