A pecuarista de leite, Maria Karoliny Abreu, de 25 anos, é conhecida nas redes sociais - (Instagram e Tik Tok, onde tem 30 mil seguidores) pelo amor e cuidado extremo com suas vacas, chegando ao ponto de colocar as que estão doentes pra dormir em seu quarto. Ou de passar a mão num colchão e (pasmem!) ir dormir com elas, no curral. Mas 2023 não tem sido fácil para a produtora rural e influencer agro.
O ano já começou desafiante pelos baixos preços pagos pelo litro de leite ao produtor - consequência do excesso de importação - e altos preços dos insumos. Como se não bastasse, Karol foi avisada pelo laticínio para o qual fornecia leite de que o produto dela continha resíduos de antibiótico, o que o torna impróprio ao consumo. Resultado, seu leite foi recusado por dois meses e a conta do prejuízo pela contaminação de todo o carregamento do caminhão, mais custos de incineração, foi parar na sua casa.
Com as dívidas só aumentando e tantos problemas pra resolver sozinha, a jovem adoeceu. Teve diagnósticos de pedra no rins, infecção urinária e, por fim, foi internada às pressas com uma apendicite supurada. Resultado, precisa ficar 90 dias sem trabalhar, a fim de evitar uma infecção generalizada. Desesperada, não viu outro jeito que não fosse fazer um leilão e se desfazer de todo o rebanho das vacas Girolando ½ sangue que tanto ama.
Karol foi para as redes sociais informar seus seguidores sobre sua decisão. Então, um deles, comovido com a situação, sugeriu o recurso da Vakinha Virtual, por meio da qual qualquer pessoa pode contribuir para ajudar alguém que passa por uma situação difícil. Karol se encheu novamente de esperança com aqueça possibilidade e criou o link.
Ela já conseguiu R$ 10 mil, mas diz que precisaria de, pelo menos, R$ 300 mil para pagar todas as contas, plantar milho para fazer silagem e trazer de volta as vacas que estão temporariamente ‘hospedadas’ com seus vizinhos e outras que precisou vender.
Maioridade chegou com tudo
Karol cresceu na fazenda Bela Vista, em São Tiago, com os pais Geraldo e Márcia e um irmão mais velho. Desde os 15, ajudava na lida com as vacas, higienizando as tetas e participando da ordenha. Nem imaginava que apenas três anos depois, aos 18, teria que assumir sozinha toda a gestão da propriedade porque o pai não se sentia mais em condições físicas de tocar o negócio e o irmão seguiu outros caminhos profissionais.
A produtora é a associada do Núcleo de Criadores Girolando das Gerais. Seu sonho é chegar à produção de 500 litros/leite/dia e estudar medicina veterinária.
Certo é fazer o teste antes
O consultor master do ATeG/Balde Cheio, Walter Miguel Ribeiro, explicou que leite contaminado com antibiótico costuma trazer sérios prejuízos para o produtor. “Caso sejam detectados resíduos de medicamento em seu produto, ele tem que pagar ‘toda a boca do caminhão’ que tiver sido contaminada pelo leite dele. Normalmente os caminhões têm três compartimentos separados que chamamos de boca e que, em geral, comportam 5 mil litros. Se ele estiver produzindo, por exemplo, 100 litros e a boca estiver cheia, ele terá que pagar por todo o volume. Além disso, precisa arcar com o frete para levar o leite contaminado para ser incinerado”.
Por isso, a recomendação dele é seguir rigorosamente o tempo de carência do antibiótico e, mesmo assim, solicitar o laticínio que faça um teste antes de voltar a fornecer o leite das vacas que tiverem passado por tratamento. “Os laticínios levam essa questão muito a sério e tem que ser assim por se tratar de um alimento que pode interferir na saúde das pessoas e se tornar um problema de saúde pública. Então, não dá pra brincar”.
Karoliny disse que não fez esse teste, mas respeitou o tempo de carência e acha que a “situação ficou mal resolvida”.
Para ajudar Karol,
Ou Chave pix : 135.276.166-16