De 7 a 10 de junho, o Parque da Gameleira, em Belo Horizonte, abrigará pela 6ª vez a Megaleite - maior feira da pecuária leiteira da América Latina. O que pouca gente sabe é que o evento só se tornou sucesso absoluto de público e de renda, quando os representantes das principais raças leiteiras do país - Gir, Girolando, Gir Leiteiro, Pardo Suíço e Jersey - deixaram as rivalidades de lado e se uniram para fazer um evento só, uma grande vitrine do segmento do leite.
Era 2002 e o pecuarista e diretor da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, mineiro de Araxá, Marcos Amaral, havia acabado de se eleger presidente da entidade. Residindo em Uberaba - berço de algumas das principais raças - ele conta que ficava incomodado com a posição de alguns criadores que sempre exaltavam as características da “sua” raça em detrimento das outras. “Nas reuniões e eventos, eles sempre ‘puxavam a sardinha para as próprias brasas’ com frases como ‘a minha tem a mais alta taxa de produtividade’ ou ‘a minha é mais rústica, suporta mais as adversidades’”. Marcos viu que aquela postura era incipiente e propôs que a classe se unisse para lutar pelo que era mais importante: a qualidade do leite.
Entre uma relutância aqui, outra ali, concordaram. No ano seguinte, 2003, foi realizada a 1ª Megaleite no Parque de Exposições Fernando Costa em Uberaba. “Um sucesso absoluto. Além da exposição das principais raças, teve mostra de carros antigos, de cachorros, de carneiros e muitos leilões. O público superou nossas expectativas e a renda obtida com os leilões e vendas de gado aumentou vinte vezes, se comparada com a exposição que a Girolando fazia solitariamente na cidade”.
Com o tempo e o aumento crescente de público e de animais, a transferência do evento para Belo Horizonte tornou-se inevitável. Em 2016, com o apoio do governo do Estado, da Codemg (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais) e da Faemg (Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais, a Megaleite passou a ser realizada na capital.
“Tenho muito orgulho de ter participado dessa história. Fui criado e educado com leite de Girolando porque meu pai era criador e, por isso, entrei para a Associação. Ver que uma feira modesta que tínhamos virou essa potência, me deixa muito lisonjeado e realizado pessoalmente”, disse Marcos, hoje, diretor administrativo da Girolando.
Novidades desse ano
A Megaleite, hoje, atrai cerca de 60 mil pessoas de vários estados brasileiros e até de outros países como Venezuela, Colômbia, México e Estados Unidos. No ano passado, o faturamento total foi de R$ 200 milhões. Desse montante, mais de R$ 8 milhões vieram da comercialização de bovinos nos oito leilões e dois shoppings.
A grande novidade esse ano é a realização, concomitantemente, do Festival do Queijo Artesanal de Minas, o que eleva a expectativa de público dos organizadores para 100 mil pessoas. E, claro, não pode faltar a tradicional Fazendinha, adorada pelas crianças; torneios leiteiros nas categorias Vaca Jovem, Vaca Adulta e Vaca Sênior; leilões; seminários técnicos, palestras, cursos e a divulgação dos mais recentes mapeamentos genéticos feitos pela Embrapa. “Temos uma parceria com o órgão. Todos os anos eles apresentam, durante a Megaleite, as características de destaque mapeadas, geneticamente, em alguns touros e vacas. Isso é muito importante porque norteia a compra de animais e de sémen pelos criadores”.
Mas, o mais importante, na opinião de Marcos Amaral, é que tem sido possível conseguir o que ele pensou lá em 2002: melhorar a qualidade do leite. “Características raciais à parte, estamos produzindo cada vez mais e melhor esse alimento tão importante e tão fundamental para a humanidade. E quem ganha é o consumidor”.