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Minas desenvolve cultivar de soja de alta produtividade e resistência a doenças

Pesquisadores garantem que ela possui um sabor agradável, o que a torna ideal para o consumo humano, além de ser mais barata que o feijão

BRSMG 534 foi criada pela Epamig, Embrapa e Fundação Triângulo. Estudo demorou dez anos para ser concluído

Com interesse em fomentar e diversificar a cultura do grão no país, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) desenvolveu a nova cultivar BRSMG 534, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Fundação Triângulo de Pesquisa e Desenvolvimento.

A nova espécie é mais resistente às principais doenças da cultura, sobretudo a ferrugem-asiática e pode ser usada tanto para a produção de óleo quanto para o consumo humano. “A BRSMG 534 apresenta uma alta produtividade, porte e desenvolvimento muito bons, além de ser adaptada à nossa região e outras, como os estados de Goiás e Mato Grosso”, explica a pesquisadora da Epamig Oeste, Ana Cristina Juhász.

A nova cultivar também é considerada precoce o que, hoje, é muito valorizado. “O produtor quer plantar e colher o mais rápido possível, pois assim a soja fica menos tempo no campo, liberando a área para o início de outro cultivo na entressafra, como do sorgo, trigo e milho safrinha”, explica Ana Cristina.

Ideal para o consumo humano

Outra característica de destaque é a sua aptidão para o consumo humano. “É importante lembrar que ela não é uma cultivar transgênica e, durantes os testes, verificamos que possui um sabor agradável, o que a torna valorosa para o consumo humano. Isso é um segundo benefício”, ressalta a pesquisadora da Epamig Oeste.

Resistência à ferrugem-asiática

O desenvolvimento da nova cultivar levou cerca de 10 anos, desde o primeiro cruzamento até seu lançamento, e ela foi projetada especificamente para ter alta produtividade e boa resistência contra as principais doenças da cultura da soja, como cancro da haste, mancha olho de rã e pústula bacteriana.

Tecnologia SHIELD

A tecnologia SHIELD também está presente e foi obtida por cruzamento com fontes de resistência no processo de melhoramento, para que ela desenvolvesse uma resistência diferenciada contra a ferrugem-asiática, considerada hoje a doença mais importante da soja.

“A depender de sua intensidade, a ferrugem-asiática pode ser devastadora. Então, o cruzamento inicial também foi voltado para uma maior resistência contra essa doença e, dentro da população de centenas de plantas geradas, foram realizadas etapas de seleção até chegarmos à BRSMG 534”, detalha o pesquisador da Embrapa Soja, Roberto Kazuhiko Zito. “Observamos que ela apresenta resistência genética, quando comparada a outras cultivares. Isso confere mais segurança para o produtor. Mas vale lembrar que outras medidas de controle, incluindo o uso de fungicidas, continuam sendo necessárias”, acrescenta.

Parceria histórica e produtiva

As etapas iniciais de desenvolvimento da BRSMG 534 foram realizadas pela Embrapa Soja, em Londrina (PR). Já as fases mais avançadas de avaliação foram conduzidas em solo mineiro, pela Fundação Triângulo e pela Epamig Oeste, em seu Campo Experimental Getúlio Vargas, localizado em Uberaba (MG), e em outras localidades da região.

Caderneta de Receitas

De acordo com os pesquisadores, o desafio agora é a difusão de informações sobre a cultura da soja, para que cada vez mais ela integre a rotina alimentar da população. “Há alguns anos, fizemos um trabalho extenso de divulgação e degustação, e a aceitação foi boa. Lançamos inclusive uma caderneta de receitas que se encontra no site da Epamig”, conclui Ana Cristina Juhász. Acesse: https://www.livrariaepamig.com.br/docs/ia-230-soja-na-alimentacao-humana-e-animal/

(*) Com informações da Epamig.

Maria Teresa Leal é jornalista, pós-graduada em Gestão Estratégica da Comunicação pela PUC Minas. Trabalhou nos jornais ‘Hoje em Dia’ e ‘O Tempo’ e foi analista de comunicação na Federação da Agricultura e Pecuária de MG.