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Teste acaba com dificuldade de identificação do sexo de peixes

Métodos anteriores eram pouco confiáveis ou invasivos. Novidade é exclusiva para pirarucus e tambaquis e deverá agregar valor a essas espécies

Nova solução tecnológica consiste em testes de sexagem molecular para identificação individual do sexo dos peixes

Até agora saber se um pirarucu ou tambaqui era macho ou fêmea era uma enorme dificuldade. A identificação no primeiro só era possível, visualmente, no peixe adulto. E no caso dos tambaquis, os métodos disponíveis eram invasivos, limitados ao período reprodutivo e de alto custo. A saga está com os dias contados. Os produtores de alevinos de pirarucus e tambaquis poderão contar com um serviço de teste genético para a identificação do sexo desses peixes, permitindo um manejo eficaz tanto na formação de plantel de reprodutores, como na formação precoce de famílias para programas de melhoramento genético. A tecnologia de sexagem precoce é inédita para peixes nativos do Brasil.

A nova solução tecnológica consiste em testes de sexagem molecular para identificação individual do sexo dos peixes jovens e agrega valor ao produto. O lançamento da solução tecnológica está sendo apresentada, neste momento, durante o IV International Fish Congress & Fish Expo Brasil, evento internacional que acontece em Foz do Iguaçu (PR), até 2 de setembro.

Para desenvolver os testes, os pesquisadores da Embrapa estudaram a fisiologia das espécies, com foco nos aspectos genéticos que levam os indivíduos a se tornarem machos ou fêmeas. A técnica é resultado de pesquisas realizadas em colaboração com o Institut National de la Recherche Agronomique (INRA), na França, a Universidade de Wurzburgo, na Alemanha, e a Universidade de Stirling, na Escócia.

Como funciona

A tecnologia de sexagem precoce dos peixes é baseada em marcadores moleculares do DNA associados ao sexo, utilizando a técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR, na sigla em inglês). A pesquisadora da Embrapa Fernanda Loureiro de Almeida O’Sullivan explica que essa identificação é fundamental para a reprodução do pirarucu em cativeiro, pois é necessária a formação de casais que devem ficar isolados em tanques menores para se reproduzirem. “A oferta de um teste simplificado e eficiente de sexagem de pirarucu vem finalmente amparar os produtores de alevinos a montarem seus casais corretamente, evitando erros e perdas de produção por identificação equivocada de machos e fêmeas”, comenta.

O pesquisador da Embrapa Eduardo Sousa Varela, que também participou do trabalho, destaca que a tecnologia irá beneficiar substancialmente os produtores de formas jovens de tambaqui que necessitam fazer o manejo de plantéis. Um diferencial inovador é a identificação rápida e precoce do sexo dos animais jovens e adultos, com precisão acima de 90%. Varela ressaltar que o procedimento nos animais é de baixíssima invasividade, sendo coletada uma amostra de muco ou uma amostra de 0,5 centímetro (cm) de nadadeira caudal. Com a amostra no laboratório, o resultado do sexo é gerado rapidamente.

“Esse é um teste robusto e eficiente porque, com algumas amostras do animal e baseados em um teste de PCR, conseguimos identificar objetivamente machos e fêmeas.” O pesquisador destaca que o teste permitirá ao piscicultor melhor planejamento em sua atividade. A previsão é que a adoção dos testes permitirá uma redução muito importante de custos e aumento de produtividade.

Além disso, como são animais grandes em condições de cativeiro (o pirarucu chega a atingir 10 quilos em um ano de cultivo, podendo chegar a 200 quilos na fase adulta), o acondicionamento inadequado de peixes na tentativa de formarem casais pode gerar brigas e acidentes entre os animais, causando danos e prejudicando todo o processo reprodutivo. Além da identificação pela cor, são conhecidos como métodos para identificar o sexo do pirarucu a ultrassonografia, a laparoscopia, a canulação em fêmeas, a dosagem de hormônios reprodutivos e a dosagem da proteína vitelogenina.

Como adquirir o serviço

Podem ser usuários do serviço de sexagem molecular tanto os produtores de alevinos de pirarucu e de tambaqui, quanto as instituições de ensino e pesquisa que trabalham com melhoramento genético dessas espécies, além de empresas e laboratórios especializados em agropecuária.

Para adquirir o serviço de sexagem molecular para identificação individual do sexo dos peixes, é necessário entrar em contato com as seguintes Unidades da Embrapa: com a Embrapa Amazônia Ocidental, em Manaus (AM), para o serviço de sexagem de pirarucu, pelo telefone (92) 3303-7800; com a Embrapa Pesca e Aquicultura, em Palmas (TO), para o serviço de sexagem de tambaqui, pelo telefone (63) 3229-7800.

Interessados em mais informações técnicas ou em esclarecer dúvidas sobre esse serviço podem entrar em contato com o Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) da Embrapa.

Como fazer a coleta

A coleta de amostra que servirá para a análise de DNA será a partir de um pequeno pedaço de nadadeira caudal do peixe, com tamanho de 0,5 a 1 cm². A coleta deverá ser feita, na fazenda, em animais marcados com microchip (PIT-TAGs). As nadadeiras coletadas devem ser acondicionadas em microtubos de plástico de 1,5 mililitro (mL) ou 2 mL, com tampa, contendo aproximadamente 1 mL de álcool etílico hidratado 96°. A amostra pode ser enviada à Embrapa por correio ou entregue presencialmente. Não é necessário refrigeração. Em um arquivo separado, o produtor deve relacionar a identificação de cada amostra (microtubo com nadadeira) com o número individual do animal, para que ele consiga, depois, identificar os peixes analisados.

Acesse folheto com mais detalhes e orientações para a coleta de amostra de nadadeira para a realização da análise.

(*) Com informações da Embrapa Amazônia Ocidental

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