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Brasil já tem primeiro açúcar mascavo rastreado com tecnologia blockchain

Tecnologia contribui para o acesso a mercados cada vez mais exigentes

Açúcar mascavo tem sido cada vez mais procurado pelo consumidor, mas o produto ainda sofre com adulterações

A safra 2022 de cana traz uma novidade para o consumidor. Já pode ser encontrado nas prateleiras dos supermercados o primeiro açúcar mascavo dotado de um sistema de rastreabilidade baseado em blockchain, tecnologia de ponta que atesta a transparência e a integridade das informações do produto.

Por meio de um QR Code impresso na embalagem, é possível verificar as informações sobre a origem e o processo de fabricação do açúcar. Ao longo de três anos, uma equipe de especialistas da Embrapa Agricultura Digital (SP) trabalhou no desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Agrorrastreabilidade (Sibraar). A tecnologia foi customizada para o açúcar mascavo e validada na planta agroindustrial da Usina Granelli, parceira no projeto-piloto. A empresa será a primeira licenciada a comercializar o produto rastreado, que vai levar o selo ‘Tecnologia Embrapa’.

A tecnologia Sibraar possibilita que os dados de fabricação do produto sejam armazenados em blocos digitais, usando a blockchain para construir uma sequência temporal e imutável dos registros e garantindo, assim, a integridade das informações geradas ao longo do processo de produção.

Para cada lote do açúcar mascavo da Granelli, serão disponibilizadas a data de produção, a variedade de cana utilizada e a identificação e geolocalização da propriedade rural que forneceu a matéria-prima para aquele lote, conforme as regras previstas na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Também serão fornecidas informações sobre a análise microbiológica do produto e sobre os parâmetros físicos e químicos daquele açúcar, como teor de sacarose, umidade e cor.

O sistema da Embrapa foi concebido inicialmente para o setor sucroenergético, mas pode ser customizado também para a agroindústria vinculada a outras cadeias agrícolas, como a de grãos, por exemplo.

Cresce demanda por alimentos mais seguros

Para o pesquisador Alexandre de Castro, líder do projeto, tem crescido a exigência dos consumidores por alimentos mais seguros e sustentáveis. Nesse sentido, a rastreabilidade é fundamental para levar às pessoas maior conhecimento sobre a procedência e o processo de produção. “A adoção de ferramentas com tecnologias do tipo blockchain surge como alternativa importante para atender esse mercado, uma vez que possibilitam que cada lote fabricado receba uma assinatura digital única criando uma trilha segura de auditabilidade dos dados”, destaca.


Oportunidade de licenciamento e novas parcerias

A Embrapa Agricultura Digital está apta a receber demandas de indústrias e empresas do setor sucroenergético que tenham interesse em licenciar a tecnologia de rastreabilidade blockchain Sibraar. Para mais informações, entre em contato pelo email cnptia.negocios@embrapa.br

Tecnologia Blockchain

O Sibraar é o primeiro software para rastreabilidade registrado no mercado nacional, voltado para a agroindústria da cana-de-açúcar, desenvolvido com tecnologia blockchain e que oferece ao consumidor informações por lote de fabricação diretamente disponibilizadas em QR Code nas embalagens.

Toda a arquitetura do sistema de agrorrastreabilidade foi desenvolvida pela equipe da Embrapa e o armazenamento e processamento dos dados, bem como a disponibilização da informação final na internet, ocorre nos servidores da Empresa seguindo protocolos de segurança.

Por meio de ferramentas criptográficas, cada lote de fabricação do açúcar tem suas informações gravadas em bloco e recebe uma assinatura digital gerada no data center da Embrapa. O software produz o encadeamento automático desses blocos, como uma corrente, criando um histórico dos dados de fabricação ao longo do tempo. Essa sequência é, então, associada a um código QR que vai permitir o acesso às informações pelo consumidor, bastando para isso que ele tenha apenas um smartphone.

Esse é o diferencial quando se utiliza códigos de barras bidimensionais associados à tecnologia blockchain”, explica Castro. A etapa de verificação, que atesta a integridade da informação rastreada, fica nas mãos do próprio consumidor. “Qualquer pessoa poderá checar se o histórico daquele registro foi manipulado. É como a nossa história de vida, se fosse possível alterar qualquer fato do passado, seu presente, como é, seria apagado”, compara.

Inovação aberta

“O Sibraar é um exemplo de tecnologia pioneira na cadeia sucroenergética, resultado de uma iniciativa da Embrapa para inovação aberta com o setor produtivo”, ressalta o chefe-geral da Embrapa Agricultura Digital, Stanley Oliveira. “A partir dessa experiência, a Embrapa tem um arcabouço de conhecimento que vai reduzir o tempo para desenvolvimento e customização da tecnologia para outras aplicações e culturas”, enfatiza.

O projeto teve origem a partir da cooperação técnica estabelecida em 2019 entre a Embrapa Agricultura Digital e a Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo (Coplacana), à qual a Usina Granelli é associada. Prevê ainda a geração de outros ativos e soluções tecnológicas baseadas em inteligência artificial e sensoriamento remoto.

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