A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon/MJSP) notificou oito empresas fabricantes e distribuidoras de laticínios para explicarem ao Ministério da Justiça o uso de soro de leite na produção de bebidas lácteas. O soro de leite é um líquido que sobra durante o processo de fabricação de queijos e sua utilização na fabricação de produtos lácteos é permitida por lei.
Procurado pela Itatiaia, o Ministério da Justiça explicou, por meio de sua Assessoria de Comunicação, que a motivação para o pedido de explicação às empresas fabricantes foi a grande quantidade de matérias publicadas na imprensa nacional, a respeito do tema, nas últimas semanas. Um dessas matérias mostrou que o leite UHT Integral estava custando R$ 6,79 e o leite com soro de leite, R$ 4,79, com muita gente preferindo a segunda opção por causa do custo mais em conta. Nesse momento, o órgão se preocupou em saber qual é a diferença entre um e outro em termos composicionais e nutricionais. E, principalmente, se essa informação está clara para o consumidor no ato da compra.
De acordo com a Assessoria, o que a Senacon quer é evitar confusão, fazendo com que tudo esteja bem esclarecido nas embalagens dos produtos. A Secretaria também quer saber se o Código do Consumidor está sendo cumprido, se não está havendo nenhuma violação do Código de Defesa do Consumidor ou algum comportamento por parte das indústrias que configure propaganda enganosa.
A data final para que as empresas apresentem suas justificativas varia de acordo com o dia em que elas deram ciência ao órgão de terem recebido a notificação. O prazo para todas é de dez dias. Caso não cumpram, terão que responder processo administrativo, com risco de multas de até R$13 milhões.
A assessoria explicou ainda que o Ministério da Justiça tem “poder de fiscalização” e “poder de polícia”, podendo impedir que determinados lotes de produtos sejam comercializados, obrigando empresas a fazerem recall ou aplicando multas.
A secretaria também está investigando o aumento nos preços do produto. De acordo com o último levantamento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o valor do leite teve alta de 29,28% no último ano.
Empresas notificadas
Foram notificadas as seguintes empresas: Danone ltda; Italac/Goiasminas Indústria de Laticínios ltda; Lactalis do Brasil Comércio, Importação e Exportação de Laticínios ltda; Laticínios Bela Vista ltda (Piracanjuba); Laticínios Porto Alegre Indústria e Comércio s/a; Nestlé Brasil ltda; Quatá Alimentos e Laticínios s/a; e Vigor Alimentos s.a
Desvendando o soro do leite vale
As proteínas do soro de queijo apresentam propriedades tecnofuncionais desejáveis para a indústria de alimentos, tais como solubilidade, viscosidade, estabilizante, emulsificante, espumante, geleificante e absorção de água.
O teor dos nutrientes do soro deve-se principalmente à presença de carboidratos, como a lactose, e de proteínas, além dos sais minerais, como cálcio, sódio, fósforo e potássio. A produção brasileira de queijos é a quarta maior do mundo e a produção mundial de soro de queijo é de aproximadamente 40,7 x 106 toneladas/ano.
O soro apresenta importantes características tecnológicas e nutricionais, reconhecidas e comprovadas pela comunidade científica. Portanto, é um ingrediente adequado para a elaboração de diversos produtos alimentícios, por exemplo, sorvetes, iogurtes, queijos processados, achocolatados, embutidos cárneos, surimi, molhos, sopas desidratadas, pães, bolos, biscoitos, chocolates, sobremesas, fórmulas infantis líquidas e bebidas e barras de proteínas para esportistas, além de ser usado nos suplementos alimentares.
Fonte: MilkPoint