Cinco membros dos Guardiões da Revolução iranianos, incluindo o chefe de inteligência, morreram neste sábado (20), na Síria, em um bombardeio em Damasco atribuído a Israel por Teerã, que ameaça vingança.
Os Guardiões da Revolução, exército ideológico da República Islâmica do Irã, acusaram Israel de ter efetuado o ataque com “aviões de combate” na capital síria.
Inicialmente, eles relataram que quatro de seus “conselheiros militares” morreram no bombardeio, assim como “membros das forças sírias”. Horas depois, foi confirmada a morte de outro membro dos Guardiões da Revolução, que não resistiu aos ferimentos.
A agência iraniana Mehr anunciou que o chefe de inteligência iranino da Síria e seu adjunto morreram no ataque.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG radicada no Reino Unido, divulgou um balanço de dez mortos.
O prédio bombardeado, situado no bairro de Mazzeh, ficou destruído e foi isolado. As equipes de resgate procuram por sobreviventes nos escombros.
O bairro de Mazzeh é conhecido por abrigar facções palestinas pró-Irã e comandos dos Guardiões da Revolução.
A OSDH afirmou que o bombardeio aconteceu durante uma reunião de “líderes pró-Irã".
"É certo que visavam altos comandos” destes grupos, disse o presidente do Observatório, Rami Abdel Rahman.
O bairro de Mazzeh também abriga escritórios das Nações Unidas, embaixadas e restaurantes.
“O barulho foi similar ao da explosão de um míssil e, minutos depois, ouvi as ambulâncias”, disse à AFP um morador da região.
Em Israel, o Exército informou que “não comenta informações de meios de comunicação estrangeiros”.
A imprensa oficial síria também repercutiu o ataque e responsabilizou Israel, sem dar maiores detalhes.
Irã ameaça vingança
O ministério das Relações Exteriores iraniano acusou Israel pelo bombardeio deste sábado (20) e informou que “se reserva o direito de responder” ao ataque “no momento e no local adequados”.
O porta-voz acusa Israel de uma “tentativa desesperada de propagação da instabilidade e da insegurança” no Oriente Médio, que convive com com a guerra ente Israel e Hamas há mais de três meses.
O regime sírio faz parte do chamado “eixo da resistência”, que tem Israel como inimigo regional. O Irã, Hamas, o Hezbollah e os rebeldes huthis do Iêmen compõem o grupo.
Desde o começo da guerra civil da Síria, em 2011, Israel lançou centenas de ataques aéreos contra seu território, dirigidos especialmente a forças alinhadas com o Irã, mas também a posições do exército de Damasco.
Nos últimos meses também houve ataques israelenses nos aeroportos de Damasco e Aleppo, no norte da Síria.
A maioria dos ataques “visa provavelmente perturbar as entregas de armas iranianas ao Hezbollah e aos grupos alinhados com o Irã na Síria”, explicou Aron Lund, analista do centro de reflexão Century International.
Israel acredita que estão sendo entregues armas sofisticadas, incluindo componentes de mísseis balísticos e de drones, “tanto por via terrestre, a partir do Iraque” quanto “por via aérea, rumo aos aeroportos” sírios, acrescentou este analista.
Esse tipo de operação intensificou desde o início a guerra entre Israel e Hamas, a partir do ataque terrorista de 7 de outubro em solo israilense.
Em dezembro, um alto comando dos Guardiões da Revolução iranianos, o general Razi Musavi, morreu em um ataque aéreo israelense na Síria, segundo Teerã.
De acordo com o Irã, Musavi era “o responsável logístico” na Síria pelo “eixo da resistência”, contra Israel.
No Líbano, o número dois do Hamas, Saleh al Aruri, morreu no começo de janeiro em um ataque israelense no sul de Beirute, reduto do Hezbollah, outro movimento pró-Irã.
*Com informações da AFP
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