Astrônomos identificaram a origem de uma das mais poderosas explosões de ondas rádio que já foram detectadas no espaço: um raro grupo de galáxias “semelhantes a uma bolha”.
A frequência durou menos de um milissegundo, mas foi quatro vezes mais potente do que qualquer outro sinal já detectado.
A descoberta foi apresentada na terça-feira (9), durante a 243ª reunião da Sociedade Astronômica Americana em Nova Orleans, Estados Unidos.
Astrônomos usaram imagens do Telescópio Espacial Hubble para revelar que a rápida explosão de rádio rápida (conhecidas como FRBs) veio de um grupo de pelo menos sete galáxias que estão tão próximas que poderiam caber dentro da Via Láctea.
O sinal intenso foi detectado, pela primeira vez, em 10 de junho de 2022 e viajou 8 bilhões de anos-luz para chegar à Terra.
Um ano-luz é a distância que a luz percorre durante um ano e corresponde a distância de 9,46 trilhões de quilômetros.
Ou seja, a frequência viajou mais de 75 trilhões de quilômetros até chegar à Terra.
A explosão liberou uma quantidade de energia equivalente à radiação que o Sol emite ao longo de 30 anos, de acordo com um estudo inicial.
A revelação pode escalrecer a causa das misteriosas explosões de ondas de rádio, que intrigam os cientistas há anos.
Origem
Pesquisadores usaram radiotelescópios na Austrália e no Chile para determinar a origem da explosão enigmática.
As observações levaram os cientistas a uma bolha celestial gigante, que inicialmente se pensava se corresponder a uma única galáxia irregular ou um grupo de três galáxias em interação.
As galáxias parecem estar conectadas e podem até estar em processo de fusão. Essa característica pode ter desencadeado a rápida explosão de rádio detectada, segundo os pesquisadores.
A interação entre as galáxias pode desencadear explosões de formação estelar, que podem estar ligadas à FRB, disse em comunicado a principal autora do estudo, Alexa Gordon, estudante de doutorado em astronomia na Weinberg College of Arts da Northwestern University.
O grupo de galáxias descoberto é excepcional e um exemplo de uma das “estruturas mais densas em escala galáctica que conhecemos”, disse o coautor do estudo Wen-fai Fong.
A causa dessas explosões segue desconhecida. No entanto, muitos cientistas concordam que objetos compactos, como buracos negros, os densos remanescentes de estrelas que explodiram, provavelmente estão envolvidos.
Os magnetares, ou estrelas altamente magnetizadas, podem ser a origem principal das rápidas explosões de rádio, de acordo com pesquisas recentes.
O que são explosões de onda de rádio?
Explosões rápidas de rádio, ou FRBs, são rajadas intensas de ondas de rádio com duração de milissegundos com origens desconhecidas.
A duração de no máximo alguns milissegundos, torna a observação do fenômeno muito difícil na Terra. As ondas de rádio não são visíveis aos nossos olhos, mas podem ser detectadas por instrumentos apropriados, como rádio telescópios.
O primeiro FRB foi descoberto em 2007 e, desde então, centenas destes flashes cósmicos rápidos foram detectados vindos de pontos distantes do universo.
O fenômeno representa um dos enigmas mais intrigantes da astronomia. As ondas de rádio se originam de regiões distantes do universo, fora da Via Láctea. A detecção delas sugere a existência de eventos astrofísicos poderosos e desconhecidos no Universo.
Enquanto algumas FRBs são eventos únicos, outras frequências se repetem e acrescenta mais uma camada de mistério ao fenômeno.
O campo de pesquisa evolui rapidamente à medida que mais observações são realizadas com instrumentos científicos avançados. Os radiotelescópios, por exemplo, provaram ser eficientes no rastreamento do caminho feito pelos rápidos flashes cósmicos.
Conhecer a origem das explosões rápidas de rádio pode ajudar os astrônomos a determinar as causas subjacentes que envia as ondas através do universo.
Mais informações sobre as rajadas também podem trazer revelações sobre a natureza do universo, à medida que as explosões viajam durante milhares de anos no espaço e interagem com o material cósmico.
Os astrônomos estão investindo em métodos cada vez mais sensíveis de detecção de explosões que podem possibilitar mais descobertas de ondas rápidas de rádio no futuro.
* Com informações da CNN