As circunstâncias da
Thalita morreu em julho do ano passado asfixiada após um incêndio atingir o bunker onde estava escondida. Ela havia chegado a apenas três semanas na Ucrânia. A partir da informação de um soldado do mesmo batalhão, a mãe da brasileira, Rosa do Vale, passou a desconfiar da morte da filha.
“Quando ele pegou os caixões, falou ‘nossa, mas está muito leve’, e falaram pra ele 'é que não tem corpo nenhum dentro’. Ele foi perguntar porque não tinha corpo dentro do caixão e aí explicaram que já tinha levado para cremação. Só que quando aconteceu isso, não tinham nem comunicado direito com a gente [da morte]”, contou a mãe ao G1.
A mãe também contou que pediu várias vezes para fazer o reconhecimento do corpo, mesmo que de maneira virtual. Mas, ela desconfia que nessa altura, o corpo de Thalita já havia sido cremado. “Falei ‘antes de qualquer procedimento tipo cremação, qualquer coisa, eu quero fazer reconhecimento, eu exijo’. Aí enviaram uma foto da Thalita, não do corpo inteiro. Só do rosto. Mandaram depois uma foto do velório perguntando se podia cremar ou não. Então foi tudo muito estranho”, disse.
Cinzas levaram 8 meses para chegar ao Brasil
As cinzas da brasileira chegaram ao Brasil em março deste ano, oito meses depois da sua morte. A mãe conta que a comandante do batalhão a enrolou durante todo este tempo. “Dizia para mim ‘na próxima semana, estou mandando [as cinzas e os pertences], vai pelo avião tal, tem uma voluntária que está levando até a Polônia e de lá segue, estou mandando o número de rastreio’. Nunca chegou”, afirmou.
Rosa também conta que os pertences da filha nunca chegaram. Segundo ela, as embaixadas do Brasil na Ucrânia e da Ucrânia no Brasil não prestaram nenhum tipo de apoio, o que o Ministério das Relações Exteriores nega.
Morte mal explicada
A família de Thalita alega que as fotos enviadas do corpo de Thalita mostram ferimentos incompatíveis com a causa da morte. A mãe chegou a contratar um especialista para analisar as imagens.
“Eles mandaram a foto do pescoço para cima. [A pessoa que analisou a imagem] me informou que em morte por asfixia, o rosto fica escurecido, desidratado. O dela não estava assim. Tinha uma queimadura no rosto e ele falou que tinha que estar murcho, porque quando você queima não incha, ele murcha, a pele murcha. E ela estava muito inchada. E eles [os soldados] falaram que ela não foi queimada, que estava intacta”, argumentou.
Família quer exame de DNA
Segundo o irmão da brasileira, Theo Rodrigo Vieira, a família solicitará um exame de DNA para confirmar se as cinzas recebidas são mesmo de Thalita. “A informação que chegou é de que a Thalita morreu asfixiada por inalar fumaça, mas não foi feita uma perícia séria”, disse ao G1.
A família teme por supostas tentativas de golpe por integrantes da Legião Estrangeira Ucraniana. ""Uma pessoa conhecida internacionalmente como estelionatária entrou em contato com a família dizendo ser amiga da minha irmã e pedindo documentos dela. Ainda houve o sumiço dos pertences da Thalita, com mais de R$ 70 mil em bagagem militar. Infelizmente, a Legião Estrangeira virou reduto de pessoas corruptas”, declarou.
Mas, realizar o teste de DNA em cinzas é considerado raro. Isso por que a cremação destrói a matéria orgânica. O governo ucraniano enviou as cinzas de três dos quatro brasileiros mortos na guerra para o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Os familiares das vítimas também receberam medalhas em homenagem aos combatentes mortos.