Já pensou ser pago para receber (e dar) tapas na cara? Essa é a proposta do Power Slap, campeonato de tapas no rosto que tem como objetivo premiar o atleta mais resistente e também mais forte no quesito.
O Power Slap foi criado em 2022 pelo empresário estadunidense Dana White. O também presidente do Ultimate Fighting Championship (UFC), principal organização das Artes Marciais Mistas (MMA), observou alguns torneios de tapas no rosto realizados em países como Polônia e Rússia e decidiu lançar a modalidade como esporte em um torneio com regras, árbitros, categorias e transmissões.
No embate em um contra um, vence o lutador que mais aguentar os golpes e não desmaiar na disputa. Contudo, para organizar o campeonato, Dana White precisou reconhecer legalmente a luta como um esporte e realizá-la no estado de Nevada, nos Estados Unidos.
“Estou muito ansioso pelo lançamento da Power Slap. Tenho trabalhado nisso desde 2017. Eu vi algumas gravações de tapa na cara nas redes sociais e fiquei instantaneamente viciado”,
“Desde o primeiro dia que vi, senti que poderia ser algo grandioso. Sei o que precisaria ser feito para tornar isso um esporte real, assim como fizemos com o MMA. Fomos sancionados pela Comissão Atlética do Estado de Nevada (NSAC) com regras definidas, rankings e divisões de peso. A Power Slap é construída para os fãs modernos de esportes”, completou.
O criticado esporte
No Power Slap, os golpes são dados de forma revezada. Cada lutador bate no rosto do outro com a mão aberta, e o golpeado tem até um minuto para se recuperar e golpear o oponente.
Descumprimento de
O médico estadunidense Chris Nowinski, ex-lutador de luta greco-romana e diretor-executivo da Concussion Legacy Foundation chamou, em entrevista à Associated Press (AP), a luta de tapas como “uma das coisas mais estúpidas que você pode fazer”.
“Não há nada divertido, não há nada interessante e não há nada esportivo. Eles estão tentando disfarçar uma atividade realmente estúpida para tentar ganhar dinheiro”, completou.
Nowinski ainda foi além e defendeu outras lutas, como o boxe, em comparação com o Power Slap. “Você pode escapar de socos (...) você está tirando tudo o que é interessante de assistir e tudo que é esportivo (do boxe) e apenas fazendo a parte do dano cerebral”.
Os eventos da Power Slap League contam com um médico supervisor e um médico ou assistente médico, além de três paramédicos e três ambulâncias. Apesar disso, a Associação de Lesões Cerebrais da América (BIAA) também divulgou nota
“Pela natureza das regras deste evento, que estipulam que os participantes não estão autorizados a defender golpes recebidos, você está permitindo uma situação em que os participantes sofram concussões repetidas para entretenimento. Não há esporte aqui”, escreveu a BIAA, em trecho da carta.
“Independentemente dos procedimentos em vigor para prevenir concussões após o fato, muitos na comunidade médica levantaram questões sobre como este esporte foi aprovado pela sua comissão”, completou.
Stephen Cloobeck, que presidiu a citada comissão de Nevada no outono de 2022, quando a luta foi legalizada no estado, afirmou que a decisão o incomoda. “Cometi um erro (...) Não estou feliz com isso”, afirmou, à AP.
Marketing
Dana White segue empenhado em levar o Power Slap à frente. O presidente do UFC chegou a inventar o Power Slap: Road to the Title, uma série televisiva para aproximar o público dos lutadores. Ele fez o mesmo com o UFC, ao criar no passado o The Ultimate Fighter (TUF) e o Dana White Contender Series.
Os lutadores podem receber de dois a dez mil dólares por luta, outro ponto criticado quando o assunto é o Power Slap. Os eventos do Power Slap são transmitidos ao vivo no Rumble, via streaming. Há trechos também nos canais de YouTube do Power Slap e do UFC. A Power Slap League vai para a quinta edição, em outubro.