O Vitória se pronunciou, nessa quinta-feira (6), após ser acusado de “buscar a volta da escravatura” pelo empresário do lateral-esquerdo Lucas Esteves, Marcelo Robalinho. Com proposta do Grêmio, o jogador busca a liberação do clube na Justiça do Trabalho de Salvador.
Em nota emitida nas redes sociais, o Leão classificou as falas de Robalinho como “irresponsáveis e desrespeitosas”.
“A escravidão foi a marca mais negativa na história da humanidade e jamais deve ser utilizada de forma banal, como foi feito pelo Sr. Robalinho. O Esporte Clube Vitória é uma instituição que historicamente luta contra o preconceito racial e levanta a bandeira contra o racismo”, começou o clube.
“Temos muito orgulho de pertencer à terra mais negra fora do continente africano e de lutar por nossos ideais há mais de 100 anos. Nosso clube, que mudou a história de toda uma região na cidade de Salvador, possui valores que jamais poderiam ser questionados pelo Sr. Robalinho”, terminou.
Entenda o caso
Na última quarta-feira (5), o empresário de Lucas Esteves atacou o Vitória por meio de publicações no X (antigo Twitter). Robalinho relembrou que foi advogado num processo movido pelo goleiro Felipe contra o Leão em 2005. Na ocasião, o atleta acusou o então presidente do clube, Paulo Carneiro, de racismo.
“Talvez poucos saibam, mas fui o primeiro advogado a obter uma rescisão indireta de contrato de trabalho de jogador profissional por racismo, triste caso ocorrido contra o goleiro Felipe em 2005, na época no Vitória. Tal fato ter acontecido na Bahia chamou ainda mais atenção da grande mídia à época, lembrando que Salvador é a capital brasileira com maior população preta e parda do Brasil (cerca de 83% dados IBGE)”, escreveu o agente.
Logo depois, Robalinho citou o caso que envolve Lucas Esteves. “Agora, passados quase 20 anos, me deparo com um caso sui generis, no qual o Vitória busca desesperadamente a volta da escravatura dos atletas, buscando burlar a Lei Pelé. Incrível isso estar ocorrendo, ainda mais na terra de Luiz Gama!!! Os Presidentes dos clubes passam, mas a mácula fica para a instituição”, concluiu.
Lucas Esteves, Vitória e Grêmio
A “bomba” entre Lucas Esteves, Vitória e Grêmio estourou em 28 de janeiro. Naquele dia, O Imortal depositou 1 milhão de dólares (R$ 5,9 milhões) na conta do Leão para pagar a multa rescisória do jogador.
Logo depois, no entanto, o Rubro-Negro devolveu o valor e ativou uma cláusula no contrato para manter o lateral em Salvador. Essa cláusula prevê que o clube baiano pode recusar a transferência, desde que pague 100 mil dólares ao atleta.
Interessado em se mudar para Porto Alegre, Lucas Esteves acionou a CNRD para conseguir uma liberação do Vitória. A Câmara, porém, não se julgou competente para julgar o caso. Agora, Esteves e seus agentes aguardam o resultado no processo aberto na Justiça do Trabalho de Salvador.