Numa visita informal à Faria Lima, principal centro financeiro do país, em São Paulo, o presidente do Sport, Yuri Romão, sentiu um aceno positivo do mercado ao clube. Com um projeto em curso para realizar um profunda reforma na Ilha do Retiro, estimada em até R$ 200 milhões, o mandatário conversou com empreiteiros, bancos e investidores na primeira semana deste mês. E voltou para o Recife animado.
Ao lado do vice-presidente financeiro, Bruno Schwambach, Romão esteve por dois dias em São Paulo, onde realizou cerca de dez visitas a empresários e executivos do mercado financeiro. De acordo com o mandatário rubro-negro, a boa-vontade desses agentes em financiar o “retrofit” (termo utilizado na engenharia para a revitalização de construções antigas, com a modernização paralela à preservação da arquitetura original – ou de boa parte dela) da Ilha do Retiro foi uma grata surpresa.
“Foi uma viagem que não teve esse caráter de prospecção. Foi mais para sentir o apetite do mercado financeiro para com a reforma a Ilha do Retiro. Até então, eu tinha feito até algumas conversas informais com um banco ou outro, mas não tinha ainda sentado com alguns atores importantes do mercado financeiro e demonstrado que já estamos na confecção do projeto mesmo. É diferente. Uma coisa é eu chegar e dizer que acho, que estou pensando, outra é mostrar que há um projeto, que quando ele estiver pronto se você quer vir conosco na jornada. O tom da pergunta é diferente”, explicou Romão à Itatiaia.
“Me surpreendeu positivamente [o aceno do mercado]. O futebol brasileiro hoje está despertando um interesse muito grande do mercado financeiro, diferentemente do que era no passado, até pelo pouco profissionalismo que existia na gestão dos clubes. Hoje praticamente todos os clubes estão com auditorias internas grandes, isso tem despertado um interesse maior do mercado financeiro que está junto”, acrescentou.
A construtora WTorre, responsável pelas obras no estádio do Palmeiras, o Allianz Parque, esteve entre as empresas que se reuniram com Yuri Romão. O presidente, entretanto, por ora, não coloca nenhum agente, dentre os visitados, como favorito para fechar negócio com o Sport. As obras no estádio estão programadas para começar após o fim da Série B do Campeonato Brasileiro, com a Arena de Pernambuco despontando como destino provável para os jogos da equipe em 2024 (e até 2025).
A função da Alvarez & Marsal
Nesta última semana, o Leão anunciou a assinatura de contrato a Alvarez & Marsal, entidade de consultoria especializada em gestão e reestruturação de empresas. O mesmo escritório fechou contrato no início deste ano com o São Paulo para ajudar o clube paulista no processo para se tornar uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF).
A Alvarez & Marsal já havia trabalhado em parceria com o Sport no ano passado, quando realizou um “valuation” (qualificação financeira).
“Por estarmos numa ascensão administrativo e financeira, por termos algo que é importante na composição, torcida, patrimônio, o Sport tem representatividade, uma marca muito forte, isso notadamente desperta interesse do mercado. E estamos fazendo o nosso trabalho interno que qualquer casa bancária e empresa do mercado financeiro vão exigir. Esses bancos são muito regulados, eu venho do mercado, e você não pode apenas botar dinheiro num clube desse em que o Banco Central saiba. Esse trabalho desde o primeiro momento que chegamos, a gente vem fazendo, organizando, trabalhando com balanços auditados. A informalidade era tão grande que muitos documentos não estavam dentro do nosso administrativo”, detalhou Romão.
Alvarez & Marsal ao Sport tem como finalidade a auxiliar o clube na sua transformação profissional. “Virar SAF, ou não, é um outro processo, que não tem a ver com a contratação do A&M”, destacou Romão.
“Precisamos dar o conforto às casas bancárias para que seus investidores se sintam seguros. Podemos dizer que melhoramos 100% de como estávamos, mas a partir deste momento precisamos dar outro salto, qualitativo. Melhorar os processos internos de comprar, de pagamento, processos internos de compliance, das normas internas serem melhor acompanhadas, tudo o que uma grande empresa tem. A A&M vai fazer o que fez muito bem no Coritiba, no Cruzeiro, no Botafogo. É um selo de credibilidade, de garantia de que o clube, de fato, está preocupado com as melhores práticas gerenciais”, detalhou o presidente do Sport.
À espera de avanços para uma obra maior, o Sport entregou em fevereiro passado a requalificação das cadeiras centrais do estádio, com a troca dos 5.400 assentos num investimento de aproximadamente R$ 5 milhões.