Rússia, Camarões, Suécia, Estados Unidos, Holanda, Suécia novamente e Itália. O torcedor brasileiro que reconhece essa sequência de países certamente se lembra da Copa do Mundo de 1994, conquistada pelo Brasil em solo estadunidense. Nesta quarta-feira (17), o icônico título que marcou o tetracampeonato mundial da Seleção completou 30 anos.
Sob o comando do técnico Carlos Alberto Parreira, a Seleção Brasileira se reinventou para alcançar a histórica conquista nos pênaltis. O time precisou de ajustes em meio à Copa, seja por ordem médica ou técnica, para avançar na fase de grupos e depois levantar a taça.
O Brasil seguiu para as oitavas de final como líder do Grupo B, com duas vitórias (sobre russos e camaroneses) e um empate (contra os suecos), 7 pontos, seis gols marcados e um sofrido. Mesmo com a classificação, o desempenho da Seleção era questionado.
Parreira trocou o então meia titular Raí por Mazinho a partir das oitavas. Outra mudança no time inicial, essa por lesão na estreia da Copa, foi a troca do zagueiro Ricardo Rocha por Aldair.
Nos mata-matas, o time brasileiro não teve vida fácil. O primeiro adversário foi a doa da casa, a Seleção Estadunidense, no tradicional 4 de julho (dia marcado pela independência dos EUA). O Brasil venceu por 1 a 0 e avançou, mesmo com um homem a menos em quase todo segundo tempo após expulsão do lateral-esquerdo Leonardo.
Nas quartas de final, a Seleção teve a badalada Holanda pela frente. Em jogo de cinco gols e marcado pela emoção na segunda etapa, o Brasil venceu por 3 a 2, com direito a gols do astro e atacante Romário; do também atacante Bebeto, com o “embala neném”; e do novo lateral titular Branco, após forte cobrança de falta.
O Brasil voltou a enfrentar a Suécia, agora na semifinal. Em jogo truncado, o Brasil venceu com gol, em certo ponto, inesperado de Romário: finalizando de cabeça, mesmo tendo 1,67m.
Na final, o Brasil teve pela frente a estrelada Itália, caracterizada por uma defesa forte mas também com o então melhor jogador do mundo pela Fifa: o atacante Roberto Baggio.
Novamente, uma partida “amarrada”. A partida terminou em 0 a 0 e, pela primeira vez na história das Copas do Mundo, uma final seria decidida nos pênaltis. Coube ao destino que Baggio perdesse o pênalti decisivo, depois de o goleiro brasileiro Cláudio Taffarel defender uma cobrança do atacante Daniele Massaro e o zagueiro Franco Baresi desperdiçar outra penalidade.
Campeões mundiais
- Cláudio Taffarel - goleiro da Reggiana-ITA
- Jorginho - lateral-direito do Bayern de Munique-ALE
- Ricardo Rocha - zagueiro do Vasco da Gama
- Ronaldão - zagueiro do Shimizu Pulse-JAP
- Mauro Silva - volante Deportivo La Coruña-ESP
- Branco - lateral-esquerdo do Fluminense
- Bebeto - atacante do Deportivo La Coruña-ESP
- Dunga - volante do Stuttgart-ALE
- Zinho - meia do Palmeiras
- Raí - meia do Paris Saint-Germain-FRA
- Romário - atacante do Barcelona-ESP
- Zetti - goleiro do São Paulo
- Aldair - zagueiro da Roma-ITA
- Cafu - lateral-direito do São Paulo
- Márcio Santos - zagueiro do Bordeaux-FRA
- Leonardo - lateral-esquerdo do São Paulo
- Mazinho - meio-campista e lateral-direito do Palmeiras
- Paulo Sérgio - meia do Bayer Leverkusen-ALE
- Muller - atacante do São Paulo
- Ronaldo - atacante do Cruzeiro
- Viola - atacante do Corinthians
- Gilmar Rinaldi - goleiro do Flamengo
O time titular base no Mundial foi formado por: Cláudio Taffarel; Jorginho, Aldair, Márcio Santos e Branco; Dunga, Mauro Silva, Mazinho e Zinho; Bebeto e Romário.
Jogos do Brasil na Copa
- 20/06/1994 - Brasil 2 x 0 Rússia - Stanford Stadium, Stanford. Gols de Romário e Raí
- 24/06/1994 - Brasil 3 x 0 Camarões - Stanford Stadium, Stanford. Gols de Romário, Márcio Santos e Bebeto
- 28/06/1994 - Suécia 1 x 1 Brasil - Pontiac Silverdome, Pontiac. Gols de Kennet Andersson, da Suécia, e Romário, do Brasil
- 04/07/1994 - Brasil 1 x 0 Estados Unidos - Stanford Stadium, Stanford. Gol de Bebeto
- 09/07/1994 - Holanda 2 x 3 Brasil - Cotton Bowl, Dallas. Gols de Romário, Bebeto e Branco, do Brasil, e Dennis Bergkamp e Aron Winter, da Holanda
- 13/07/1994 - Suécia 0 x 1 Brasil - Rose Bowl, Pasadena. Gol de Romário, do Brasil
- 17/07/1994 - Brasil 0 (3) x (2) 0 Itália - Rose Bowl, Pasadena. Nos pênaltis: Márcio Santos errou, e Romário, Branco e Dunga marcaram para o Brasil; Franco Baresi, Daniele Massaro e Roberto Baggio erraram, e Demetrio Albertini e Alberico Evani marcaram para a Itália
Marcas do Brasil no Mundial
Campeã mundial, a Seleção Brasileira teve alguns nomes de destaques. O lateral-direito Jorginho, o zagueiro Márcio Santos, o volante e capitão Dunga e o atacante Romário foram eleitos para o time ideal da Copa.
Romário foi escolhido como melhor jogador da competição. A Seleção Brasileira ainda levou o prêmio de Fair Play e de “time mais espetacular”.
Homenagem a Senna
Houve um tempo para os jogadores brasileiros, marcados na história, relembrarem Ayrton Senna, piloto tetracampeão de Fórmula 1 que morreu em 1º de maio daquele ano durante uma corrida. “Senna… aceleramos juntos, o tetra é nosso!”, dizia faixa carregada por jogadores e comissão técnica.
O caminho até o tetra
O Brasil se classificou à Copa do Mundo de forma atabalhoada. Parreira foi o terceiro treinador do “ciclo” do Mundial. Ainda em busca de uma equipe ideal, o Brasil conseguiu a classificação somente na última rodada das Eliminatórias, após vitória por 2 a 0 sobre o Uruguai no Maracanã, no Rio de Janeiro.
Depois da vaga garantida, o Brasil fez oito amistosos entre novembro de 1993 e junho de 1994, sem derrotas: Alemanha (2 a 1), México (1 a 0), Argentina (2 a 0), combinado Paris Saint-Germain-FRA e Bordeaux-FRA (0 a 0), Islândia (3 a 0), Canadá (1 a 1), Honduras (8 a 2) e El Salvador (4 a 0).
Conquistas
Foi a quarta conquista mundial da Seleção. Além de 1994, o Brasil ergueu o troféu do principal torneio do mundo em 1958, 1962, 1970 e 2002.