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CBF terá que convencer Real Madrid a liberar Ancelotti à Seleção Brasileira

Treinador não tomará iniciativa de romper contrato, que tem multa de 12 milhões de euros; o mesmo ocorreu em 2021, quando italiano deixou o Everton rumo à Espanha

Carlo Ancelotti com jogadores do Real Madrid: técnico tem contrato até 2024

A contratação do técnico Carlos Ancelotti pela CBF para ser o próximo treinador da Seleção Brasileira passa por convencer o Real Madrid a liberá-lo já. O técnico não pretende tomar iniciativa para o rompimento - a rescisão contratual do italiano é de cerca de 12 milhões de euros (R$ 62 milhões).

O retorno mais recente que a cúpula da confederação teve do estafe de Ancelotti é de que ele continua lisonjeado com o interesse brasileiro, mas que há um contato com o Real até junho de 2024 e, da parte do técnico, não haverá movimento para a rescisão.

É preciso, portanto, que a direção da CBF vá até Florentino Pérez, o todo-poderoso presidente do clube espanhol, e negocie sua saída de modo amigável. Pagando a multa, parte dela, ou fazendo qualquer acordo em que o Real libere Ancelotti.

O estafe do treinador, apurou a Itatiaia, citou à CBF que foi dessa maneira que o Real Madrid tirou Ancelotti do Everton-ING, em 2021. Ele tinha contrato com os ingleses até 2024, foi procurado pelo Real, se sentiu lisonjeado, mas avisou: se acertem com o Everton.

O Real foi até Liverpool e voltou com Ancelotti contratado - na época houve divergências de informações na imprensa se houve pagamento de parte da multa rescisória ou não. O fato é que houve a rescisão.

Negociação in loco

Na Espanha para o amistoso da Seleção contra Guiné em Barcelona, no sábado (17), o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, reiterou nesta terça-feira (13) que seu sonho de consumo para o cargo é Ancelotti, por vários motivos. O principal deles é que os jogadores amam o italiano, por isso a insistência.

Até algumas semanas atrás, a CBF era munida de informações de agentes que estão na Europa de que o Real poderia demitir Ancelotti ao fim da temporada. Não era algo bizarro de se imaginar, já que a campanha foi ruim levando em conta os parâmetros do clube espanhol: perdeu a La Liga, o Campeonato Espanhol, para o arquirrival Barcelona e caiu na semifinal da Liga dos Campeões, para o Manchester City-ING. Não levantar a taça do campeonato local, nem a da Champions, costuma cortar cabeças em Madri.

O problema, para a CBF, é que o Real inicia uma reformulação no elenco. Benzema saiu, Bellingham e outros estão chegando, e Ancelotti é o cara perfeito para comandar isso. Portanto, hoje parece improvável que ele caia, o que faz qualquer movimento da CBF em ir ao Real pedir um acordo pelo treinador algo pouco promissor.

Pelo menos um dos vice-presidentes da CBF defende que a CBF espere por Ancelotti até junho de 2024. Que ele indique um treinador de sua confiança para ser interino até lá, ou mesmo que continue Ramon Menezes, da Seleção Sub-20, que está quebrando o galho por enquanto.

Depois dos amistosos de junho contra Guiné e Senegal, este no dia 20, em Lisboa-POR, o Brasil jogará pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026 seis vezes no segundo semestre de 2023, em setembro, outubro e novembro. Em março de 2024 novamente serão amistosos, um deles contra a Espanha, mas em junho já tem a Copa América, nos EUA.

Esse calendário preocupa Ednaldo Rodrigues: e se a Seleção começar mal das pernas nas Eliminatórias? Como esperar por Ancelotti nessa situação? É avaliado também que ele assumir às vésperas de um torneio importante como a Copa América pode ser contraproducente.

Jorge Jesus aguarda

O presidente da CBF gostaria de uma definição já, com um nome assumindo imediatamente. E aí aparece o plano B, o português Jorge Jesus, que está livre após o fim de seu contrato com o Fenerbahce-TUR.

Como publicou a Itatiaia, ele sonha com a Seleção Brasileira e aguarda um convite. Com Jesus a assinatura seria imediata, mas a CBF quer gastar todas as fichas com Ancelotti antes de partir para outra jogada. Se Jesus não receber a ligação da CBF, ele deve assinar para treinar a Seleção da Arábia Saudita.

Sobre técnicos de clubes brasileiros, Ednaldo tem dito reservadamente que não gostaria de tirar um profissional de um ente filiado no meio da temporada.

Formado em jornalismo pela PUC-Campinas em 2000, trabalhou como repórter e editor no Diário Lance, como repórter no GE.com, Jornal da Tarde (Estadão), Portal IG, como repórter e colunista (Painel FC) na Folha de S. Paulo e manteve uma coluna no portal UOL. Cobriu in loco três Copas do Mundo, quatro Copas América, uma Olimpíada, Pan-Americano, Copa das Confederações, Mundial de Clubes, Eliminatórias e finais de diversos campeonatos.