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Lula será convidado para o amistoso Brasil x Espanha, em ato contra o racismo

Embaixador participou de encontro com chefe da Federação Espanhola; primeiro-ministro espanhol também será chamado

Presidente Lula já se manifestou em defesa ao atacante Vinícius Junior, do Real Madrid

O amistoso entre as Seleções do Brasil e da Espanha, que fará parte de campanha contra o racismo, poderá ter no estádio a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em março de 2024. O jogo, que provavelmente será no estádio Santiago Bernabéu, em Madri, foi anunciado nesta segunda-feira (5) pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e pela Federação Espanhola.

O confronto foi amarrado depois de encontro entre Luis Rubiales, presidente da Federação Espanhola, e o embaixador brasileiro na Espanha, Orlando Leite Ribeiro, na sede da entidade, na Ciudad del Fútbol, em Laz Rozas, próximo a Madri. O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, esteve em contato com a dupla durante a reunião.

A participação de Ribeiro faz parte de força-tarefa do Governo Federal em condenar e cobrar atitude das autoridades espanholas aos atos racistas praticados por torcedores contra jogadores brasileiros na Espanha, principalmente com relação ao atacante Vinícius Junior, do Real Madrid e da Seleção.

As direções de CBF e Federação Espanhola já conversavam sobre a possibilidade de o jogo ocorrer, e a presença do embaixador brasileiro serviu para sacramentar o acerto com o plus do convite a Lula. Se confirmada a presença dará incentivo à campanha antirrascista, que terá o lema “uma só pele”. Rubiales deve intermediar um convite ao primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez.

O amistoso foi anunciado para a Data-Fifa de março de 2024, janela que será entre os dias 8 e 16. A presença dos chefes de estado vai depender da agenda de cada um deles.

No fim de abril, Lula saiu em defesa de Vini Jr., que havia sofrido insultos racistas (foi chamado de macaco) em jogo contra o Valencia, pela La Liga, o Campeonato Espanhol.

“Queria fazer um gesto de solidariedade ao Vini Jr., um jovem que certamente é o melhor jogador do Real Madrid, e que sofre repetidas ofensas. Espero que a Fifa e outras entidades tomem providências, para não deixar que o racismo tome conta do futebol”, escreveu o presidente nas redes sociais.

A Seleção Brasileira já deverá ter um técnico em março de 2024- no momento Ramon Menezes, do Sub-20, dirige o time interinamente. Apesar do italiano Carlo Ancelotti já ter dito diversas vezes que quer ficar no Real Madrid para cumprir seu contrato até meados de 2024, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, ainda o tem como candidato número 1. O plano B, como mostrou a Itatiaia, é o português Jorge Jesus, que está terminando seu contrato com o Fenerbahce, da Turquia.

Campanha em junho

A CBF promoverá agora em junho de 2023, em dois amistosos, uma campanha antirrascista em apoio a Vini Jr, seguindo outro lema levantado pela confederação, o “com racismo, não tem jogo’. O Brasil enfrenta Guiné no dia 17 de junho, no estádio Cornellà-El Prat, do Espanyol, em Barcelona-ESP, e no dia 20 de junho Senegal, no estádio José Alvalade, em Lisboa-POR.

Inicialmente, a ideia era realizar a campanha somente no jogo no Cornellà-El Prat, já que é o país no qual Vini Jr. joga, no Real Madrid. Mas, após conversa entre as direções da CBF, da Federação Senegalesa, de Federação Portuguesa e da Fifa, se decidiu ampliar os atos para o confronto que vai ocorrer no José Alvalade, do Sporting.

As principais ativações serão:

  • CBF pedirá autorização à Fifa para usar no uniforme declarações antirracistas, ideia é que possa ter mais de uma frase representada nas camisas;

  • essas mesmas declarações seriam repetidas nos telões e alto-falantes do estádio;

  • convidar ex-jogadores brasileiros, de preferência com ligações com o futebol espanhol e português para participar da campanha, atuando no dias anteriores e na data da partida;

Vinícius Junior foi convocado pelo técnico interino Ramon Menezes e será peça-chave nessas ativações. A CBF consultou o estafe do atleta para saber se ele se sentiria confortável com toda a situação, principalmente pelo fato de o jogo na Espanha ocorrer em Barcelona, cidade do arquirrival do Real Madrid. A resposta foi positiva.

O presidente da Fifa, Gianni Infantino, avisou que pretende comparecer na partida do Cornellà-El Prat, como forma de apoio à campanha. O chefe da Uefa, Aleksander Ceferin, também foi chamado, mas ainda não confirmou. Javier Tebas, CEO da La Liga, que tem criticado as reações de Vini Jr. contra as manifestações racistas, não deve ser chamado.

Formado em jornalismo pela PUC-Campinas em 2000, trabalhou como repórter e editor no Diário Lance, como repórter no GE.com, Jornal da Tarde (Estadão), Portal IG, como repórter e colunista (Painel FC) na Folha de S. Paulo e manteve uma coluna no portal UOL. Cobriu in loco três Copas do Mundo, quatro Copas América, uma Olimpíada, Pan-Americano, Copa das Confederações, Mundial de Clubes, Eliminatórias e finais de diversos campeonatos.