O agora ex-treinador do
Jardim destacou que a decisão não foi fácil e relembrou o momento de chegada ao Cruzeiro. O português revelou que antes de assinar com a Raposa, passou 45 dias em viagens para acompanhar a esposa em hospitais.
“Nestes momentos, nunca são momentos fáceis. Temos que ser racionais. Em fevereiro, quando vim para o Cruzeiro, eu passei 45 dias em viagens por hospital com minha esposa. E sem tempo para nada. Dois dias depois dela sair do hospital, eu vim para o Cruzeiro. Com energia que todos conhecem, quando eu entro num projeto é para dar o meu melhor. Nunca entrei num projeto para só receber o salário”, disse.
Segundo o próprio treinador, a opção por acionar uma cláusula que permitia a saída do clube antecipada foi “por motivos muito pessoais”.
“Entrei no projeto para fazer melhor do que estava. Agradeço ao convite do Pedrinho, eu me dediquei a 100%. A todos os níveis. O nosso contrato era até 2025 no final. Havia a possibilidade de sair. E eu acionei a cláusula para sair e não voltar para 2026. Por motivos que são muito pessoais.”, afirmou Jardim.
À frente, Jardim apontou para o desgaste em questões pessoais ao longo do ano e ressaltou sobre a manutenção das condições físicas e mentais.
“Primeiro o desgaste que todo este ano... não só esportivo, mas em questões pessoais. Alguns sinais me alertaram ‘Jardim, pare um pouco, a condição física e mental tem que ser preservada’. Não é a primeira vez que faço isso, fiz no Monaco. Depois de sair parei um ano e meio para refletir sobre a vida, recuperar. E para estar com energia. Eu não acredito que o trabalho de treinador pode ser feito de qualquer forma”, iniciou.
“O trabalho de treinador temos que estar a 200%. Não consigo dar esses 200% agora, no início de janeiro, no começo do ano… com certeza que tenho uma gratidão grande por trabalhar no Cruzeiro, um clube com esta dimensão, os adeptos fantásticos, o apoio do Pedrinho para me integrar bem na sociedade de BH. Não está aqui, mas o Bruninho também me ajudou bastante. A minha família fica muito grata em todos os níveis. Por isso tenho que agradecer”, finalizou Jardim.
Na sequência, o português voltou a citar as motivações pelas quais optou por deixar o Cruzeiro e afirmou que não conseguiria estar completamente dedicado ao projeto por estas questões.
“Os meus motivos, já disse, são familiares. Quero estar com minha família, com meus pais, quero resolver as coisas da minha vida. Não podia estar a 100%, não posso estar a 50%. Não vale a pena a gente falar em outros assuntos… dinheiro, contrato... se eu não tiver a 100%, não vou treinar. Por isso agradeço ao Pedrinho por me proporcionar essa experiência, aos adeptos que foram fantásticos. Voltamos a viver a emoção do futebol e é por isso que queria vir ao Brasil. Estou satisfeito”, ressaltou.
Resultados influenciaram na decisão?
Adiante, o ex-treinador celeste negou que os resultados da equipe em campo influenciaram pela saída do clube.
“Eu acho que fui claro em relação aos motivos. São motivos pessoais, de desgaste, já disse da sequência de acontecimentos. O acontecimento de janeiro foi muito marcante para mim. Passar aqueles 45 dias com minha esposa entre a vida e a morte. Tive três anos e meio no Oriente, é um desgaste acumulado. Não houve outro motivo. Nem as críticas que fiz ao Brasileiro, nem viagem”, começou.
“O único motivo é não estar 100% para me representar esse escudo. Para representar esse escudo temos que estar em 100%, não podemos estar divididos. É uma mensagem que deixo para todos. Não podemos representar o Cruzeiro pela metade. Como não estou 100% disponível, prefiro deixar o Cruzeiro, com certeza tem um carinho especial que tenho pelo clube e pelo Pedrinho”, concluiu Jardim.
Quando percebeu que não seguiria no Cruzeiro?
Por fim, Leonardo Jardim comentou sobre quando percebeu que não seguiria no Cruzeiro. O português destacou que Pedrinho já estava ciente desta possibilidade desde o começo da relação do treinador com o clube.
“Eu sou uma pessoa muito frontal e direta. Aqui no Brasil vocês não têm atenção aos prognósticos. Durante todo esse período, os que acompanharam mais o Cruzeiro, sabia muito bem o que transmiti em cada conferência, em cada entrevista, o que poderia acontecer”, disse.
“Não foi algo do dia para a noite, o Pedrinho estava consciente disso. Foi com esse pressuposto que vim para cá. Se fosse para vir e ficar outros anos, eu não sabia se daria a resposta”, afirmou o treinador.
Na sequência, o português ressaltou o compromisso com o Cruzeiro, mas reafirmou a necessidade de uma pausa na carreira.
“Eu não gosto de faltar aos meus compromissos. O meu compromisso estava na minha cabeça. Eu queria essa experiência, mas não sabia o tempo que poderia estar. Eu dava entrevistas dizendo que talvez não seria muito tempo como treinar. Eu preciso desta pausa. Pessoalmente, preciso dessa pausa”, começou.
“É a terceira que vou fazer na minha carreira. Fiz uma quando saio do Olympiakos ao Sporting para descansar um pouco minha cabeça e recuperar energia. A segunda pausa foi quando saí do Monaco. Agora é minha terceira pausa e vamos ver o que vai acontecer”, encerrou Leonardo Jardim.
