Presidente do Fluminense, Mário Bittencourt participou do CNN Esportes S/A neste domingo (10), na CNN Brasil, e considera improvável que haja união entre os blocos Libra (Liga do Futebol Brasileiro) e Liga Forte Futebol (LFF) sobre a liga no Brasil até 2025.
No momento, o Fluminense é o único clube do Rio de Janeiro na Liga Forte Futebol (LFF). O Flamengo integra a Libra, enquanto Vasco e Botafogo formaram um terceiro bloco, chamado União, ao lado de Cruzeiro e Coritiba.
“Hoje temos dois grupos, a LIBRA e a LFF – a qual o Flu faz parte -, mas queremos conseguir unificar. Para que se entenda, não temos duas Ligas, mas dois blocos para vender os direitos comerciais e não conseguimos chegar em uma conclusão para o debate da distribuição de receitas no futebol brasileiro, que é desigual. Seguiremos no nosso grupo. Mas nada impede que ao término do acordo que temos, não possamos negociar com outro bloco”, disse Bittencourt.
“Em 2024 não tem chance de Liga (união entre os blocos), acho que nem em 2025. Precisamos de um momento de amadurecimento. Temos que resolver entre os blocos a questão da distribuição de receitas de uma futura Liga”, acrescentou.
A proposta de cada lado
A Liga Forte Futebol apresentou proposta para dividir as cotas da seguinte maneira: 45% de forma igualitária, 30% por performance e 25% por audiência. O grupo tem como investidores o fundo Serengeti e a gestora Life Capital Partners (LCP), ambos captados pela XP Investimentos.
A LFF captou R$ 2,3 bilhões por 20% das receitas de uma futura liga pelos próximos 50 anos. XP Investimentos, LiveMode e Alvarez Marsal prestaram consultoria e receberão cerca de 2,5% de comissão nas negociações.
A Libra propõe divisão diferente: 40% de forma igualitária, 30% por performance e 30% por audiência. O grupo de investimentos captado foi o Mubdala, dos Emirados Árabes Unidos.
O fundo oferece R$ 1,3 bilhão por 12,5% dos direitos para os clubes. O BTG Pactual e a Codajas Sports Kapital são os intermediadores. A comissão para as empresas gira em torno de 5%.
A análise de Mário Bittencourt
Na visão de Mário Bittencourt, a unificação dos blocos só ocorrerá quando houver distribuição de receitas mais justa entre os clubes. E esse cenário está distante.
“Não me interessa se todos os clubes vão ganhar mais dinheiro, interessa que a diferença entre os clubes diminua. Se todos ganharem mais e a diferença também, o problema é o mesmo. A luta dos que querem a melhor distribuição de receita é diminuir a diferença entre os clubes. O desempenho do Fluminense não fez diminuir a diferença para outros times, vimos times com desempenho pior e, por questão de contrato, ganham muito mais. A diferença hoje é de 15x; não 15%, 15x mais. Nossa proposta é que o primeiro não ganhe mais que 3,5x a mais que o último”, ponderou.
“Juntos vamos ganhar mais, é óbvio. Funciona a curto prazo, mas não a longo. Mas desse jeito não criamos um modelo equilibrado. A união não trará a competitividade. E desse modo não temos mais patrocínio. Quanto maior a competitividade, mais atrativo é o campeonato”, agregou.
“Também já é dado estatístico que sempre o campeão brasileiro estava entre os quatro clubes que gastaram mais, desse jeito vamos perpetuar sempre os mesmos campeões e afastamos o investidor. É um modelo híbrido, tem que juntar todo mundo e distribuir a receita melhor, assim teremos valor agregado”, concluiu Mário Bittencourt em conversa com João Vitor Xavier no CNN Esportes S/A.
Os filiados
LFF: ABC, Athletico-PR, América, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário, Sport, Tombense e Vila Nova.
Libra: Atlético, Bahia, Corinthians, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Red Bull Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo e Vitória.
Bloco União: Botafogo, Cruzeiro, Coritiba e Vasco se uniram à LFF para comercialização de direitos comerciais. Oficialmente, os clubes não são filiados, mas os acordos comerciais respeitam os mesmos termos dos filiados.
CNN Esportes S/A
Esta foi a 14ª edição do CNN Esportes S/A. O programa vai ao ar todos os domingos, às 21h15, e fala sobre um mercado que movimenta bilhões e é um dos mais lucrativos do mundo: o futebol.
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