Ídolo do Cruzeiro, o ex-goleiro Raul Plasmann relembrou, à Itatiaia, duelos que travou contra Franz Beckenbauer, um dos ícones do futebol mundial e, principalmente, alemão. O ex-jogador do Bayern de Munique-ALE faleceu nesse domingo (7), aos 78 anos.
Raul, goleiro titular do Cruzeiro nos dois jogos e na campanha vitoriosa da Libertadores, fez menção às duas partidas. Na ida, no Estádio Olímpico de Munique, na Alemanha, o Bayern venceu por 2 a 0, com gols de Jupp Kapellmann e Gerd Muller. Já na volta, no Mineirão, em Belo Horizonte, os times empataram em 0 a 0, com o título ficando com os alemães.
“Contra nós (Cruzeiro), teve um lance em Munique, na Alemanha. Não me lembro quem fez o lançamento, não sei se foi o Piazza que lançou a bola, e ele (Beckenbauer) dominou no peito, na grande área dele, e meteu de primeira do lado esquerdo. Depois, teve um cruzamento, e o Gerd Müller fez 1 a 0. Foi um lance que me marcou muito, porque a bola veio no peito dele, ela nem caiu no chão, um passe de primeira, de 30 metros, coisa assim”, disse, à Itatiaia.
“No Mineirão, foi bastante equilibrado, e teve uma finalização dele contra mim, foi 0 a 0. Da meia-lua, ele chutou, eu defendi, soltei a bola. Não lembro quem pegou o rebote, mas ele deu uma pancada, não consegui segurar, uma bola difícil que peguei. Lembrança do capitão da Seleção Alemã, campeã do mundo. Ele foi campeão também como treinador. Infelizmente, mais um se foi. Está se formando uma seleção lá em cima”, complementou.
Aos 79 anos, Raul também comentou a partida do ícone do futebol mundial. “As pessoas um dia terão que partir, é inevitável que aconteça. A gente vai sentindo da mesma forma sempre, até daqueles que não tivemos contato”, iniciou.
“São pessoas ilustres, personagens da história e tive o privilégio de jogar contra ele, e de vê-lo jogar. Uma ótima lembrança que tenho dele, orgulho de ter disputado uma decisão de Mundial Interclubes contra ele. A gente lamenta, como todos lamentam, a partida de uma pessoa tão ilustre. Temos que compreender isso, chega um dia, uma hora que é a nossa hora, temos que partir”, completou.
Raul Plassmann
Natural de Antonina, no Paraná, estado onde mora atualmente, Raul atuou profissionalmente de 1963 a 1983. Ao longo da carreira, ele defendeu Athletico-PR, Coritiba, São Paulo, Nacional-URU, Cruzeiro e Flamengo, além da Seleção Brasileira.
No Cruzeiro, onde se tornou ídolo, Raul jogou de 1965 a 1978. Foram 557 partidas do goleiro com a camisa celeste e 13 títulos conquistados, sendo a Taça Brasil de 1966 e a Libertadores de 1976 os mais icônicos.
Finais do Mundial de Clubes de 1976
Bayern de Munique-ALE 2 x 0 Cruzeiro
Bayern de Munique
Sepp Maier; Björn Andersson; Franz Beckenbauer, Hans-Georg Schwarzenbeck e Udo Horsmann; Bernd Dürnberger, Karl-Heinz Rummenigge e Conny Torstensson; Uli Hoeneß, Gerd Müller e Jupp Kapellmann. Técnico: Dettmar Cramer
Cruzeiro
Raul Plassmann; Nelinho, Moraes, Ozires e Vanderley; Piazza, Zé Carlos e Eduardo Amorim; Jairzinho, Palhinha e Joãozinho (Dirceu Lopes). Técnico: Zezé Moreira
Gols
Jupp Kapellmann, aos 35 minutos do segundo tempo
Gerd Müller, aos 37 minutos do segundo tempo
Motivo: jogo de ida da final da Copa Intercontinental
Local: Estádio Olímpico de Munique, em Munique, na Alemanha
Data: 23 de novembro de 1976
Público: 22.000
Arbitragem: Luis Pestarino (ARG)
Cruzeiro 0 x 0 Bayern de Munique
Cruzeiro
Raul Plassmann, Nelinho, Moraes, Ozires e Vanderley; Zé Carlos e Piazza (Eduardo Amorim) e Dirceu Lopes (Pablo Forlán); Palhinha, Joãozinho e Jairzinho. Técnico: Zezé Moreira
Bayern
Sepp Maier, Bjorn Andersson, Hans-Georg Schwarzenbeck, Franz Beckenbauer e Udo Horsmann; Bernd Durnberger, Karls-Heinz Rummenigge (Alfred Arbinger) e Conny Torstensson; Uli Hoeneß, Gerd Müller e Jupp Kapellmann. Técnico: Dettmar Cramer
Motivo: volta da final da Copa Intercontinental
Local: Mineirão, em Belo Horizonte-MG
Data: 21 de dezembro de 1976
Público pagante: 113.715
Árbitro: Patrick Partridge (ING)
Franz Beckenbauer
Marcado pela polivalência em campo, Beckenbauer atuou profissionalmente de 1964 a 1983, por Bayern de Munique-ALE, New York Cosmos-EUA, Hamburgo-ALE e Cosmos novamente, onde se aposentou. Ele também defendeu a Seleção Alemã, entre 1965 e 1977, e desempenhou diversas funções: desde meia até zagueiro ou líbero.
Depois, ele virou treinador e comandou a Seleção Alemã, de 1984 a 1990; o Olympique de Marselha-FRA e o Bayern de Munique, até 1996. Ele foi campeão da Copa do Mundo em 1974, como jogador, e em 1990, como técnico.
“Lembro de alguns lances. Ele era um zagueiro, tipo volante, de marcação, mas era um jogador muito habilidoso, ia à frente. A Copa do Mundo ele jogou com braço engessado, praticamente todo quebrado, e jogou uma Copa do Mundo, no México”, afirmou Raul, sobre o colega de profissão.