Em participação no programa Domingol, da CNN Brasil, Mano Menezes contou bastidores do rebaixamento do Cruzeiro à Série B, em 2019. O técnico pediu demissão em 8 de agosto, quando o time era o 18º colocado, com apenas dez pontos em 13 jogos. Dali em diante, Rogério Ceni, Abel Braga e Adilson Batista foram contratados para tentar evitar a queda, mas não conseguiram.
Segundo Mano Menezes, o impacto no futebol foi imediato a partir das denúncias de irregularidades da diretoria da época, feitas pelo programa Fantástico, da Rede Globo. A reportagem foi ao ar em 26 de maio de 2019.
“Quando você está lá dentro e um clube é envolvido da maneira como foi envolvido o Cruzeiro, é como se você começasse a se sentir menor. Você fica menor. O profissional sente vergonha de estar ali, de fazer parte daquilo, ainda que ele não tenha ligação direta com aquilo. E isso certamente interferiu em tudo aquilo que veio depois dali. Até surgir a denúncia em rede nacional, nós éramos 100% na Libertadores e estávamos em sexto no Campeonato Brasileiro. A partir dali, começaram a ocorrer coisas que certamente interferiram e veio a culminar com a queda do Cruzeiro”, disse Mano.
Diferentemente do que informou o treinador, o Cruzeiro não era sexto colocado do Brasileiro àquela altura. No mesmo domingo (26/5) das denúncias, o time celeste fora derrotado por 2 a 1 para a Chapecoense, em pleno Mineirão, e fechou a 6ª rodada em 16º lugar, com apenas seis pontos em seis apresentações.
A campanha na Copa Libertadores era invicta e não 100%, como também informou Mano. O Cruzeiro havia encerrado o Grupo B em 8 maio de 2019 como líder, com 15 pontos em seis jogos. As oitavas de final foram realizadas só em julho, quando o Cruzeiro caiu para o River Plate nos pênaltis, por 4 a 2, no Mineirão, após dois empates por 0 a 0.
Mano Menezes pediu demissão em 8 de agosto, após a derrota do Cruzeiro para o Internacional, por 1 a 0, no Mineirão, no jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil de 2019. O time vivia um jejum de oito jogos sem vitória. Àquela altura, o clube era o 18º colocado no Campeonato Brasileiro, com dez pontos em 39 possíveis.
O Cruzeiro acabou rebaixado em dezembro com apenas 36 pontos e a 17ª campanha daquele Brasileirão.
Problemas financeiros se arrastavam desde a gestão Gilvan
Mano Menezes lembra que os problemas financeiros do Cruzeiro não foram exclusividade da gestão de Wagner Pires de Sá e Itair Machado, em 2018 e 2019. Já no mandato do antecessor, Gilvan de Pinho Tavares, elenco e comissão técnica conviviam com atrasos de salários e promessas não cumpridas.
“Geralmente quem está dentro do trabalho percebe menos, né? Quem está de fora consegue ter uma leitura às vezes de separar as conquistas das outras coisas. A gente já tinha vivido no Cruzeiro problemas financeiros muito grandes. Nós fomos jogar uma semifinal com o Grêmio, no ano em que fomos jogar a final contra o Flamengo (2017), e às 16h teve uma reunião porque os jogadores queriam uma posição do clube sobre o quinto adiamento do pagamento que tinha sido prometido. Então, essa história já vinha se arrastando há bastante tempo. Quando nós fomos campeões nesse primeiro ano (2017), a gente tinha dois meses de imagem (direito de imagem), dois meses de normal (salário). Tudo, tudo, tudo atrasado”, contou.
“Quando a direção nova assumiu (em janeiro de 2018), ela recolocou as coisas em dia, mas você não sabe a que preço foi colocado isso em dia. Então, essas questões são sempre mais internas do que externas. Mas estruturalmente, o nosso dia a dia, a gente não tinha problema, até que surgiu a denúncia pública, que rodou num programa de rede nacional. Aí as coisas começaram a interferir no futebol”, completou Mano Menezes durante o Domingol, da CNN Brasil.
À frente do Cruzeiro, Mano Menezes conquistou as Copas do Brasil de 2017 e 2018 e os Campeonatos Mineiros de 2018 e 2019.