O Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) suspendeu a assembleia geral de credores do Cruzeiro, que estava marcada para esta quarta-feira (7), em primeira chamada, e para o dia 15 de dezembro, em segunda chamada. A decisão do desembargador da 16ª Câmara Cível de Belo Horizonte, aconteceu por meio de um recurso (agravo de instrumento) do escritório Freitas Ferraz Advogados.
Representante de alguns credores, o advogado Guilherme Capuruço explicou as razões para o pedido de suspensão da assembleia cruzeirense.
“Há uma série de ilegalidades no plano de recuperação do Cruzeiro. A principal delas talvez seja o absurdo desconto de 75% que o Cruzeiro propôs para a maioria dos créditos. Os prazos de pagamento também estão maiores do que aquilo que a lei permite, isso é prejudicial aos credores, porque o índice de correção monetária sugerido pelo Cruzeiro, a TR, sabidamente não acompanha a inflação. Daqui há vários anos os credores receberiam o seu crédito com um desconto enorme de 75% e o restante, os 25% propostos pelo Cruzeiro, ainda seriam consumido em boa parte pela inflação”, explicou, em entrevista à Itatiaia.
Na última semana, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) já havia pedido o adiamento da assembleia de credores do Cruzeiro, após denúncias de irregularidades na formatação do plano de recuperação judicial da Raposa.
“O Cruzeiro pretendia aprovar um plano de recuperação na assembleia desta quarta, com base numa lista de credores que ele mesmo, o Cruzeiro, apresentou, o que não é permitido por lei. O correto seria ouvir todos os credores e apresentar uma lista consolidada, com valor correto e a natureza do crédito de cada um. Mas, infelizmente, nenhum credor foi respondido. Se o plano de recuperação judicial do Cruzeiro fosse colocado em votação nesta quarta, poderia ser aprovado sem que vários credores tivessem oportunidade de votar”, criticou.
Capuruço lembrou ainda de problemas na lista de credores. Representante de credores apontam que há nomes listados e que não deveriam mais fazer parte do hall dos que têm algo a receber do clube.
“Veja que recentemente o Ministério Público recebeu uma notícia-crime de que haveria falsos credores listados pelo Cruzeiro. Como se não bastasse, o Cruzeiro ainda apresentou um novo plano de recuperação judicial nessa segunda-feira, a menos de 48h da assembleia, piorando ainda mais as condições de pagamento ao credores”, relatou.
O advogado ressaltou também que a suspensão da assembleia de credores da Raposa “veio em boa hora”, porque impede, pelo menos nesse momento, que irregularidades sejam aprovadas.
“Na prática, se a assembleia geral dos credores ocorresse nesta quarta, o plano de recuperação seria votado sem que os credores sequer tivessem conhecimento dessas novas condições na condição de pagamento. De novo, piorando as condições de pagamento aos credores. Essa decisão que conseguimos no tribunal, suspendendo a assembleia geral de credores, veio em boa hora. É preciso que todas essas irregularidades sejam sanadas, antes que se coloque um plano de recuperação judicial em votação”, finalizou.
Cruzeiro se manifesta
O Cruzeiro se manifestou sobre o adiamento da assembleia geral de credores. O clube garante lisura em seus processos e diz que está aberto ao diálogo.