Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) deram diferentes versões sobre todo o processo que culminou com a ausência de público na partida entre Cruzeiro e Palmeiras, nesta quarta-feira (4), no Mineirão. O jogo pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro será disputado com portões fechados.
Em coletiva concedida na manhã desta quarta, o Coronel Carlos Frederico Otoni Garcia afirmou algumas vezes que a corporação nunca disse que não seria possível a realização do duelo com torcida mista. De acordo com o comandante-geral da PM, o que houve foi apenas recomendação.
“Em nenhum momento, a polícia disse que não tinha condições de realizar o policiamento. Esse discurso não é verdadeiro e não procede. Nosso posicionamento não mudou. Estou afirmando para a CBF que ela tem que tomar a decisão. Nós falamos para ela decidir o que quisesse e a gente faria a segurança”, disse.
“Quando a CBF nos responde que a decisão (de não ter torcida) é em virtude de demora. O e-mail chega às 20h40 pedindo a reconsideração da PM. Eu não estou reconsiderando aquilo que recomendei. A recomendação não altera e permanece por torcida única. Mas afirmo para a CBF que ela tem o poder de decisão. E, a partir do momento que ela tomar alguma decisão, seja ela qual for, vamos realizar policiamento”, completou.
Em resumo, o comandante da PM diz que o
Posição da CBF
Por outro lado, a CBF dá uma diferente versão da história. Em nota publicada também na manhã desta quarta-feira, após a entrevista coletiva concedida pela PM, a entidade máxima do futebol nacional afirma que, em reunião, as forças de segurança defenderam a “impossibilidade” de torcida mista.
“Na tarde de ontem, às 17h, a CBF, certa de que o melhor para o espetáculo esportivo e para os torcedores era que o jogo fosse disputado com torcida mista, reuniu-se com o Comandante da Polícia Militar e, após ponderar os argumentos incorporados no ofício anterior, uma vez mais, cogitou a possibilidade de reavaliar a sua decisão no sentido de que jogo fosse realizado com portões fechados”, diz a nota.
“A Polícia Militar, porém, durante as tratativas, posicionou-se contrariamente à possibilidade levantada pela CBF, defendendo, pois, a impossibilidade de que o jogo fosse disputado com torcida mista”, completa
Sobre a suposta alteração no posicionamento da polícia, constado no ofício enviado nesta madrugada, a CBF alega que o posicionamento foi feito de forma “tardia”.
“Acontece, porém, que, em função da Polícia Militar de Minas Gerais ter encampado essa nova posição, com o máximo respeito, tardiamente, com menos de 24 horas do horário programado para a partida, não há mais tempo hábil para que a partida seja disputada com torcida mista, visto que a operação necessária à organização de uma partida de futebol, ainda mais de uma Competição como a Série A do Brasileirão, reclama o envolvimento e mobilização de inúmeros prestadores de serviços inúmeras atividades e serviços indispensáveis”, diz o documento.
Diante de todo esse cenário, a partida entre Cruzeiro e Palmeiras será disputada sem a presença de torcedores no Mineirão. O time celeste ainda luta por uma vaga na Copa Libertadores de 2025, enquanto os paulistas disputam o título do Campeonato Brasileiro.
Cruzeiro indignado
CEO do Cruzeiro na gestão de Pedro Lourenço, Alexandre Mattos demonstrou enorme insatisfação, em entrevista exclusiva à Itatiaia, sobre a ausência de público na “decisão” contra o Palmeiras, pela 37ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Durante o programa Rádio Esportes, Mattos afirmou que o Cruzeiro se movimentou dentro da lei para garantir a presença da sua torcida e destacou às autoridades policiais sobre a necessidade de garantir a segurança para os cruzeirenses e palmeirenses. No entanto, segundo o dirigente, essa sinalização positiva foi feita por volta de 6h (de Brasília) desta quarta (4), o que inviabilizou a venda de ingressos para a partida.
“O Cruzeiro se sente muito prejudicado. Com a presença da nossa torcida, a chance de vitória é muito maior. Isso é histórico, é dado. O Cruzeiro está indo para uma decisão sem o seu torcedor, é revoltante. Fizemos todo o possível, o nosso presidente cuidou desse caso pessoalmente. Eu também. Infelizmente, pela falta de segurança até às 6h, a CBF manteve o padrão de portão fechado e a situação ficou irreversível”, disparou Mattos.
Irritado com a decisão, o CEO declarou que, embora o prejuízo financeiro seja grande, a maior desvantagem do Cruzeiro é não contar com o seu torcedor. Mattos disse, ainda, que o episódio “mancha a reta final de Campeonato Brasileiro”.