Técnico do Sub-23, auxiliar de Cláudio Caçapa após a saída de Luís Castro e treinador principal depois da demissão de Bruno Lage: Lucio Flavio ocupou essas funções ao longo de 2023. Em entrevista ao “Charla Podcast”, o profissional abriu o jogo sobre a sua passagem pelo Alvinegro, e admitiu “sentir-se injustiçado” pela forma como deixou o clube.
“Eu era um funcionário do clube, fui colocado ali, sou grato pela oportunidade. Mas a questão é que eu era um auxiliar, fui colocado como treinador naquele momento. Diante de todo o cenário, o único no processo todo que foi demitido fui eu. Me senti sim injustiçado nesse sentido”, afirmou Lucio Flavio, ante"Eu era um funcionário do clube, fui colocado ali, sou grato pela oportunidade. Mas a questão é que eu era um auxiliar, fui colocado como treinador naquele momento. Diante de todo o cenário, o único no processo todo que foi demitido fui eu. Me senti sim injustiçado nesse sentido”, afirmou Lucio Flavio, antes de complementar.
Lucio Flavio assumiu o time em agosto, após Bruno Lage ser demitido. Nos primeiros dois jogos sob seu comando, o Botafogo venceu Fluminense e América. Depois, foram seis rodadas sem vitórias - com quatro derrotas consecutivas -, o que resultou em sua demissão.
Na visão do treinador, os resultados não foram condizentes ao desempenho da equipe neste momento, marcado pelas dramáticas viradas sofridas contra Palmeiras e Grêmio.
“Comecei com vitórias sobre Fluminense e América-MG, fui seguindo. Com todo respeito, de todos os jogos que participei, talvez o do Bragantino, os outros nenhum foi superior ao Botafogo. Palmeiras, Cuiabá atropelamos, Athletico-PR estávamos bem, o Vasco não foi superior apesar de termos perdido, contra o Grêmio até o segundo gol e o do Bragantino, que fizemos virada no primeiro tempo, entra questão mental, temos que segurar o resultado. E tivemos duas chances boas de fazer o terceiro e não fizemos”.
Confira outras declarações de Lucio Flavio, ex-técnico do Botafogo, ao “Charla Podcast":
Decisão de Bruno Lage barrar Tiquinho Soares contra o Goiás
“Tiquinho teve a lesão contra o Cruzeiro, ficou algumas rodadas sem atuar, é normal voltar sem o mesmo rendimento de antes. Foi substituído duas ou três partidas em sequência. Durante a semana, ele (Lage) não abriu muito a questão da escalação. Nós todos só ficamos sabendo no dia do jogo, no hotel, no vídeo que fazemos no almoço.
Na semana ele treinou com Tiquinho e Diego Costa, só com Tiquinho, foi fazendo variações, mesclas. Quando faltavam dois dias levantou essa situação, “estou pensando em jogar com Diego”. Falei, aí entrou a questão do voto vencido: “Bruno esse é um jogo que podemos jogar com os dois, Diego e Tiquinho, recuamos Eduardo, deslizamos Tchê Tchê na saída do lateral deles”. Júnior Santos não vinha jogando com ele. Falaram que ficaríamos muito vulneráveis, respondi: “Vamos jogar em casa, não vão atacar com mais do que com cinco homens. Vão atacar no momento que errarmos”. Foi uma ideia que dei.
Na véspera, ele fez um treino que não abria a escalação. No final, disse que estava mais propenso a jogar com o Diego. Falei: “Bruno, vamos pensar aqui, o Tiquinho, se não machucasse, a chance de ir para a Seleção Brasileira era muito grande, existe a expectativa por uma convocação, acho que não seria bom tirarmos do time, é o artilheiro do Campeonato, ídolo da torcida e de grande parte dos jogadores do elenco. Concordo que o Diego está bem, por isso temos que jogar com os dois”. Se divulga escalação com os dois, já mexe com os adversários no vestiário, faltando uma hora para o jogo.
Era um encaixe interessante para o jogo. Aí vem a situação no hotel, o vídeo, vem a escalação. Fui jogador, preferia ir dormir sabendo se ia atuar ou não. Ele comenta assim: “Vou conversar com Tiquinho, é um cara simples”. Falei: “Você tem razão, ele não vai gerar problemas, pode ficar insatisfeito, mas na dele. Agora, qual a repercussão para o grupo?” Quando sai a escalação, já vi algo estranho. Mais silêncio para o almoço. Vestiário também diferente. Os caras são profissionais, vão para o jogo, sai a escalação, o clima do estádio já fica mais pesado.
Falei para ele que não precisávamos trazer peso, era jogo em casa, importante, precisávamos ganhar, até para a questão do título. Naquele momento, não dá certo. Goiás sai na frente, ele teve que entrar e fez o gol. Não sabíamos, mas daqui a pouco um dos analistas fala “o que é esse negócio de Tiquinho Day?”. Respondi que era uma preparação que a torcida está fazendo para esse jogo. Depois da lesão, era a primeira ou segunda vez jogando no Nilton Santos, vai voltar a fazer gol. Infelizmente, iniciou no banco.”
Reação de Bruno Lage após derrota para o Flamengo
“Um clássico, duas equipes de alto nível, qualquer um poderia vencer, venceu o Flamengo. Seria comum falar “tentamos e não fizemos um bom jogo”. A mesma reação que teve quem estava na sala de imprensa nós tivemos no vestiário porque estávamos acompanhando a entrevista dele. Começamos a um olhar para o outro, ninguém sabia nada, foi um fato que chamou atenção até para nós. Quando volta, ele fala que queria chamar a responsabilidade para ele, tirar dos jogadores, porque vinha sentindo uma pressão de obrigação de ganhar o campeonato.
Perdeu o primeiro jogo em casa. Isso repercutiu em debates esportivos e provavelmente no grupo, alguns não gostaram da forma que se pronunciou. Fomos aos poucos tentando ajustar. Isso para um grupo não soa bem. Jogadores se falam. Percebemos isso, as primeiras falas minhas foram “vamos tentar refazer”, aos poucos fomos recuperando, normalizando, digamos. Até chegar o jogo do Goiás. Andou normal até ali.”