Na última terça-feira (7), o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, assinou projeto de lei que foi encaminhado à Câmara Municipal no mesmo dia, que será um passo decisivo para o Vasco reformar São Januário e dobrar a capacidade do seu estádio, que fica no tradicional bairro de São Cristóvão.
No dia seguinte, o jornalista André Rizek, dos canais Globo e SporTV, avançou na pretensão flamenguista de construir seu próprio estádio, na região do antigo Gasômetro, no Centro do Rio de Janeiro, em área próxima ao Maracanã e São Januário.
Nessa batalha, o rubro-negro da Gávea, que briga também em outra frente, que é o direito de renovar a exploração do Maracanã, conta com uma forte aliada, a Prefeitura do Rio de Janeiro, que inicialmente era contrária ao empreendimento, mas mudou de ideia e abraçou a causa flamenguista. O entrave agora é a negociação com a Caixa Econômica Federal, que é proprietária do terreno.
Em apenas dois dias, o Rio de Janeiro dá exemplos bem diferentes do que Belo Horizonte enfrentou na gestão de Alexandre Kalil (PSD) à frente da Prefeitura, quando o Atlético colocou em ação o sonho da casa própria planejando e construindo a Arena MRV.
O projeto flamenguista não está tão avançado, embora o clube já tenha um executivo trabalhando no assunto há pelo menos dois meses, mas só o fato de ter a prefeitura ao seu lado já é um trunfo rubro-negro.
No caso do Vasco, o processo está mais avançado e só tem vida porque Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, apoiou o sonho do clube e assinou o projeto de lei referente ao potencial construtivo de São Januário, que deve ser votado pelos vereadores cariocas até 15 de dezembro, quando a Câmara entra em recesso.
Com esse potencial construtivo de São Januário em mãos, o Vasco projeta ir ao mercado e negociá-lo por algo próximo a R$ 500 milhões, valor da reforma e ampliação de São Januário.
Paes não está ajudando Vasco ou Flamengo. Ele está apostando no potencial de arrecadação que as duas novas arenas darão ao município oficialmente ou na economia informal. Além disso, o turismo do futebol ou de eventos gera muitos recursos e o Rio de Janeiro vive muito disso.
Nada diferente do que a Arena MRV promove em Belo Horizonte, mas aqui, a prefeitura, sob o comando de Alexandre Kalil, exigiu contrapartidas que beiram os R$ 300 milhões. Sim, 60% do que vai custar a reforma e ampliação de São Januário.
Alguém duvida de que os dois shows do ex-Beatle Paul McCartney no início do mês que vem irão movimentar e muito a economia da cidade, assim como qualquer grande jogo do Atlético que a Arena MRV receber no Campeonato Brasileiro ou nas Copas do Brasil e Libertadores? E isso é para sempre.
Toda grande obra exige contrapartidas, mas fica cada dia mais evidente, principalmente com as ações de Eduardo Paes (PSD), no Rio de Janeiro, que a visão do que representa uma arena foi deixada de lado pela PBH, na gestão Alexandre Kalil, para que questões pessoais ganhassem importância.
Sem contrapartida não tem obra, ou então se briga por anos na Justiça pelo direito de construir. Menos mal para Belo Horizonte que o atual prefeito, Fuad Nomam (PSD), e a maior parte da Câmara Municipal têm a visão do que representa uma arena multiuso para a capital mineira.
De toda forma, são ações bem distintas entre Eduardo Paes e Alexandre Kalil no que se refere à construção de arenas nas suas respectivas cidades. E nesse jogo, o atual prefeito do Rio de Janeiro goleou o ex-prefeito de Belo Horizonte, pois não teve sua visão prejudicada por questões pessoais, pensou apenas no aspecto coletivo. E essa é uma obrigação do poder público.