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Atlético: presidente volta atrás e diz que clube não foi reconhecido campeão em 1937

Sérgio Coelho afirmou em entrevista à CNN Brasil que Galo tinha sido reconhecido campeão brasileiro de 1937

Sérgio Coelho, presidente do Atlético, durante evento na Arena MRV, futuro estádio do Galo em Belo Horizonte

Presidente do Atlético, Sérgio Coelho voltou atrás e afirmou nesta segunda-feira (12) que o clube não foi reconhecido campeão brasileiro de 1937. A retratação ocorreu um dia depois de o mandatário do Galo afirmar, em entrevista à CNN Brasil, que houve reconhecimento pela conquista.

“Não é verdade que já foi reconhecido, eu queria dizer que foi reconhecido por todos na época, eu errei em não deixar isso claro”, afirmou Sérgio Coelho, nesta manhã, em comunicado enviado à imprensa.

Nesse domingo (11), durante o programa CNN Esportes S/A, o presidente atleticano afirmou: “O Galo foi reconhecido campeão brasileiro de 1937, merecidamente”.

O Atlético segue reconhecido como campeão brasileiro por duas vezes pelos títulos de 1971 e 2021, em torneios organizados pela Confederação Brasileira de Desportos (CBD) e Confederação Brasileiro de Futebol (CBF) - criada em 1979 e que passou a gerir o futebol no Brasil a partir de então.

O Atlético enviou um dossiê para a CBF 2022 e solicitou o reconhecimento da conquista do Torneio dos Campeões 1937 como Campeonato Brasileiro. O Galo deseja o reconhecimento semelhante ao feito em 2010, quando a entidade passou a considerar os campeões da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa como campeões nacionais.

No dossiê, o Galo apresentou recortes de jornais da época. Nas publicações, o Galo foi tratado como “campeão dos campeões”. O termo, inclusive, faz parte do hino alvinegro, escrito e composto por Vicente Motta, em 1969.

O torneio foi organizado pela Federação Brasileira de Futebol (FBF), que reuniu os campeões estaduais: Fluminense (Rio de Janeiro), Rio Branco (Espírito Santo) e Portuguesa (São Paulo), além dos convidados Liga da Marinha e Aliança, eliminados na fase preliminar.

Na época, os principais clubes do futebol paulista ficaram fora da competição (Palestra Itália - hoje Palmeiras -, Corinthians, Santos, Juventus e São Paulo). Essas equipes romperam com a Associação Paulista de Esportes Atléticos (Apea) e passaram a integrar a Liga Paulista de Futebol (LPF). Desta forma, a vaga no Torneio dos Campeões ficou com a Portuguesa.

Volta a ser primeiro campeão brasileiro

Com o iminente reconhecimento, o Atlético voltaria a a ser o primeiro campeão brasileiro. O clube ocupou essa posição entre dezembro de 1971 e dezembro de 2010, mas foi perdida para o Bahia, vencedor da Taça Brasil de 1959. Com o reconhecimento, o clube alvinegro retomaria esse título.

A campanha

Logo na estreia, o Atlético foi atropelado pelo Fluminense por 6 a 0, fora de casa. Foi a única derrota do Galo na competição. Na sequência, o time mineiro empatou com o Rio Branco, fora de casa, por 1 a 1.

A partir daí, o Alvinegro engatou uma sequência de quatro vitórias seguidas e caminhou rumo ao título. Foram três goleadas seguidas em casa: 5 a 0 sobre a Portuguesa; 4 a 1 sobre o Fluminense; e 5 a 1 sobre o Rio Branco, jogo que garantiu o título antecipado. O Atlético ainda venceu a Portuguesa, por 3 a 2, fora de casa, para fechar a campanha do título.

O Atlético também teve o artilheiro da competição. O atacante Paulista marcou oito vezes no torneio. Ele é o 24° maior goleador da história do Galo, com 87 gols.

O time campeão do Torneio dos Campeões contava com Kafunga, Florindo, Zezé Procópio, Lola, Bala, Alcindo, Quim, Clóvis, Paulista, Alfredo, Guará, Nicola, Rezende e Elair, sob o comando de Floriano Peixoto.

Mais sobre o dossiê do Atlético

O pedido do Atlético teve como base a Unificação dos Títulos Brasileiros promovida pela CBF em dezembro de 2010. O então presidente da entidade, Ricardo Teixeira, com base num dossiê produzido pelo jornalista Odir Cunha e por José Carlos Peres, ex-presidente do Santos, equiparou a Taça Brasil, disputada entre 1959 e 1968, e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Robertão, jogado de 1967 a 1970, ao Campeonato Brasileiro.

Com isso, Bahia, Cruzeiro, Botafogo e Fluminense passaram a ter um título a mais de campeão brasileiro. O Palmeiras “ganhou” quatro taças, e o Santos, seis.

O documento entregue pelo Atlético à CBF pedindo o reconhecimento do título do Torneio dos Campeões de 1937 como Campeonato Brasileiro tem os mesmos moldes do Dossiê da Unificação, que posteriormente virou um livro.

Campanha do Atlético no Torneio dos Campeões:

  • 13/1/1937 - Fluminense 6 x 0 Atlético

  • 17/1/1937 - Rio Branco 1 x 1 Atlético

  • 24/1/1937 - Atlético 5 x 0 Portuguesa

  • 31/1/1937 - Atlético 4 x 1 Fluminense

  • 3/2/1937 - Atlético 5 x 1 Rio Branco

  • 14/2/1937 - Portuguesa 2 x 3 Atlético

O jogo do título atleticano em 1937

Atlético 5 x 1 Rio Branco-ES

Atlético 5

Kafunga; Florindo e Quim; Zezé Procópio, Lola e Bala; Paulista, Alfredo, Bernardino (Bazzoni), Guará, Nicola e Resende. Técnico: Floriano Peixoto

Rio Branco-ES 1

Dias; Vicente e Humberto; Alemão, Pereira e Manduca (Zemar); Marciolínio, Alcy, Caxambú, Lacínio e Renato. Técnico: Laente de Lima Soares

Data: 3 de fevereiro de 1937

Estádio: Antônio Carlos

Cidade: Belo Horizonte

Gols: Lacínio, aos 28, Guará, aos 40, e Bazzoni, aos 43 minutos do primeiro tempo; Paulista, aos 20, Nicola, aos 30, e Paulista, aos 45 minutos do segundo tempo

Arbitragem: Júlo Corrêa de Melo (MG)

Maiores campeões do Brasileirão

Palmeiras - 11 (1960, 1967, 1967, 1969, 1972, 1973, 1993, 1994, 2016, 2018 e 2022)

Santos - 8 (1961, 1962, 1963 , 1964 , 1965 , 1968, 2002 e 2004)

Flamengo - 8 (1980, 1982, 1983, 1987, 1992, 2009, 2019 e 2020)

Corinthians - 7 (1990, 1998, 1999, 2005, 2011, 2015 e 2017)

São Paulo - 6 (1977, 1986, 1991, 2006, 2007 e 2008)

Cruzeiro - 4 (1966, 2003, 2013, 2014)

Fluminense - 4 (1970, 1984, 2010 e 2012)

Vasco - 4 (1974, 1989, 1997 e 2000)

Internacional - 3 (1975, 1976 e 1979)

Bahia - 2 (1959 e 1988)

Botafogo - 2 (1968 e 1995)

Grêmio - 2 (1981 e 1996)

Atlético - 2 (1971 e 2021)

Athletico-PR - 1 (2001)

Coritiba - 1 (1985)

Guarani - 1 (1978)

Sport - 1 (1987)

Matheus Muratori é jornalista multimídia com experiência em muitas editorias, mas ama a área esportiva. Faz cobertura de futebol, basquete, vôlei, esportes americanos, olímpicos e e-sports. Tem experiência em jornal impresso, portais de notícias, blogs, redes sociais, vídeos e podcasts.