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Robinho nega ter cometido estupro, diz ser inocente e vítima de racismo da Justiça Italiana

Robinho destacou que seu grande erro foi trair sua esposa, mas que foi perdoado por ela em 2014, quando o caso veio à tona

Robinho nega ter cometido estupro, alega inocência e ser vítima de racismo

Condenado pela Justiça italiana a nove anos de prisão por estupro coletivo, o ex-atacante Robinho, de 40 anos, quebrou o silêncio neste domingo (17) e afirmou ser inocente.

O STJ vai decidir na próxima quarta-feira (20) se Robinho deve cumprir no Brasil a pena por ter, segundo a Justiça italiana, participado do estupro coletivo de uma jovem albanesa numa boate em Milão, na Itália.

Em entrevista à atriz e apresentadora Carolina Ferraz, na TV Record, o ex-jogador afirmou que teve apenas um contato “leve e superficial” com a acusadora.

“Nós tivemos uma relação superficial e rápida. Eu e ela estávamos em pé, tivemos trocas orais, a gente trocou beijos, fora isso eu fui embora para a minha casa. E ela continuou no local com os outros, se divertindo como uma pessoa totalmente consciente. Em nenhum momento ela empurrou ou falou ‘para’. Ou em nenhum momento ela gritou. Tinha outras pessoas no local. Era um lugar totalmente aberto. Qualquer pessoa poderia entrar para colocar o seu casaco. Quando eu vi que ela queria continuar com os outros rapazes, eu fui embora pra casa”, disse.

“A garota se aproximou, começou a conversar comigo, começou a ter um leve contato. Nós fomos para um lugar que estava bem próximo, um lugar aberto, dava para todo mundo ver, tinha outras pessoas no local, tinha seguranças no local, e logo após esse superficial e rápido contato que tive com ela, eu fui embora pra casa. Foi isso que aconteceu aquele dia”, reafirmou.

Robinho destacou que seu grande erro foi trair sua esposa, mas que foi perdoado por ela em 2014, quando o caso veio à tona.

Em outro ponto, o ex-jogador acusa a Justiça Italiana de ser racista e de desconsiderar suas provas.

“Ela disse que estava grávida, eu fiz todos os exames. Mas eu joguei praticamente nove anos, dez anos na Europa, e quatro anos na Itália. E cansei de ver provas de racismo com companheiros meus, companheiros próximos, o que acontecia com Mario Balotelli, jogador negro e sofria com isso, jogava para defender a Seleção Italiana. Infelizmente isso tem até hoje. O que a Justiça Italiana fez em relação a isso? Os mesmos que não fazem nada com esse tipo de ato, que eu repudio o racismo, são os mesmos que me condenaram. Estava ali um negro, sem voz, sem falar nada. Com certeza se meu julgamento fosse para um italiano, um branco, meu julgamento seria completamente diferente”, disse.

Contradições de Robinho

Robinho declarou que os áudios vazados dele, que confirmavam penetração e sexo oral enquanto a mulher se encontrava desacordada, foram tirados de contexto.

“O que é verdade foi o que eu relatei no processo. Os áudios foram fora de contexto. Foram áudios de pessoas que estavam me perseguindo, querendo arrumar dinheiro, estavam querendo naquele momento me extorquir. Eu falo muitas coisas controversas. Tem hora que falo uma coisa, tem hora que falo outra. Mas o contexto daquele áudio é exatamente isso. Eu estava querendo me livrar de uma situação de extorsão. Quando eu vi que começou a tomar uma proporção maior, resolvi procurar meus advogados e resolvi me defender”, disse o ex-jogador.

Indagado sobre a afirmação de que fez sexo oral e penetrou a vítima, conforme constam nos áudios vazados, Robinho mudou de versão. “Se você pegar os áudios completos, você vai ver que cada hora eu falo uma coisa. E quem estava me ligando estava me pressionando. Então, há controvérsias minhas, de que fiz, que não fiz, quem é que estava. Mas em nenhum momento eu neguei isso para a Justiça. Eu fiz lá o teste de DNA meu, que não estava lá. Tem um teste que vai além do nosso conhecimento. Ainda assim, eu fui condenado”.

Segundo o documento mostrado pela defesa obtido pela Record, os vestígios sexuais na roupa da acusadora não são de Robinho. Tais documentos constam no inquérito da Justiça italiana.

“Ela me acusa de algo, de estupro coletivo, sem o consentimento dela. Se ela estava inconsciente no momento que estava comigo, como ela se lembra quantas pessoas tinham? Impossível lembrar de tantas coisas como ela lembrou”, explicou Robinho. “Os exames provam que ela não estava bêbada”, defendeu-se o ex-atacante.

Veja os principais trechos da entrevista de Robinho à TV Record

Como foi o contato com a garota

A garota se aproximou, começou a conversar comigo, começou a ter um leve contato. Nós fomos para um lugar que estava bem próximo, um lugar aberto, dava para todo mundo ver, tinha outras pessoas no local, tinha seguranças no local, e logo após esse superficial e rápido contato que tive com ela, eu fui embora pra casa. Foi isso que aconteceu aquele dia.

O estado de consciência da acusadora

A mulher que me acusa de algo tão grave, tão bárbaro, de estupro, ela lembra exatamente o que tinha acontecido no local, lembra a cor da minha camisa, lembra quantas pessoas estavam no lugar, antes do ocorrido (nós temos as imagens para vocês mostrarem a quem quiser ver), ela já estava combinando de só se aproximar de mim após a minha esposa deixar o local. Logo após o ocorrido, ela manda mensagem para amigas dela afirmando que estava bem. Ela sai com aqueles mesmos rapazes que estavam curtindo aquela noite, ela vai para outra discoteca até altas horas da madrugada, então isso prova que o que ela diz não é verdade.

Por que riu e debochou da mulher nos áudios vazados

Foi bom ter falado sobre os áudios. Os áudios foram um ano após o ocorrido. Isso foi em 2013 e os áudios foram de 2014. Naquele contexto dos áudios, eu estava conversando com pessoas que não são pessoas confiáveis. Não são meus amigos. Para quem não sabe, jogador de futebol se aproxima de muita gente para tentar arrancar dinheiro. Eles começaram com uma história de gravidez, que a mulher que me acusa estava grávida, depois mudaram e disseram que a mulher que me acusa queria 60 mil euros. A minha risada foi de indignação, ‘olha, vocês não vão me extorquir. Eu sei exatamente que não fiz nada, sei que não cometi nenhum crime’. Não engravidei nenhuma mulher. Então, a minha risada não foi de deboche às mulheres, não foi de deboche à vítima, foi simplesmente querer me livrar daquela situação. Eu estava completamente seguro de que eu estava sendo extorquido.

Fiz exame, não tinha DNA meu. Como posso ser condenado, se não tinha DNA meu lá.

Como foi a relação com a mulher naquela noite

O que eu tive com ela foi muito rápido, e eu saí do local. Logo após, eu não sei o que aconteceu. Eu fiquei sabendo depois de quatro meses o que eles me contaram. Realmente nós estávamos lá com o consentimento da garota, inclusive depois a gente saiu daí, foi para outro local. Mas eu saí do local e fui embora pra casa. Eu fui embora pra casa, minha esposa estava me esperando. Inclusive, foi um dia muito diferente. Ela estava me esperando. Fui pra casa dirigindo, normalmente, porque no dia seguinte eu tinha treino.

O que aconteceu entre os seus amigos e a vítima

O que eles me contaram é que ficaram com a garota por um determinado tempo, com o consentimento dela, depois saíram dali e foram para outra discoteca. Eles não se aprofundaram o que deixaram de fazer. E com todo respeito à sua pergunta, ali já não é mais uma questão minha, eu já não estava no local.

Estupro coletivo

É bom se lembrar que eu fui condenado por algo coletivo de seis pessoas. Por que só eu estou respondendo por isso? As outras pessoas que estavam no local estão disponíveis, estão dispostos. Um foi condenado, se não me engano mora fora do Brasil, e os outros (não aconteceu) absolutamente nada.

Fica bem claro para quem quiser ver que eles tinham objetivo de me condenar por algo que eu não fiz.

Cumprimento da pena no Brasil

Do fundo do meu coração, espero que a justiça seja feita. Espero que eles possam ver as minhas provas, que são provas gritantes, que mostram a minha inocência, não é uma prova qualquer. Espero que aqui no Brasil eu possa ter voz, o que eu não tive lá fora. É um tema muito complicado, porque você quer falar, você quer mostrar suas provas, mas provas que são tão relevantes para qualquer pessoa, para a Justiça Italiana não foi.

Racismo

Tudo me leva a acreditar que essa falsa acusação…Ela disse que estava grávida, eu fiz todos os exames. Mas eu joguei praticamente nove anos, dez anos na Europa, e quatro anos na Itália. E cansei de ver provas de racismo com companheiros meus, companheiros próximos, o que acontecia com Mario Balotelli, jogador negro e sofria com isso, jogava para defender a Seleção Italiana. Infelizmente isso tem até hoje. O que a Justiça Italiana fez em relação a isso? Os mesmos que não fazem nada com esse tipo de ato, que eu repudio o racismo, são os mesmos que me condenaram. Estava ali um negro, sem voz, sem falar nada. Com certeza se meu julgamento fosse para um italiano, um branco, meu julgamento seria completamente diferente. Sem sombra de dúvidas, com a quantidade de provas gritantes que eu tenho, ainda assim eu ter sido condenado.

Nos áudios, você diz que a garota estava fora de si

O que é verdade foi o que eu relatei no processo. Os áudios foram fora de contexto. Foram áudios de pessoas que estavam me perseguindo, querendo arrumar dinheiro, estavam querendo naquele momento me extorquir. Eu falo muitas coisas controversas. Tem hora que falo uma coisa, tem hora que falo outra. Mas o contexto daquele áudio é exatamente isso. Eu estava querendo me livrar de uma situação de extorsão. Quando eu vi que começou a tomar uma proporção maior, resolvi procurar meus advogados e resolvi me defender.

Em um dos áudios você disse que houve sexo oral. Em outro, mais adiante, você diz que houve penetração. O que aconteceu?

Se você pegar os áudios completos, você vai ver que cada hora eu falo uma coisa. E quem estava me ligando estava me pressionando. Então, há controvérsias minhas, de que fiz, que não fiz, quem é que estava. Mas em nenhum momento eu neguei isso para a Justiça. Eu fiz lá o teste de DNA meu, que não estava lá. Tem um teste que vai além do nosso conhecimento. Ainda assim, eu fui condenado.

O que eu tive com a garota foi algo superficial, algo rápido.

O que então aconteceu entre você e a garota?

Nós tivemos uma relação superficial e rápida. Eu e ela estávamos em pé, tivemos trocas orais, a gente trocou beijos, fora isso eu fui embora para a minha casa. E ela continuou no local com os outros, se divertindo como uma pessoa totalmente consciente. Em nenhum momento ela empurrou ou falou ‘para’. Ou em nenhum momento ela gritou. Tinham outras pessoas no local. Era um lugar totalmente aberto. Qualquer pessoa poderia entrar para colocar o seu casaco. Quando eu vi que ela queria continuar com os outros rapazes, eu fui embora pra casa.

Você sempre foi infiel?

Nunca. Eu cometi meus erros, como qualquer ser humano, mas graças a Deus isso já foi resolvido com a minha esposa há dez anos. Eu nunca fui santo, mas obviamente as pessoas evoluem, as pessoas melhoram muito. Mas o fato de eu ter sido um irresponsável, inconsequente ali e de estar naquele lugar, isso não significa que eu sou um criminoso. Existe uma linha, uma diferença muito grande de você cometer um erro e de você cometer um crime.

Hoje, você pediria desculpas a quem?

Sem sobra de dúvidas, para minha esposa. Desculpa para todas as mulheres que gostam de mim, que foram induzidas pelos áudios, que só ouviram fora de contexto. Peço desculpas pelos áudios grosseiros que fiz. Como qualquer ser humano, eu erro, sou falho, mas criminoso, nunca. Eu sei respeitar todo mundo, inclusive as mulheres.

Foi apenas uma traição?

Nunca houve estupro. Os fatos mostram isso. Eu jamais cometeria um crime dessa magnitude e nenhum outro.

Relembre a investigação do caso

Transcrições de interceptações telefônicas realizadas com autorização judicial mostraram que Robinho revelou ter participado do ato que levou uma jovem de origem albanesa a acusar o jogador e amigos de estupro coletivo, em Milão, na Itália. Em 2017, a Justiça italiana se baseou principalmente nessas gravações para condenar o atacante em primeira instância a nove anos de prisão. Os áudios revelados agora já estavam transcritos nos processo.

Os trechos divulgados mostram Robinho conversando com o amigo Ricardo Falco sobre a noite do crime, ocorrido em 2013, na boate Sio Café, em Milão. Eles discutem sobre os depoimentos que deram para a polícia. As gravações trazem descrições explícitas da cena do abuso e linguagem imprópria.

Em uma das gravações, o jogador admite que fez sexo com penetração com a vítima. Anteriormente, o ex-jogador do Santos e da Seleção Brasileira tinha afirmado que só havia ocorrido sexo oral. O brasileiro e seu amigo Falco foram condenados a nove anos de prisão pelo crime de agressão sexual em grupo. Como voltou para o Brasil, a pena não foi executada.

Além das gravações telefônicas, a polícia italiana instalou um grampo no carro de Robinho e conseguiu captar outras conversas. Para a Justiça italiana, as conversas são “auto acusatório”. As escutas exibem um diálogo entre o jogador e um músico, que tocou naquela noite na boate e avisou ao atleta sobre a investigação.

Em outubro de 2020, o advogado Franco Moretti, que representava Robinho na Itália, reforçou que seu cliente era inocente. O jogador afirmou que toda a relação que teve com a denunciante foi consensual e ressaltou que seu único arrependimento foi ter sido infiel com sua mulher.

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