O jornal Marca noticiou que Luis Rubiales, presidente da RFEF (Real Federação Espanhola de Futebol), anunciará o seu desligamento do cargo nesta sexta-feira (25). Publicada nesta quinta-feira (24), a reportagem afirmou que o dirigente deixará o comando da entidade após ser acusado de assédio na Copa do Mundo Feminina, quando beijou a atacante Jenni Hermoso, da Espanha, durante a premiação das campeãs.
Também nesta quinta-feira (24), a Fifa informou que abriu um processo disciplinar contra Luis Rubiales. Nessa quarta (23), a jogadora quebrou o silêncio e se manifestou sobre o episódio, por meio do sindicato FUTPRO, e pediu “medidas exemplares” contra o dirigente.
De acordo com a Fifa, está sendo apurado se o beijo de Rubiales constitui violações do artigo 13, parágrafos 1 e 2, do Código Disciplinar da entidade. Os itens versam sobre comportamento ofensivo e violação dos princípios do fair play.
No parágrafo 2, são listadas as condutas que podem render punição: violar as regras básicas de conduta decente; insultar alguém com gestos, sinais ou palavras; usar eventos esportivos para demonstrar uma natureza antidesportiva; agir de forma que coloque o futebol ou a Fifa em descrédito; alterar a idade de jogadores. Não há nenhuma descrição específica sobre assédio.
“O Comitê Disciplinar da Fifa só fornecerá mais informações sobre estes processos disciplinares depois de emitir uma decisão final sobre o assunto. A Fifa reitera o seu compromisso inabalável de respeitar a integridade de todos os indivíduos e condena veementemente qualquer comportamento contrário”, diz o comunicado da entidade.
Pressão
O caso tomou grande repercussão e até o governo espanhol tem se posicionado. Félix Bolaños, ministro da Presidência da Espanha, disse, durante uma visita oficial a Paris, que há a possibilidade de uma intervenção. “Estamos acompanhando de muito perto, porque as coisas não podem ficar assim. Estamos esperando medidas, mas, se nada acontecer, o Governo irá atuar”, afirmou.
A Anistia Internacional, por sua vez, publicou nesta quinta-feira um nota de apoio a Hermoso, após o comunicado divulgado pela FUTPRO. “A ação de Luis Rubiales é violência sexual no ambiente de trabalho e parte de um superior hierárquico. A RFEF deve tomar medidas urgentes, investigando adequadamente o ocorrido, colocando o foco na proteção da jogadora e cumprindo seu protocolo frente à violência sexual”, posicionou-se a organização.
Denúncia
Após o beijo sem consentimento, Rubiales foi denunciado ao Conselho Superior de Esportes da Espanha. A denúncia foi movida por Miguel Galán, presidente da Escola Nacional de Treinadores de Futebol. Galán classificou a atitude de Rubiales como um “ato sexista intolerável no esporte” e se baseou na Lei 39/2022 do Esporte, legislação recente na qual é determinado que “qualquer ação que possa ser considerada discriminação, abuso ou assédio sexual e/ou assédio por razão de sexo ou autoridade deve ser levada ao conhecimento do órgão sancionador do Conselho Superior de Esportes, para ser sancionada como infração grave”.
A denúncia também cita o protocolo interno da Federação Espanhola de Futebol contra a violência sexual. No artigo 14, há um item específico que versa sobre “beijo à força” e considera tal comportamento como “conduta inaceitável que acarretará em consequências imediatas”. Galán pede que a denúncia seja transferida ao Tribunal Administrativo do Esporte. Diante da crise causada pela imagem, a Federação convocou um Assembleia Geral Extraordinária para sexta-feira. Durante o encontro, o presidente, que cumpre mandato com encerramento previsto para o final 2024, terá de dar explicações sobre seu comportamento.