Enviado especial a Doha - Era 1º de julho de 2006 e um estádio de nome complicado, o Weltmeisterschaft, em Frankfurt, sediava uma das quartas de final do Mundial da Alemanha. Brasil e França reviviam a final de 1998, oito anos oito anos depois, brigando pela presença nas semifinais. Foi o último jogo presencial do jornalista Rogério Perez numa Copa. Ele, eu, que estava ao seu lado na bancada de imprensa, pois fomos os representantes do jornal Hoje em Dia naquele torneio, todos os brasileiros, aliás, grande parte do mundo, acreditávamos, antes de aquela competição começar, que o hexa viria.
A base pentacampeã quatro anos antes tinha sido mantida. E as trocas que aconteceram não significaram perda técnica, muito pelo contrário, deram ao time de Carlos Alberto Parreira, pelo menos teoricamente, mais força defensiva, intensidade de jogo e poderio ofensivo.
Depois de ver in loco a Seleção fracassar na busca pelo tetra em 1978, na Argentina, 1982, na Espanha, e 1986, no México, Perez, que ficou de fora, presencialmente, em 1990, na Itália, acompanhou toda a caminhada do tetra, em 1994, nos Estados Unidos.
Brindou seu público com suas crônicas em 1998, na França, quando teve um dos grandes prazeres da carreira, que foi ser acompanhado pelo filho caçula, o Gu, que se aventurava por essa cachaça chamada Jornalismo.
Depois de um 2002 de longe, a Alemanha voltou a contar com a presença crítica de Rogério Perez. E o durão sofreu com a derrota para os franceses. Queria ver o Brasil na decisão do título mais uma vez. Parecia adivinhar que se despendia presencialmente das tribunas de mídia das Copas naquele 1º de julho de 2006, pois torceu pelo time de Parreira como se fosse seu Leão do Bonfim.
Apesar do sofrimento em Frankfurt, com a eliminação diante dos franceses, não foi sua maior decepção no torneio. Nem minha, dos brasileiros ou de todo mundo que gosta de futebol e acompanhou o Mundial da Espanha, em 1982.
O fantástico time de Telê Santana cair diante da Itália, num dos triangulares das quartas de final, superou a derrota. Foi pecado.
E toda a trajetória daquela equipe ganha mais uma obra. Além da saga de Rogério Perez para conseguir ser credenciado para aquele Mundial, tem matérias e crônicas que ele escreveu sobre uma das maiores seleções já montadas em todos os tempos.
E naquela Copa, ele, que se chamava Rogério Augusto Perez Pereira, assinava Rogério Perez, seu nome jornalístico, no caderno de esportes do Estado de Minas. Na Segunda Seção, o caderno de cultura, Augusto Pereira, seus dois outros nomes, contava as dificuldades de um “clandestino” pela Espanha, terra dos seus avós paternos, que nasceram em Cádiz.
A organização do livro Agente Dulpo – Missão 82 – 40 anos de Sarriá, com textos originais de Rogério Perez, tem a adaptação dos filhos, Leonardo, Bruno e Gustavo. A obra poderá ser comprada a partir do final do mês na plataforma Amazon.
Perez morreu em 27 de setembro deste ano, menos de dois meses antes de a bola rolar no Catar, onde ele está, com certeza, vendo de cima, com visão panorâmica, tudo o que acontece naquela que foi uma das suas paixões, a Copa do Mundo.