Enviados especiais a Doha - “Brasil, decime qué se siente” é uma febre entre os argentinos desde 2014 e uma música recheada de provocações ao futebol brasileiro. Uma delas é a descrição do lance em que Maradona dribla vários jogadores da Seleção e coloca Caniggia sozinho para superar Taffarel e garantir a vitória de 1 a 0 da Argentina no último confronto entre os dois países em Copas, em 1990, nas oitavas de final do Mundial da Itália.
Este é só um dos traumas da história da Seleção Brasileira na competição que o time de Tite pode enfrentar, e superar, caso passe pela Croácia nas quartas de final da Copa do Catar. O confronto será nesta sexta-feira (9), às 12h (de Brasília), no Education City Stadium, em Doha.
Se passar pelos croatas, o Brasil encara nas semifinais Argentina, que além da derrota de 1990, no último confronto entre eles numa Copa, tem ainda para vingar a perda da Copa América de 2021 dentro do Maracanã, também com um 1 a 0, ou a Holanda, carrasca em dois dos últimos três Mundiais.
Nas quartas de final de 2010, na África do Sul, a Seleção, comandada por Dunga, fez um grande primeiro tempo diante dos holandeses, em Port Elizabeth, mas na etapa final a coisa desandou, o time brasileiro entrou em parafuso e dois gols de Sneijder decretaram nossa eliminação.
Quatro anos depois, após tomar 7 a 1 da Alemanha, nas semifinais, no Mineirão, o Brasil foi decidir o terceiro lugar da Copa que organizou diante da Holanda, no Mané Garrincha, em Brasília. E tomou outra lavada, perdendo por 3 a 0 na pior sequência da Seleção em Mundiais, e também maior vexame.
Vingança dupla
Assim como os holandeses, os franceses, que podem ser adversários na decisão do título, também são alvos de vingança dupla da Seleção Brasileira, isso em se tratando de Copas do Mundo.
Em 1998, os dois países fizeram a final no Stade de France, em Saint Denis, e os donos da casa conquistaram a taça pela primeira vez sem dificuldade, aplicando um 3 a 0 que teve Zinedine Zidane como destaque, com dois gols.
Oito anos depois, na Alemanha, a primeira tentativa do hexa parou na França. Os dois países se enfrentaram nas quartas de final e com novo show de Zidane eles levaram a melhor, com um placar mais modesto, 1 a 0, gol de Thierry Henry, mas superioridade talvez até maior que a vista na decisão de 1998.
Invencibilidade
Os portugueses, embalados pelos 6 a 1 diante da Suíça na última terça-feira (6) também “devem” à Seleção quando se trata de Copa do Mundo. Dos 47 adversários que o Brasil já enfrentou no torneio, apenas três não foram superados: Hungria, Noruega e Portugal.
E os lusitanos foram os personagens principais na única eliminação brasileira na fase de grupos com quatro equipes, modelo usado desde o Mundial de 1958, na Suécia, portanto em 17 das 22 edições do torneio.
Na última rodada do Grupo C, Brasil e Portugal disputavam uma das duas vagas da chave nas quartas de final. Um já baleado Pelé foi caçado pelos zagueiros portugueses e Eusébio reinou no Goodison Park, em Liverpool e comandou a vitória portuguesa por 3 a 1 que tirou da Seleção a chance de brigar pelo tricampeonato em sequência logo na primeira fase.
Nas semifinais, se passar pela Croácia, a chance de vingança é uma certeza, sejam argentinos ou holandeses os adversários. Na final, ela é grande, pois França e Portugal aparecem como favoritos nos seus confrontos das quartas, contra Inglaterra e Marrocos, respectivamente. E isso faz com que o hexa possa ser conquistado com um gostinho todo especial.