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Namoro de Jimin, do BTS, reacende debate sobre relacionamentos de idols no K-pop

Romance do integrante do BTS traz à tona antigos tabus da indústria musical sul-coreana

BTS é o maior grupo de K-pop dos últimos anos

A confirmação do antigo namoro de Jimin, integrante do BTS, com a atriz Song Da Eun reacendeu a discussão sobre relacionamentos na indústria do K-pop. Apesar do comunicado da BigHit divulgado pela imprensa sul-coreana, parte do fandom ainda coloca em dúvida a informação. A contestação ocorre porque, tradicionalmente, a empresa utiliza o WeVerse — aplicativo oficial de interação entre artistas e fãs — para divulgar posicionamentos sobre o grupo.

Um tema histórico

A questão dos relacionamentos entre idols é polêmica desde os anos 1990, quando o K-pop começou a se estruturar na Coreia do Sul com Seo Taiji and Boys e a primeira geração de grupos como H.O.T., S.E.S., Sechs Kies e Fin.K.L. Inspiradas no modelo japonês, as agências coreanas criaram contratos rígidos, que incluíam cláusulas de proibição de namoro.

Com o crescimento da SM Entertainment, fundada por Lee Soo-man em 1995, e da YG Entertainment, criada por Yang Hyun-suk em 1996, esse modelo foi consolidado. A ideia de que fãs eram “donos” de seus ídolos se tornou parte da cultura do K-pop. Desde então, não foram raros os protestos contra relacionamentos revelados, que iam desde boicotes até episódios de queima de álbuns e fotos em frente às empresas.

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Mudanças recentes

Nos últimos anos, a percepção vem mudando, sobretudo entre fãs internacionais, que encaram a vida amorosa dos artistas como algo natural. As próprias agências também passaram a tratar o tema com mais cautela, emitindo comunicados respeitosos e, em alguns casos, oferecendo espaços seguros para que os idols possam se relacionar em privacidade. Ainda assim, cada novo anúncio continua a gerar intensos debates nas redes sociais.

Namoros que marcaram o Kpop

O relacionamento de Jimin se soma a uma lista de romances que marcaram a história do K-pop:

  • HyunA e Dawn (ex-Pentagon): o casal assumiu o namoro em 2018, em publicação feita por HyunA, após a Cube Entertainment negar a relação. Ambos deixaram a empresa e assinaram depois com a P Nation, de Psy, dono do hit mundial Gangnam Style.
  • Kai (EXO): teve dois relacionamentos revelados pela imprensa. O primeiro, com Krystal (f(x)), exposto pelo site Dispatch em 2016. Já em 2019, fotos com Jennie (BLACKPINK) confirmaram um novo namoro, reunindo dois dos grupos mais populares da época.
  • Baekhyun (EXO) e Taeyeon (SNSD): em 2014, o relacionamento gerou forte repercussão, já que ambos eram envolvidos em “ships” dentro de seus grupos. O caso exemplifica como a indústria alimenta interações fictícias entre idols para atrair fãs, prática que, inclusive, inspirou produções audiovisuais como as séries Boys Love na Tailândia.
  • Chen (EXO): em 2020, surpreendeu ao anunciar o casamento e a chegada da primeira filha. O relacionamento, antes tratado como rumor, foi alvo de resistência de fãs, mas hoje o cantor vive uma vida familiar estável, sendo pai de duas meninas.
  • Karina (Aespa) e Lee Jae-wook: o casal se conheceu em um desfile da Prada, em Milão, em 2024. Após a revelação feita pelo Dispatch e confirmada pelas agências, Karina chegou a publicar uma carta pedindo apoio dos fãs. O namoro terminou em abril do mesmo ano, em meio à pressão midiática e à agenda do ator.
  • Sungmin (Super Junior): casado desde 2014 com a atriz Kim Sa Eun, o idol enfrentou resistência de parte do fandom. Desde 2015, está afastado das atividades do grupo. Em 2025, deixou a SM Entertainment para investir na carreira solo, mas mantém contrato para possíveis projetos com o Super Junior.

Novos tempos

O namoro de Jimin movimenta os fãs do BTS e reforça a reflexão sobre os rumos do K-pop. Aos poucos, a indústria parece se afastar de antigos tabus, abrindo espaço para que artistas conciliem carreira e vida pessoal com mais transparência.

Exemplos de aceitação positiva já existem, como os casos de Bobby (iKON), Taetaecyeon e Chansung (2PM), que receberam apoio dos fãs mesmo após anunciarem noivado, casamento e filhos. O futuro aponta para uma relação mais saudável entre público, artistas e empresas, na qual a vida pessoal dos idols não seja vista como ameaça à sua popularidade.

Carol Caputo é publicitária, podcaster e estudante de Jornalismo na Universidade Estácio de Sá. É apaixonada por cultura pop - com foco nas produções do Leste Asiático