‘Balada Acima do Abismo': peça com Maria Fernanda Cândido estreia em BH

Espetáculo é um diálogo entre a música e a literatura dos textos de Clarice Lispector, ao som da pianista Sonia Rubinsky; estreia será neste sábado (22)

Peça Balada Acima do Abismo

A atriz Maria Fernanda Cândido e a pianista Sonia Rubinsky apresentam, neste sábado (22), em Belo Horizonte, a peça “Balada Acima do Abismo”. O espetáculo, que mostra um diálogo entre a música e a literatura dos textos de Clarice Lispector, estreia no Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas, às 20h. A Itatiaia participou de uma coletiva de imprensa com as artistas nesta sexta-feira (21).

Filha de um mineiro, Maria Fernanda Cândido disse que está muito feliz por trazer a peça para a capital. "É muito emocionante estar aqui. Para mim, os mineiros são muito ligados a palavra e a literatura. Existe essa intimidade”, contou.

A peça conta com trechos dos textos de Clarice Lispector, que foram adaptados por Catarina Brandão. Os trechos escolhidos para interpretação, segundo a artista, abordam aspectos como: o feminino, a infância, a vocação literária, a espiritualidade e a paixão pela língua portuguesa.

Os trechos selecionados estão nas obras As Águas do Mundo, Restos de Carnaval, É para lá que eu vou e partes de A Repartição dos Pães, intercalados com escritos autobiográficos. Ainda segundo Maria Fernanda, o escritos de Clarice não contam com vocabulário complexo. “É simples, mas não é simples para onde o texto te leva”, frisou. A artista também destacou que a música oferece o “respiro necessário ao público”.

História com Clarice

Maria Fernanda Cândido contou que conheceu Clarice Lispector ainda na adolescência, ao ler A Hora da Estrela pela primeira vez. Ela teve acesso a obra na escola e no período do vestibular. A partir dali, seguiu explorando o livro da escritora.

Aos 29 anos, a atriz teve contato com A Paixão Segundo G.H. O livro, segundo Maria Cândido, tem impacto “profundo” em sua trajetória. “Eu não podia nem sonhar que no futuro faria essa personagem”, disse ela, que interpretou a personagem no filme do diretor Luiz Fernando Carvalho.

A história do espetáculo

A iniciativa do espetáculo que estreia em Belo Horizonte partiu de Catarina Brandão, responsável pela adaptação dos textos. Catarina soube que Maria Fernanda vivia em Paris e havia protagonizado o longa inspirado em Clarice. Ela, então, fez uma convite para que a atriz pudesse integrar uma leitura dramatizada na Embaixada do Brasil.

Durante esse período, surgiu a parceria com a pianista Sonia Rubinsky. As primeiras apresentações eram leituras dramáticas acompanhadas de piano, realizadas em espaços destinados a recitais. O formato teve boa recepção do público, que demonstrava curiosidade pela autora brasileira.

A atriz explicou que, em 2024, sentiu o desejo de transformar as leituras dramáticas em espetáculo. A montagem brasileira é assinada por Gonzaga Pedrosa (direção), Fábio Namatame (cenário e figurino) e Caetano Vilela (iluminação). Ela também apresentou a peça na França, com ficha técnica francesa, criando duas versões distintas do mesmo texto.

Para Maria Fernanda, a literatura de Clarice é feita de contradições. Essas nuances, segundo ela, aparecem nas diferentes leituras culturais. Enquanto a montagem brasileira enfatiza o “lado luminoso” da escrita, com tom mais leve, etérea e iluminada, a versão francesa mergulha no “lado difícil” das contradições claricianas. “Os dois olhares são verdadeiros. É a mesma moeda vista por prismas culturais diferentes”, disse.

Música e teatro

Durante a coletiva de imprensa, Sonia Rubinsky destacou que a música clássica atravessa a obra de Clarice. A escolha de Villa-Lobos, Rachmaninoff e Nepomuceno não é ilustrativa, mas estrutural. “A música começa quando as palavras já não dão mais. Clarice tenta dizer o indizível, e a música clássica também. O encontro é perfeito”, apontou.

As artistas relataram que o espetáculo funciona como uma porta de entrada para novos públicos tanto para as obras de Clarice quanto para a música clássica. Segundo elas, muitos espectadores assistem à apresentação sem conhecer profundamente a autora ou sem nunca ter visto um recital de piano.

Filme: ‘O agente secreto’

Por fim, Maria Fernanda comemorou o sucesso de seu trabalho no filme ‘O agente secreto’, um thriller político dirigido por Kleber Mendonça Filho, com Wagner Moura no papel principal. “Para que a sala de cinema sobreviva, a gente precisa prestigiar. Não tem prêmio maior do que ver o brasileiro valorizando o nosso cinema”, declarou,

Serviço

BALADA ACIMA DO ABISMO – MARIA FERNANDA CÂNDIDO
Data: 22/11/2025
Horário: sábado, às 20h
Ingressos: R$ 40,00 inteira
Classificação: Livre
Duração: 75 min
Local: Teatro do Centro Cultural Unimed-BH Minas – Rua da Bahia 2244 – Lourdes
Vendas: Sympla ou bilheteria do teatro
Bilheteria: (031) 3516.1360

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Estudante de jornalismo pela PUC Minas. Trabalhou como repórter do caderno de Gerais do jornal Estado de Minas. Na Itatiaia, cobre Cidades, Brasil e Mundo.

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