“Você já imaginou uma versão melhor de si mesmo?”, a frase é usada para convencer Elizabeth Sparkle, interpretada por Demi Moore, na propaganda sobre a substância, mas poderia ser utilizada em qualquer outro programa de autoajuda da atualidade.
Visto pela crítica especializada como um dos grandes candidatos a vencer, pelo menos, uma categoria no Oscar 2025, “A Substância”, mostra exageradamente àquilo que é incomodo para todas as pessoas - especialmente mulheres: a força que os padrões de beleza têm, não somente nas mentes, como também nas esferas sociais, do trabalho, da família e dos círculos sociais.
A trama inicia com a demissão de Elizabeth Sparkle, uma estrela de programas fitness no aniversário de 50 anos dela, porque, Harvey, o produtor executivo da atração - vivido por Dennis Quaid - a considerava “velha demais” para seguir no cargo. Deprimida após a demissão, a ex-musa fitness recebe uma proposta para participar de um tratamento clandestino que promete transformá-la em uma versão melhor - e mais nova de si.
Com a vizinhança de Hollywood como pano de fundo, em uma mansão com vista para os pinheiros da Califórnia, os grandes exageros provocados pela fama e pelo dinheiro mostram uma realidade da qual a protagonista não quer abdicar. Aos 50 anos, Elizabeth Sparkle faria de tudo para recuperar a juventude e a beleza e, é isso que ela faz.
Ao utilizar a substância, de Moore nasce Sue, uma versão vivida por Margaret Qualley. Ainda que em corpos diferentes, as duas dividem a mesma consciência.
“A Substância” propõe uma reflexão sobre os padrões de beleza, mas, mais do que isso, sobre o prazo de validade dos organismos humanos.
Dirigido pela francesa Coralie Fargeat, o longa coloca uma lupa em tudo que é grotesco na humanidade e que, por motivos estéticos, não é olhado. Desde a cena de uma mosca em um drink de um restaurante de luxo à cena do nascimento do Sue, Fargeat não deixa o espectador esquecer que, apesar de todos enfeites, até mesmo as grandes estrelas, no fim, serão sempre um organismo grotesco, um acumulado de células. Bom trabalho também do diretor de fotografia Benjamin Krakun.
Na disputa dos padrões de beleza, não há organismo que aguente a ‘perfeição estética’.
Aclamação de Demi Moore
Com 45 anos de carreira, Demi Moore tem celebrado as primeiras indicações e vitórias de grandes prêmios da indústria cinematográfica mundial. Ao ganhar o Globo de Ouro pela categoria Melhor Atriz em Cinema - em Comédia ou Musical, a artista comentou sobre o machismo que sofreu durante a carreira.
“Há 30 anos, um produtor me falou que eu era uma ‘popcorn actress’ [artista que atua em filmes populares, mas que não são aclamados criticamente]. E, naquela época, fiz essa afirmação significar que eu não tinha permissão de ter algo como isso [o prêmio]. Que eu não poderia fazer filmes que não só seriam bem-sucedidos, mas como reconhecidos. Eu acreditava nisso”, disse.
“Esse pensamento me corroeu por muito tempo até o ponto em que eu acreditava há poucos anos que talvez fosse isso. Então quando estava neste ponto baixo, eu recebi esse magico, audacioso, corajoso e ‘fora da caixa’ e absolutamente bombástico script na minha mesa chamado ‘A Substância’. Então, o universo revelou que eu não tinha acabado ainda”, desabafou.
Indicações e prêmios
“A Substância” recebeu cinco indicações ao Oscar nas categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz, Melhor Roteiro Original e Melhor Maquiagem e Penteados.
Até o momento, o longa já venceu os seguintes prêmios:
- Melhor Roteiro no Festival de Cannes
- Melhor protagonista no Festival de Internacional de Cinema de Toronto - Demi Moore
- Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Comédia ou Musical - Demi Moore
- Melhor Atriz no prêmio Saturno
- Melhor Maquiagem em Filme no Prêmio Saturno - Pierre-Olivier Persin
- Melhor Atriz no Critics’ Choice Awards - Demi Moore
- Melhor Roteiro Original no Critics’s Choice Awards - Caralie Fargeat
- Melhor Cabelo e Maquiagem no Critics’ Choice Awards
- BAFTA Awards por Melhor Maquiagem e Caracterização
- SAG AFTRA de Melhor Atriz - Demi Moore