Após falar sobre transplante de medula óssea e divulgar os passos para doação,
Conforme o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea, “a média de atendimento diária de contato no chatbot do Redome duplicou de 10 a 15 atendimentos para 30”.
Por outro lado, a busca por informações para cadastro no e-mail saltou de 30 a 40 para 100 mensagens de contato por dia. Os dados englobam o período entre 27 de março (quando Fabiana relatou ter recebido a doação) e 1º de fevereiro.
Ainda não é possível precisar se ocorreu um aumento de doações de medula óssea neste período, visto que são avaliados critérios, como a saúde, antes do procedimento - entenda abaixo.
A base do Redome possui 5.712.359 doadores. Se levado em consideração o período entre 2016 e 2023, o ano de 2022 foi o que menos registrou novos cadastros, com 111.136. Na sequência, aparece 2023, com 126.222. O pico de inscrições ocorreu em 2016, com 330.359 novos cadastros.
Hemominas tem aumento de 11,8%
A Fundação Hemominas identificou um aumento de 11,8% no número de cadastramentos de candidatos à doação de medula óssea em Minas Gerais.
“No período de 27/03/24 a 01/04/24 foram cadastrados 186 candidatos sendo que na semana anterior, de 20/03 a 25/03/24, foram cadastrados 167 candidatos”, explica a fundação à Itatiaia.
Porém, o Hemominas destaca que “a busca por informações sobre critérios para efetuar o cadastro, orientações para obter carteirinha ou fazer a atualização dos dados no Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) é uma atividade rotineira dos cidadãos mineiros, não havendo, ainda, evidências de aumento nas demandas”.
Para realizar o cadastro como candidato à doação de medula óssea, a população mineira deve acessar o
- Ter entre 18 e 35 anos, boa saúde e não apresentar doenças como as infecciosas ou as hematológicas;
- Apresentar documento oficial de identidade, com foto;
- Preencher os formulários de identificação do candidato à doação de medula e Termo de Consentimento (disponíveis no site);
- Colher uma amostra de sangue com 5ml para testes, para fazer o exame HLA (Antígenos Leucocitários Humanos) que irá determinar as características genéticas necessárias para a compatibilidade entre o doador e o paciente. O tipo de HLA será cadastrado no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), vinculado ao Instituto Nacional do Câncer (Inca).
A fundação ressalta ainda “que é muito importante contribuir com a doação de sangue, pois os pacientes que precisam de um transplante de medula óssea também recebem muitas transfusões antes e após o procedimento, como parte essencial do tratamento”. A doação pode ser agendada pelo site ou aplicativo MGApp Cidadão.
Quem pode doar medula óssea?
A hematalogista Mariana Chalup, do Cancer Center Oncoclínicas, em Belo Horizonte, destaca que nem todas as pessoas podem ser doadoras de medula óssea.
“Existem alguns critérios baseados no estado de saúde do possível doador. Primeiro, ele vai passar por uma avaliação de saúde. Então doenças graves podem ser uma contra indicação e o histórico também, se ele teve algum tipo de câncer, seja do tumor sólido ou algum câncer hematológico”, explica.
Em caso de doadores que não possuem relação com o paciente, ele deve realizar um cadastro no Redome - Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea. O limite de idade é de até 35 anos. A médica explica que o efeito do transplante, a partir da doação de pessoas mais jovens, é melhor.
Porém, caso a doação seja feita entre parentes, geralmente para um irmão, pai, mãe e filho, o limite de idade costuma ser em torno de 65 anos.
Do doador ao paciente
A hematalogista esclarece que algumas etapas devem ser seguidas após a compatibilidade da medula doada com o paciente que necessita do transplante.
“A primeira etapa é a compatibilização do HLA, que é a avaliação genética que é necessária para a realização do transplante. Uma vez realizada essa compatibilização, esse doador vai realizar uma avaliação clínica, com alguns exames de sangue, às vezes alguns exames de imagem também, para uma avaliação global da saúde dele naquele momento”, inicia.
Depois, em um segundo momento, ocorre a programação da coleta de células-tronco, que pode ser realizada de duas formas:
“Através da coleta da medula óssea, propriamente dita, que é um procedimento realizado em bloco cirúrgico. O doador sob sedação, de forma a minimizar qualquer tipo de desconforto, passará por uma punção com uma agulha específica na crista ilíaca, que essa região lateral do quadril, e a gente vai retirar uma parte do sangue da medula óssea”, esclarece.
Algumas semanas após a coleta, esse sangue será restituído para que essa medula fique completamente restabelecida “não havendo nenhum tipo de prejuízo para a saúde do doador”.
A segunda forma de doação é a coleta de células-tronco periféricas. “Nesse caso, o doador vai receber um estimulante pra liberar a células-tronco da medula óssea na corrente sanguínea. E, através de uma punção venosa simples, geralmente na região do braço, esse sangue será coletado e passará pela máquina de aférese, que parece uma máquina de hemodiálise, que vai filtrar esse sangue, mas, no caso, ela vai coletar as células-troncos que serão armazenadas em uma bolsinha de transfusão de sangue”, detalha.
Conforme a hematologista, com o paciente já internado no hospital, “essas células coletadas serão infundidas, tanto as células-tronco periféricas quanto as células-tronco da medula óssea”. Isso depende da doença do paciente.
Chalup destaca que “as duas formas de coleta são muito seguras”.