Gabriela Botelho revela que ainda lida com ‘gatilhos’ do Miss Universo Brasil

A belo-horizontina Gabriela Botelho, de 22 anos, não ganhou o concurso Miss Universo Minas Gerais, mas recebeu o tão sonhado “passaporte” para estar na etapa nacional. Um mês após perder o estadual, a mineira foi indicada pela coordenação de Sergipe e representou o estado nordestino na noite final, garantindo o Top 6. Apesar de já ter anunciado aposentadoria neste universo, muitos fãs de Botelho sonham em vê-la novamente no palco de algum concurso - que ela confessa ter resgatado gatilhos de um passado traumático.

"É muita pressão. Beleza é uma coisa muito subjetiva, o que pode ser bonito para você, pode não ser tão bonito para outro. Às vezes é uma questão de gosto, o que a pessoa acha que vai combinar melhor para o que eles estão querendo e acham. É aquela menina que brilha mais na noite final”, explica Gabriela sobre o resultado do concurso que elegeu a gaúcha Maria Brechane.

Gabriela explica que, apesar do concurso tentar ser mais inclusivo, alguns padrões estéticos devem ser quebrados. “A gente está tentando mudar o mundo Miss, para que as misses sejam muito além do que beleza, para que ela seja comunicação, projeto, uma representante de fato. Mas infelizmente existem algumas pessoas, em alguns lugares, enfim, que estão muito presas aquela ideia antiga de que a miss tem que ser aquele padrão perfeito”.

“Eu me preparei de uma forma tão intensa. Oratória, me tornei fluente em inglês, espanhol e italiano. Participo de projetos sociais há muitos anos, ou seja, de forma genuína, foi muito antes de participar de concursos. Então tudo aquilo que o concurso pedia, eu cheguei lá e consegui dar o meu melhor. Mas, ainda assim, inúmeras pessoas, inúmeras vezes, me colocaram em um lixo, porque eu tenho o corpo de uma brasileira com alguns centímetros no quadril”, acrescentou.

Ela destaca que, diferente do Miss Universo Minas Gerais, no nacional eles deram mais foco no que a organização internacional pedia. “No Miss Brasil eu senti que deram mais foco nessas outras questões, que é o que o Miss Universo busca, eles estão tentando ser cada vez mais inclusivos. Agora eles estenderam limites de idade, mulheres podem participar sendo casadas, divorciadas, mães. Mas ainda falta um pouco disso, tirar esse padrão fixado”, comenta.

A Miss Sergipe conta que, por causa do seu corpo, recebeu à época do concurso centenas de mensagens com críticas. “Foi uma enxurrada de críticas que eu recebi. Mais de 100 mensagens por dia, isso só no meu direct, fora os posts e outros lugares - coisas dignas de processo judicial. Falando sobre o meu corpo, quadril, porque tenho perfil de brasileira mesmo.”

“Chegou num ponto que eu falei: ‘Meu Deus, eu tô ficando doente, as pessoas estão me colocando num lugar que eu me curei há muitos anos”, admitiu Gabriela, que ainda lida com a pressão estética ocorrida naquele período. Vale lembrar que, no passado, ela já sofreu com bulimia e depressão. “Foi uma dor muito grande durante muitos anos.”

“Estou repassando por esse processo de novo, que eu tenho valor para além do meu corpo, tenho valor pela minha inteligência, pelo meu caráter, pelo meu coração transformador, que eu amo. Sou aquela pessoa que quer ajudar todo mundo”, confessa. E, além disso tudo, Gabriela tem encontrado valor em sua beleza.

“Inúmeras vezes eu olhava para outras meninas que estavam participando comigo, modelos ou influenciadoras, enfim, pensava: ‘Meu Deus, eu nunca vou conseguir isso, ter esse corpo’. E toda vez que eu me olhava mais e comparava eu me colocava para baixo e ia anulando todas as coisas positivas que eu tinha consciência que eu tinha. Elas eram esquecidas e eu deixando pra trás.”

Além das críticas relacionadas ao seu corpo, Gabriela precisou lidar com as opiniões sobre ter aceitado representar Sergipe no concurso. “Muitas pessoas falaram que eu não deveria ter ido ou ir em um momento diferente, que eu estava errada de ir depois de perder o estadual, que era um desrespeito a coordenação estadual, a outras misses, mas aparentemente seguir meu sonho era um desrespeito com a metade das pessoas, então ele [pai] reforçou isso pra mim.”

Ela recorda o conselho do pai: “Eu sempre te falei pra nunca deixar ninguém te falar quais devem ou não ser sonhos.” Gabriela acrescenta: “Agora eu vou complementar: você também nunca deve deixar as pessoas ditarem quando ir atrás deles [...] Às vezes meu destino não era ganhar o Miss Brasil”, finaliza.

Aqui Cê Pod

Comandado pela apresentadora Érica Araújo, o Aqui Cê Pod é um videocast de entrevistas com influenciadores e famosos. Com todo o seu humor e carisma, Érica sempre busca provocar os convidados com perguntas pessoais e íntimas, fugindo totalmente do óbvio. Já que Aqui Cê Pode contar, fofocar e falar sobre tudo.

O videocast é exibido toda segunda-feira às 17h no Youtube da Itatiaia e em todas as plataformas de streaming.