A morte trágica do dentista dos famosos, Rafael Puglisi, 35 anos, após bater a cabeça ao cair de ponta na piscina de casa, em Barueri, na Grande São Paulo, na segunda-feira (18), levantou questionamentos importantes sobre os riscos de pular em piscinas, cachoeiras ou rios. O tenente do Corpo de Bombeiros, Thiago Campos, alerta sobre os perigos.
1 - Quais são os riscos de pular em uma piscina? Pular de ponta é recomendado?
Os principais riscos de se pular em uma piscina estão relacionados à ocorrência de traumas, seja o trauma raquimedular, seja o traumatismo cranioencefálico, sejam traumas de face relacionados muitas vezes a uma ruptura parcial ou completa da dentição. A gente recomenda que nunca se pule em uma piscina, principalmente se essa piscina for desconhecida. É importante relembrar que isso é válido para piscinas, cachoeiras e balneários de uma forma geral. Na piscina às vezes a gente tem uma sensação de segurança, porque está vendo o fundo, mas é válido ressaltar que a gente tem uma percepção distorcida da realidade. Quando a gente vê o fundo de uma piscina aquela não remete exatamente a profundidade real. A recomendação básica de segurança é sempre entre na água de pé e evite pulos de toda a espécie.
2- Tem alguma profundidade que não é recomendada fazer esse tipo de pulo?
Reforçamos que não há uma profundidade exata, a gente não tem como afirmar que 30 cm, 50 cm, 1,5 metro seja uma profundidade de segurança. A recomendação sempre é não pule. A gente sabe que a prática desportiva de natação prevê um salto de fora da piscina e que as piscinas preparadas para isso têm uma profundidade específica. Mas, como o público ao qual a gente está se referindo é de lazer cabe novamente a recomendação de não pular.
3- Quais os primeiros socorros que devem ser tomados em casos de acidentes ao pular em piscina?
Quanto aos primeiros socorros que devem ser tomados em caso de acidentes em uma piscina, vão variar bastante em função do trauma. Mas a gente pode resumir com os seguintes: tirar aquela pessoa do ambiente aquático o mais depressa possível, com mobilização de pescoço, de cervical, e de coluna de uma forma geral, partindo da premissa de que um impacto da cabeça ao fundo da piscina o maior dano pode ser que esteja na coluna. Então, garantir essa mobilização de pescoço e coluna, garantir a liberação de vias aéreas para que a pessoa continue a respirar. Depois, colocar essa vítima do lado de fora da piscina, de uma forma imobilizada o máximo que for possível e acionar o 193 ou 192.
5 - Os mesmos riscos existem para quem pula de ponta em cachoeiras, lagoas, rios?
Os riscos de se pular em uma piscina são severamente potencializados quando a gente fala de lagos, rios, cachoeiras e afins. Além do do risco óbvio que a gente tem ali, na piscina, de colidir com fundo, isso partindo do ponto que uma piscina tem água translúcida, quando a gente leva para esses outros ambientes, a gente já tem uma água que não permite enxergar o fundo. Além do mais, rios, cachoeiras, ou lagos têm o fundo alterado com uma determinada passagem do tempo. O fundo é móvel e tem a deposição de bancos de areia, tem remoções de pedras, ou seja, com a passagem de um dia, uma semana, não será mais seguro. Então, a gente reforça sempre que nesses locais que a gente não consegue visualizar o fundo, não se arrisquem. Lembra sempre o maior agente de segurança de cada indivíduo é ele mesmo. A cultura de prevenção deve ser a todo momento reforçada.
7 - Por que esse tipo de pulo pode levar à morte? Além do crânio, há outras áreas do corpo que podem ser severamente machucadas?
Quando a gente fala em pular em ambiente aquático, vamos pegar aqui piscina a título de exemplo, o principal risco de morte, se dá de fato a existência de um traumatismo cranioencefálico que eventualmente pode levar à morte. Mas, não obstante a essa situação mais extrema a gente pode sim ter danos na medula, pode ter traumas de face, de punho. Então, reforçamos que de fato pular em ambiente aquático não é uma prática segura, não é algo que deve ser feito a título de lazer e deve ser evitado por todos.