Está marcada para esta quinta-feira (27) a votação que escolhe o próximo membro da Academia Brasileira de Letras (ABL). Entre os candidatos à vaga está um antigo conhecido dos brasileiros: o cartunista Maurício de Sousa, de 87 anos.
A disputa pela cadeira número 8, antes ocupada por Cleonice Berardinelli (1916-2023), já começou controversa, suscitando o debate sobre o mérito dos gibis como literatura. A questão virou ainda mais polêmica quando um dos concorrentes do criador da Turma da Mônica, o jornalista James Akel, afirmou que “Maurício de Sousa não tem o que acrescentar à ABL, eu tenho”.
A candidatura do mais premiado cartunista brasileiro não é a favorita, mas ganhou espaço na mídia após a polêmica. Apesar de Sousa concorrer com pessoas mais próximas dos moldes tradicionais da ABL, como o filólogo Ricardo Cavalieri, não seria a primeira vez que um nome menos próximo da “literatura tradicional” leva a vaga. Recentemente, por exemplo, o músico Gilberto Gil, a atriz Fernanda Montenegro e o cineasta Cacá Diegues foram escolhidos.
Em entrevista a CNN, Sousa revelou, justamente, que não vislumbrava a possibilidade de se candidatar até ver a presença na casa de nomes “alternativos”. “Durante muito tempo, eu não pensava nisso, não. Mas daí eu comecei a perceber que estavam aceitando não só escritores, mas pessoas que vieram da música, como o Gilberto Gil. Ou a Fernanda Montenegro, que veio com tudo do teatro. Eu vi a abertura de que poderia chegar até lá”, conta.
O escritor Paulo Coelho, cadeira 21 da ABL, saiu em defesa do cartunista. “Caso Mauricio de Sousa resolva levar até o final sua candidatura para a ABL, ele pode ter certeza do meu voto. Não hesite Mauricio!”, escreveu no Twitter.
Maurício de Sousa, que já é membro da Academia Paulista de Letras, lançou os primeiros personagens da turma queridinha das crianças em 1960 (o primeiro, aliás, foi o Cebolinha, não a Mônica). Desde então, a marca se expandiu para além dos gibis, para filmes, produtos e até parque temático.