Pare em qualquer lanchonete ou restaurante de beira de estrada que se deparará com esses dois. Não apenas um, porque assim não existiriam, mas o casal. Os sabiás do sertão resistem aos tempos tecnológicos graças ao bom grado de caminhoneiros, sertanejos, carpinteiros, advogados, biólogos, gente que não se cansa de ouvir: Cascatinha & Inhana.
Mas donde vieram dois passarinhos de espécie tão rara e onde foram dar? Francisco molhava-se na cachoeira pequena, em Garça, interior de São Paulo, conhecida justamente como “cascatinha”. Portanto, nada a ver com mentiras contadas aos amigos durante a infância, embora seja razoável pensar que estas acontecessem para tirar vantagem junto aos demais.
Ana Eufrosina, natural de Araras, também de São Paulo, sempre foi moça de respeito, bons modos e cortesia, e a expressão ‘Inhá’ era designada para se tratar dessa forma as mulheres. Logo, a junção culminou no nome artístico da cantora que completaria a dupla caipira mais famosa do país.
Inicialmente um trio, completado por Chopp, não a bebida, mas o cantor, formaram o Trio Esmeralda. Após vários prêmios nas apresentações em programas de rádio da época, como o de César Ladeira, Manoel Barcelos, e Papel Carbono, na grande Rádio Nacional, seguiram para o estrelato. Há separações que, embora muito doídas, guardam recompensas aos que aguentam firme os barrancos e continuam.
Já como dupla, cantaram “Índia”, “Meu Primeiro Amor”, “La Paloma”, “Fronteiriça”, “Colcha de Retalhos”, “Mulher Rendeira”, e muitos, muitos, muitos outros estouros em nível nacional. Guarânias, do Paraguai, e ritmos tipicamente brasileiros formaram o extenso repertório popular de Cascatinha & Inhana. Tanto que as músicas que a indumentária de suas vozes apregoou por aí e acolá acabou regravada por nomes da tarimba de Gal Costa e Maria Bethânia, dentre outros.
Ela, mulher de trança e chita no cabelo, a cabocla Inhana. Ele, homem de grave firme e peixeira a abrasar qualquer dor de cotovelo, o compadre Cascatinha. Soluçaram e fazem as alegrias e consolos de um povo meio esquecido, meio lembrado ao relento.