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Presidente do Sport blinda Enderson de críticas e diz: ‘Por mim, é o técnico até 2024'

Yuri Romão reforçou aposta e confiança no treinador no momento em que o Sport atravessa maior oscilação na Série B do Campeonato Brasileiro

Presidente do Sport, Yuri Romão, ao lado do técnico Enderson Moreira

O presidente do Sport, Yuri Romão, dobrou a aposta no técnico Enderson Moreira. No momento em que a equipe rubro-negra atravessa a sua fase mais delicada, de maior queda de rendimento na Série B do Campeonato Brasileiro, o mandatário reconheceu o momento de oscilação, mas blindou o comandante das críticas oriundas da torcida e de parte da imprensa. E foi além: também levou a público a intenção de renovar o contrato com o profissional para a temporada 2024.

Yuri Romão falou com a Itatiaia por telefone, de São Paulo, onde representa o clube numa reunião com a Liga Forte Futebol (LFF). “Por mim, Enderson Moreira é o técnico até o ano que vem, pode escrever: pelo presidente, é o técnico até 2024. Veja o Abel Ferreira no Palmeiras”, afirmou o presidente rubro-negro, ligando o sucesso do Verdão à longevidade do treinador no cargo.

Enderson Moreira é o trinador do Sport desde o início da temporada. Atualmente, o Leão é o vice-líder da Série B, com 59 pontos. O clube está no G4 da competição de maneira ininterrupta desde a 19ª rodada. Entretanto, as críticas a Enderson Moreira têm se repetido nas últimas semanas devido à queda de rendimento na competição.

O ápice das críticas veio na última sexta-feira (27), quando o Sport foi superado, no Castelão, pelo Ceará, que não tem mais pretensões na competição. O revés colocou fim a uma sequência de oito jogos de invencibilidade, com três vitórias e cinco empates, que davam uma sustentação mais palpável ao trabalho do técnico. Yuri Romão admitiu que o time passa por um momento ruim, mas rejeitou a intensidade das críticas.

“Acho que é desmedida a pressão que ora é feita em cima da nossa equipe. O Sport, posso estar equivocado, mas depois que cumprimos os dois jogos contra o CRB e o Vila Nova, atrasados, entramos no G4 e permanecemos nele desde então [na verdade, a equipe saiu brevemente, na 18ª rodada, após perder para o Vitória, mas voltou na rodada seguinte e permanece desde então]. É uma competição difícil, muito corrida, pegada, haja vista o final com os times embolados na pontuação”, declarou.

“Não vejo por que a gente querer tirar o técnico. A cultura que a imprensa, e aí não estou me referindo a de Pernambuco, mas do Brasil, em querer demitir técnico, com seis, sete, oito jogos, começam a cobrar a saída do treinador. Isso, logicamente, inflama a torcida. No caso da do Sport é uma torcida grande e exigente, que está há muito tempo ansiosa por bons resultados, principalmente o retorno à elite do futebol brasileiro. Imagino que a pressão está sendo maior por isso”, acrescentou.

A pressão tem se agravado, mais especificamente pela sequência de resultados abaixo da expectativa. A equipe rubro-negra, por exemplo, venceu apenas esses três jogos nas últimas 12 rodadas. Os três triunfos vieram justamente contra equipes que ocupam a zona de rebaixamento: o ABC (já rebaixado), o Londrina e a Chapecoense.

Em meio a esta sequência, o treinador rubro-negro chegou a entregar o cargo após o jogo contra o Criciúma, na 27ª rodada, quando o Leão sofreu um gol de empate no último minuto de jogo, na Ilha do Retiro. Na ocasião, a direção conseguiu contornar a situação.

Outro ponto que tem pesado contra o Sport é a defesa. Diante do Vozão, o setor sofreu, pela 13ª vez, um gol antes dos 15 minutos nesta Segundona, repetindo um problema crônico de desatenção no início do jogo. A falha tem se intensificado nas últimas rodadas: dos seis últimos jogos, o time sofreu desse problema em cinco (o único que escapou foi o jogo contra o lanterna ABC). A sequência, todavia, não abala a confiança do departamento de futebol no treinador.

“Em relação à confiança, já milito no Sport há muitos anos e posso dizer que, como profissional, pessoa, gente, desconheço qualquer profissional ou técnico que seja melhor do que Enderson. É um bom treinador, tem a confiança do elenco, jogadores próximos a ele, extremamente correto com o clube, atletas, com toda a direção. Querer culpar só o técnico por uma queda de rendimento acho que não é justo nem com ele, nem com a comissão técnica”, disse o presidente.

“Não estou no dia a dia [dos treinos], mas acompanho. Faço questão de acompanhar, por exemplo, as palestras antes dos jogos. Muitos dos gols que sofremos são alertados: ‘em determinadas jogadas não vamos deixar que aconteça, é uma jogada forte do adversário’, e chega em campo e o nosso elenco por algum motivo não consegue fazer o que foi solicitado e levamos alguns gols de maneira até infantil, eu diria”, avaliou Romão.

“Cultura de procurar culpados”

Diante do Ceará, no último jogo, o Sport voltou a apresentar problemas: falta de variação tática, falhas defensivas e, o pior, um futebol que, no todo, é apático e pouco produtivo. Questionado se existe uma cobrança ao treinador para que a equipe evolua, Yuri Romão afirmou que sim. Porém, o mandatário lamentou o que chamou de “cultura de procurar culpados” no futebol brasileiro.

“Isso está errado [de apontar o dedo a um culpado]. Por que a gente sempre tem que estar procurando um culpado? Esta cultura de procurar culpado está equivocada por parte da imprensa, da torcida, das mídias alternativas. Está errado. O trabalho está sendo feito. A equipe oscilou? Oscilou. Em nenhum momento, nem Enderson, nem o presidente, nem o vice-presidente ou executivo de futebol dissemos que não oscilou. Desconheço”, afirmou.

"Óbvio, é lógico, todo mundo quer melhorar. Houve dano? Houve. Perdemos um atleta [Luciano Juba] que nos deixou no meio do caminho e nos deixou uma lacuna; perdemos um lateral-esquerdo [Igor Cariús] que tinha uma das principais jogadas que tínhamos; alguns atletas que se machucaram e quando voltaram, não estava no mesmo nível; e algumas infelicidades. (...). A gente precisa acabar com essa cultura de estar sempre procurando um culpado. Culpado seria se [Enderson] tivesse largado o elenco, deixado de trabalhar, aí concordaria, mas não é o caso”, concluiu.

Apesar de todo o cenário com contornos negativos, o Leão segue no G4 da Série B e tem, por exemplo, o melhor ataque da competição, com 54 gols. Internamente, conforme atestou o presidente do clube, existe uma relação de cumplicidade entre treinador, elenco e direção. Estariam fechados.

O Sport terá pela frente, até fim da Série B, jogos contra o Mirassol (fora), Atlético-GO (casa), Vitória (fora) e Sampaio Corrêa (casa).

Jornalista, natural do Recife, é atualmente correspondente do portal Itatiaia Esporte na região Nordeste. Com mais de uma década de experiência no jornalismo esportivo, tem passagens pela Folha de Pernambuco, Diario de Pernambuco, Superesportes e NE45. Em Portugal, trabalhou por O Jogo e Sport Magazine.