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À Itatiaia, Kobra explicou o conceito do mural. “Ele tem uma conexão com todas as outras obras que eu já venho fazendo pelo mundo. Todos os trabalhos são interligados e a mensagem do meu trabalho é paz, tolerância, respeito, união dos povos, conscientização sobre racismo, povos indígenas”, explica.
Conforme Kobra, a obra é em homenagem aos trabalhadores belo-horizontinos. “No caso desse mural aqui, eu fiz uma homenagem, vamos dizer assim, para as pessoas comuns, para os transeuntes, para os trabalhadores de Belo Horizonte, para as pessoas que acordam cedo todo dia, pegam um ônibus lotado, mas são justamente essas pessoas que fazem de Belo Horizonte uma das cidades mais importantes do Brasil. E esse mural é dedicado a elas”, diz.
É impossível passar pelo local e não olhar para a empena, que, além de cores, carrega rostos de pessoas do “dia a dia”, como o próprio artista define. Professora de arte e artista plástica, Maria Inês Starling é uma das pessoas que vieram conhecer a obra. “Trabalho com adolescentes e a gente trabalha com grafite. O Kobra é uma das nossas referências para estudo. Então ver de perto é de se admirar mesmo. É uma obra de arte a céu aberto. Privilégio nosso termos essa oportunidade. Belo Horizonte já está sendo considerado uma referência de grandes murais. Então trazer a obra de Kobra junto com outros artistas é fenomenal”, disse.
Após subir no andaime e assinar a obra, Kobra foi ovacionado pelo público, que veio conhecê-lo pessoalmente e apreciar as novas cores que a cidade ganhou. “Olha é espetacular. Além de conhecer outras cidades e outros países, que são portas que a arte abriram, ainda poder receber com entusiasmo as pessoas, esse carinho… Eu acho isso impressionante, né? Faz cada segundo lá em cima do andaime, valer a pena”, conta.
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Mural tem 53 metros
O mural tem 53 metros de altura e 18 de comprimento. Para o trabalho, Kobra revelou que foram gastas 200 latas de spray, 50 galões de tinta e diversos materiais, como compressor, pistola, estêncil e rolinho. “É uma empena de quase 1.000 metros quadrados”, comentou.
Apesar da rapidez em executar a obra, o artista explicou que a criação da arte demorou cerca de seis meses para ficar pronta. “Eu costumo fazer uma imersão e procurar minhas conexões em todo trabalho que faço”, acrescenta.
“Eu tô muito entusiasmado. É uma oportunidade única. É um trabalho muito especial. Todos os trabalhos que faço me dedico integralmente. O mesmo entusiasmo que faço em uma comunidade, faço em uma área nobre. É especial porque é a primeira vez que faço uma empena em BH”, afirma o artista que tem mais de 500 murais assinados no mundo.
Além dele, o coletivo feminino “Minas de Minas” - composto pelas artistas Carol Jaued, Musa, Nica e Lídia Viver - também terá uma parede como tela. Elas são responsáveis, inclusive, por várias artes na capital, dentre elas, a da Elza Soares, que fica perto da estação Central. O mural delas terá 800 metros de empena, será iniciado na próxima segunda (14) e finalizado em 28 do mesmo mês.